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Crítica – As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian

Quando temos ciência de que uma trilogia ou uma saga cinematográfica terá o seu início, pensamos imediatamente que o episódio de abertura da mesma será o melhor de todos, sendo que o nível da mesma irá cair com os seus episódios posteriores que, geralmente, não conseguem manter a qualidade do original. Foi assim com a trilogia “O Poderoso Chefão” e a saga “Rocky” (e, sinceramente, nunca vi tanta queda de qualidade de um filme para o outro, quanto do ridículo quarto episódio da saga “Rocky” para o primeiro, que é praticamente perfeito), apenas para citar dois exemplos. Contudo, vez ou outra surgem algumas sagas que contrariam a regra, como é o caso deste “As Crônicas de Nárnia”. Se o episódio de abertura da mesma é simplesmente o pior filme de fantasia que já tive o desprazer de assistir, este segundo episódio é, por mais inacreditável que possa parecer, um ótimo representante do gênero. E agora pasmem com a minha afirmação, o longa não só é ótimo, como também é o melhor blockbuster do ano até o momento e, me apedrejem se assim almejarem, um dos melhores da década, como poderão conferir na análise logo mais abaixo.

Ficha Técnica:
Título Original: The Chronicles of Narnia: Prince Caspian
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 147 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2008
Site Oficial: www.disney.com.br/cinema/narnia2
Estúdio: Walt Disney Pictures / Walden Media / Ozumi Films / Silverbell Films / Stillking Films
Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures / Buena Vista International
Direção: Andrew Adamson
Roteiro: Christopher Markus, Andrew Adamson e Stephen McFeely, baseado em livros de C.S. Lewis
Produção: Andrew Adamson, Mark Johnson e Philip Steuer
Música: Harry Gregson-Williams
Fotografia: Karl Walter Lindenlaub
Desenho de Produção: Roger Ford
Direção de Arte: David Allday, Matthew Gray, Klara Holubova, Jules Cook, Stuart Kearns, Jill Cormack, Elaine Kusmishko, Charles Leatherland, Phil Simms, Jirí Sternwald, Frank Walsh e Jason Knox-Johnston
Figurino: Isis Mussenden
Edição: Sim Evan-Jones
Efeitos Especiais: Weta Digital / Baseblack / Escape Studios / Moving Picture Company / Framestore CFC / Giant Studios / Rising Sun Pictures / ScanlineVFX
Elenco:
William Moseley (Peter Pevensie), Ben Barnes (Príncipe Caspian), Skandar Keynes (Edmund Pevensie), Anna Popplewell (Susan Pevensie), Georgie Henley (Lucy Pevensie), Sergio Castellitto (Rei Miraz), Peter Dinklage (Trumpkin), Warwick Davis (Nikabrik), Vincent Grass (Dr. Cornelius), Pierfrancesco Favino (General Glozelle), Cornell John (Glenstorm), Damián Alcázar (Lorde Sopespian), Alicia Borrachero (Rainha Prunaprismia), Simón Andreu (Lorde Schythley), Predrag Bjelac (Lorde Donnon), David Bowles (Lorde Gregoire), Juan Diego Montoya Garcia (Lorde Montoya), Klára Issová (Hag), Tilda Swinton (Feiticeira Branca) e Liam Neeson (Aslan – voz).

Sinopse: Um ano depois os irmãos Lucy (Georgie Henley), Edmund (Skandar Keynes), Susan (Anna Popplewell) e Peter (William Moseley) retornam ao mundo de Nárnia, onde já se passaram 1300 anos desde sua última visita. Durante sua ausência Nárnia foi conquistada pelo rei Miraz (Sergio Castellitto), que governa o local sem misericórdia. Os irmãos Pevensie então conhecem Caspian (Ben Barnes), o príncipe de direito de Nárnia, que precisa se refugiar por ser procurado por Miraz, seu tio. Decididos a destronar Miraz, o grupo reúne os narnianos restantes para combatê-lo.

The Chronicles of Narnia: Prince Caspian – Trailer

Crítica:

Sinceramente, creio que não há como não notarmos as evoluções artísticas e técnicas deste segundo episódio da saga “As Crônicas de Nárnia” sobre o primeiro. Se o filme original era patético, ridículo, enfadonho, cansativo, desprovido de emoção e irritante, este segundo episódio surpreende e se mostra infinitamente superior àquela ofensa à Sétima Arte realizada em 2005.

Diferentemente do primeiro episódio, este “Príncipe Caspian” (que será chamado por mim desta forma de agora em diante) conta com um roteiro competente que, apesar de conter suas falhas (conforme citarei mais abaixo), nos apresenta a uma estória interessante e bem desenvolvida, tal como seus personagens, além de conferir seqüências de aventura que realmente se mostram capazes de criar tensão no espectador (ao contrário do primeiro que, em momento algum se releva capaz de fazer isso).

