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Kung Fu Panda – ** de *****

novembro 27, 2008 Deixe um comentário
Ironicamente, na pré-crítica do fantástico “Wall-E”, havia comentado o quão enfadonha se tornaram as animações atuais em virtude à falta de criatividade que compunha os seus roteiros. Ao invés de uma estória bem desenvolvida vinda a partir de um argumento bem escrito, os produtores pareciam dar mais crédito à parte gráfica da obra, que sim, se mostrava perfeita em sua maioria. Agora, assistindo a este “Kung Fu Panda”, pude testemunhar mais uma vez a mesmíssima coisa: roteiro fraco, qualidade gráfica perfeita, conforme o leitor poderá constatar mais abaixo.

Ficha Técnica:
Título Original: Kung Fu Panda.
Gênero: Animação.
Tempo de Duração: 92 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 2008.
Estúdio: DreamWorks Animation / Pacific Data Images.
Distribuição: DreamWorks Animation / Paramount Pictures / UIP.
Direção: Mark Osborne e John Stevenson.
Roteiro: Jonathan Aibel e Glenn Berger, baseado em estória de Ethan Reiff e Cyrus Voris.
Produção: Melissa Cobb.
Música: John Powell e Hans Zimmer.
Fotografia: Yong Duk Jhun.
Desenho de Produção: Raymond Zibach.
Direção de Arte: Tang Kheng Heng.
Edição: Clare Du Chenu.
Efeitos Especiais: PDI DreamWorks.
Elenco (Vozes): Jack Black (Po), Dustin Hoffman (Shifu), Angelina Jolie (Tigresa), Ian McShane (Tai Lung), Jackie Chan (Macaco), Seth Rogen (Louva-deus), Lucy Liu (Víbora), David Cross (Garça), Randall Duk Kim (Oogway), James Hong (Sr. Ping), Dan Fogler (Zeng), Michael Clarke Duncan (Comandante Vachir), Wayne Knight (Chefe da gangue), JR Reed (JR Shaw) e Kyle Grass (KG Shaw).

Sinopse: Po (Jack Black) é um urso panda desengonçado cujo maior sonho é tornar-se um grande lutador de kung fu. Entretanto, além da falta de habilidade que possui para a prática de qualquer atividade física, o urso não deseja magoar o pai, que decidiu lhe atribuir o destino de administrar o restaurante de massas, que pertence à sua família há gerações. Porém, Po não contava que havia algo além do futuro que o seu pai havia destinado a ele e, inesperadamente, é eleito “O Guerreiro do Dragão” por um grande mestre do kung fu. Agora, cabe somente a ele defender o Vale da Paz da cólera do vingativo leopardo da neve Tai Lung (Ian McShane).

Kung Fu Panda – Trailer:

Crítica:

“Kung Fu Panda” é um longa que começa muito bem. A princípio, adentramos o sonho do protagonista, logo em seguida nos é revelado que o maior desejo deste é ser um grande lutador de kung fu. É durante tal sonho que o roteiro insere aquela que talvez seja a piada mais interessante do longa. Trata-se da seqüência em que, após ser provocado, o protagonista se mantém inerte, saciando a sua refeição com toda a naturalidade do mundo. O leitor me pergunta: “___ Oras, mas onde está a graça nisso?”, “___ Nos dizeres sarcásticos da narrativa em off.” ___ Respondo eu (não vou citar os dizeres do narrador sob pena de estragar a piada, caso alguma pessoa que esteja lendo esta crítica no momento ainda não tenha tido a dúbia oportunidade de conferir o filme em questão). Infelizmente tal narrativa some. Pois é, logo ela que aparentava ser uma das grandes qualidades do filme, simplesmente desaparece e, com isso, dá espaço a uma animação nada engraçada, muito menos original.

Não que o longa não consiga propiciar ao leitor alguns sorrisos (todos sem dentes, diga-se) fora este que comentei no parágrafo acima (uma outra cena que me divertiu bastante foi a em que o pai do Panda nos é apresentado. Reparem na hilária bizarrice que é constatar que o pai de um urso panda é uma… bem, melhor deixar para lá, não quero estragar surpresas, e falo sério), mas a verdade é que ele se mostra pouco capaz de ir além disso.