Mas não foi apenas o roteiro de “Príncipe Caspian” que apresentou uma visível e relevante melhora, vários outros aspectos, tanto os técnicos quanto os artísticos, se mostraram infinitamente superiores, como é o caso das atuações, por exemplo. Sim, por mais incrível que isso aparente ser, os atores (todos eles, sejam os integrantes do elenco mirim ou não) nos brindam (sem aspas, desta vez) com atuações satisfatórias, inclusive Georgie Henley e Skandar Keynes (atores que eu havia criticado ferrenhamente no episódio anterior). É surpreendente vermos como o segundo evoluiu durante estes três últimos anos, Keynes amadureceu tanto que realiza aqui uma das melhores atuações do filme. Henley, apesar de não realizar uma atuação tão satisfatória quanto os demais atores (há algumas cenas em que ela continua sendo irritante e canastrona como antes, diga-se) não atrapalha tanto quanto atrapalhava no longa original. Parte disto deve-se ao roteiro que, diferentemente de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, retirou da personagem Lucy a responsabilidade de ser a protagonista da estória, conferindo esta a Peter. E já que mencionei o nome de Peter Pevensie devo dizer que a atuação de William Moseley é, de longe, uma das maiores qualidades do longa. O jovem ator chama para si a responsabilidade de protagonista do filme e cumpre tal função de maneira mais do que satisfatória.

Contudo, a maior evolução deste “Príncipe Caspian” fica por conta da (pasmem!) direção do mesmo. Sim, isso mesmo, não estou sob o efeito de alucinógenos ou coisa do tipo, a mesmíssima direção de Andrew Adamson que, ao menos para mim, era um dos maiores defeitos de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” se revela (em uma das maiores ironias de minha vida como cinéfilo) uma das grandes qualidades deste “Príncipe Caspian”. Desta vez, Adamson parece ter aprendido a lição de que não adianta absolutamente nada criarmos batalhas épicas se não soubermos dirigi-las com dignidade. Se as batalhas deste segundo episódio da saga já seriam fantásticas por si só, Adamson as torna ainda mais magistrais com a sua direção ágil, dinâmica e eficiente.

Infelizmente, nem tudo são rosas em “Príncipe Caspian”. O mesmo roteiro que nos apresenta a uma estória interessante e a desenvolve bem, peca gravemente durante o primeiro ato, quando as crianças retornam a Nárnia. Durante os quarenta primeiros minutos de projeção temos a mesma sensação que tivemos ao conferir os quarenta primeiros minutos do longa anterior: a de que estamos sendo enrolados. Felizmente tal sensação some completamente com o desenrolar da obra cinematográfica.

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

Crítica – As Crônicas de Nárnia – o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas

Desde que me dou por gente sou fã incondicional de tudo o que tenha uma forte dose de fantasia em seu contexto. Para se ter uma idéia, “Caverna do Dragão” era o meu desenho predileto quando criança. Quando fiquei sabendo que este “As Crônicas de Nárnia” havia sido o maior inspirador de “Caverna do Dragão” e que eu nem ao menos havia lido o livro de C.S. Lewis ainda, decidi que precisava fazê-lo urgentemente. Mas de onde eu tiraria tempo para fazê-lo? Foi aí que me dei conta de que a única solução seria apelar para o filme e tentar ignorar as diversas críticas negativas tecidas contra o mesmo. O resultado, como já era de se esperar, foi extremamente negativo e o longa de Andrew Adamson se revelou uma péssima experiência conforme o leitor poderá constatar mais abaixo na crítica do filme.

Ficha Técnica:
Título Original: The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 140 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
2005
Site Oficial:
www.disney.com.br/cinema/narnia
Estúdio: Walt Disney Pictures / Walden Media / Lamp Post Productions Ltd.
Distribuição: Walt Disney Pictures / Buena Vista International
Direção: Andrew Adamson
Roteiro: Ann Peacock, Andrew Adamson, Christopher Markus e Stephen McFeely, baseado em livro de C.S. Lewis
Produção: Mark Johnson
Música: Harry Gregson-Williams
Fotografia: Donald McAlpine
Desenho de Produção: Roger Ford
Direção de Arte: Jules Cook, Ian Gracie, Karen Murphy e Jeffrey Thorp
Figurino: Isis Mussenden
Edição: Sim Evan-Jones e Jim May
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic / Rhythm & Hues / Weta Workshop Ltd. / Sony Pictures Imageworks / K.N.B. EFX Group Inc.
Elenco: Georgie Henley (Lúcia Pevensie), William Moseley (Pedro Pevensie), Skandar Keynes (Edmundo Pevensie), Anna Popplewell (Susana Pevensie), Tilda Swinton (Jadis, a Feiticeira Branca), James McAvoy (Sr. Tumnus), Shane Rangi (Centauro), Patrick Kake (Oreius), Ray Winstone (Sr. Castor – voz), Dawn French (Sra. Castor – voz), Liam Neeson (Aslan – voz), Elizabeth Hawthorne (Sra. Macready), Kiran Shah (Ginarrbrik), Rupert Everett (Raposa – voz), James Cosmo (Papai Noel), Judy McIntosh (Sra. Pevensie), Jim Broadbent (Prof. Digory Kirke), Stephen Ure (Satyr), Michael Madsen (Maugrim) e Sophie Winkleman (Susan Pevensie – adulta).

Sinopse: Lúcia (Georgie Henley), Susana (Anna Popplewell), Edmundo (Skandar Keynes) e Pedro (William Moseley) são quatro irmãos que vivem na Inglaterra, em plena 2ª Guerra Mundial. Eles vivem na propriedade rural de um professor misterioso, onde costumam brincar de esconde-esconde. Em uma de suas brincadeiras eles descobrem um guarda-roupa mágico, que leva quem o atravessa ao mundo mágico de Nárnia. Este novo mundo é habitado por seres estranhos, como centauros e gigantes, que já foi pacífico mas hoje vive sob a maldição da Feiticeira Branca, Jadis (Tilda Swinton), que fez com que o local sempre estivesse em um pesado inverno. Sob a orientação do leão Aslam, que governa Nárnia, as crianças decidem ajudar na luta para libertar este mundo do domínio de Jadis.

The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe – Trailer

Crítica:

Responda rápido: qual o pior defeito que um filme feito com o único intuito de divertir o público pode conter? Não conseguir divertir o público, correto? Exato, mas o que levaria um filme a não conseguir divertir o seu público alvo? São vários os motivos, o filme pode ser cansativo, pode ser longo demais, pode ser irritante, pode ser desprovido de emoção e pode, simplesmente, ser chato. Este “As Crônicas de Nárnia – o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas” conseguiu a façanha de conter todos os defeitos citados acima e mais, possui quase todos os defeitos que um reles filme pode possuir.

Comecemos pelo primeiro ato do longa que, por si só, já conta com defeitos imperdoáveis. Os 40 primeiros minutos de película custam, e muito, a passar e o que é pior, quando terminam, chegamos à óbvia conclusão de que fomos enrolados pelo diretor durante todo este tempo. O bem da verdade é que o primeiro ato deste “As Crônicas de Nárnia – o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas” (que a partir de agora será chamado por mim apenas de “As Crônicas de Nárnia”) poderia facilmente ser reduzido a 10 minutos de projeção, fato que o tornaria muito mais dinâmico, além de possibilitar com que o roteiro desenvolvesse seus personagens e a relação entre estes de maneira bem mais proveitosa durante o desenrolar da película.

E falando em desenvolvimento de personagens, fazia tempo que eu não via um roteiro demonstrar tão pouco cuidado com esta que é uma das características principais (isso para não dizer que é “a” característica principal) de um filme. Para se ter uma idéia, os protagonistas da estória praticamente não possuem características próprias e para que se possa distinguir um personagem do outro só nos resta como ponto de partida o nome, o sexo, e as demais características físicas, tais como altura e cor de cabelo, dos mesmos.

As atuações também são pavorosas em sua maioria, principalmente quando vêm de Georgie Henley (que aqui interpreta Lucy Pevensie) e Skandar Keynes (Edmund Pevensie). Ambos os atores “brindam” (dêem atenção às aspas) o público com cenas sofríveis, dentre as quais destaco a que Keynes tenta demonstrar dor e medo ao ver um de seus amigos sendo petrificados (repare o quão ridícula é a hora em que ele, com toda a sua inexpressividade, solta um “Nooooo”) e a cena em que Lucy avista de longe um outro amigo seu que também fôra petrificado. Enquanto a garota percorre o caminho até chegar à estátua temos a sensação de que a mesma está rindo e, de repente, a mesma começa a chorar. Esta talvez tenha sido a mudança de humor mais ridícula da história do Cinema.

E quanto ao diretor Andrew Adamson? Já não bastasse a sua visível incompetência ao conduzir o elenco (sobretudo o elenco infantil, que como já fôra dito, extrapola os limites da mediocridade e da falta de carisma e de expressividade), Adamson não realiza um único movimento de câmera satisfatório no filme. Francamente, creio que até mesmo os irmãos Lumière, com toda a falta de tecnologia que havia na época, seriam capazes de realizar movimentos com a câmera de maneira mais satisfatória que Adamson realiza nesta porcaria que se atreveram a chamar de filme.

Salva-se apenas em alguns aspectos técnicos, principalmente a fotografia, mas peca gravemente pelo roteiro raso, pobre, fútil, enfadonho e desprovido de emoção.

Avaliação Final: 1,0 na escala de 10,0.