O filme vai se desenvolvendo (será?) e as piadinhas e gags que se mostravam originalmente engraçadas e dinâmicas em seu intróito, dão espaço a um humor previsível, nada original e, o que é pior, sem graça. Todo o humor do filme passa a ser alicerçado nas condições físicas de Po (protagonista do filme), que é obeso. Logo, o filme torna-se altamente previsível, pois sabemos exatamente que, apenas para citar um exemplo, ao tentar se exercitar em um aparelho de ginástica deveras pequeno comparado ao tamanho de Po, o panda certamente ficará entalado no mesmo. E o que dizer então das seqüências patéticas onde ele tenta adentrar o Palácio de Jade, local onde irá ocorrer a eleição do Guerreiro do Dragão? Lastimável, um humor repleto de gags batidas e nada engraçadas.

Não bastasse isso, o roteiro ainda conta com mudanças de caráter artificiais em quase todos os seus personagens, sobretudo Shifu (explorado sob a estereotipada imagem do “professor” severo e frustrado). Se durante metade do filme Shifu move montanhas a fim de tirar Po de seu caminho, basta a saída brusca, repentina e artificial de um importante personagem da estória e algumas poucas palavras para fazer o rigoroso mestre mudar completamente a sua opinião sobre o panda desajeitado.

E se as piadas, as reviravoltas do roteiro e as bruscas mudanças de caráter de certos personagens se mostram altamente artificiais, a caracterização de Po não fica muito atrás. Além de seguir o estereotipo do sujeito desajeitado e frustrado por não conseguir realizar o grande sonho de sua vida (ser um grande lutador de kung fu), o panda é uma criatura exacerbadamente irritante (e a voz insuportável que Jack Black empregou para o compor, torna-o ainda mais irritante). É incrível notarmos como o mesmo grita a todo instante, muito me fez lembrar dos protagonistas do fraco “Madagascar” (falando nisso, será que algumas animações da Dreamworks relacionam o grau de entretenimento de seus filmes com o grau de histeria de seus personagens?).

Mas nem tudo em “Kung Fu Panda” são espinhos. Não, muito pelo contrário, o filme conta com diversas e importantes qualidades. Além da parte gráfica ser praticamente perfeita (nada que se compare a um “Wall-E”, mas tudo bem), a direção de Mark Osborne e John Stevenson é ótima, principalmente no que diz respeito à movimentação de câmeras. É, no mínimo, fascinante vermos o cuidado que ambos os diretores possuem com a criação de ângulos perfeitos e à maneira como ambos filmam as seqüências de ação, dando muito ritmo às mesmas.

Até mesmo o roteiro, que julgo como sendo o pior defeito do filme, possui qualidades que colaboram muito para a avaliação final da animação. Refiro-me às sub-estórias contidas no mesmo, sobretudo, as que explicam as pequenas lendas deste, algo que dá muito mais credibilidade à estória.

No geral, “Kung Fu Panda” é um filme nada original, sem graça, irritante, artificial, previsível, histérico e que conta com uma lição de moral explorada pelo roteiro da maneira mais clichê o possível. Aspectos como a direção, a alta qualidade de sua parte gráfica, as pequenas estórias muito bem desenvolvidas pelo roteiro, as cenas de luta e as pouquíssimas gags e/ou piadas que realmente funcionam fazem com que o filme ganhe muita credibilidade, mas não há como negar que este conta com muito mais erros do que acertos.

Avaliação Final: 4,5 na escala de 10,0.

Filmes assistidos em Julho

Já que não estou mais possibilitado de postar críticas no Cine-Phylum, conforme explicado no post anterior, optei por realizar, a princípio, mensalmente e com o passar do tempo semanalmente, a postagem de nano-críticas neste. Começarei pelos filmes que assisti no mês de Julho (salvo “Wall-E”, “Yojimbo” e “Hancock” cujas críticas completas já se encontram postadas abaixo). Logo em seguida, postarei os longas que assisti na primeira quinzena deste mês de agosto e posteriormente, passarei a realizar uma publicação semanal aqui.

Comecemos por julho então:

1 – O Escafandro e a Borboleta (2007). Nota: 9,0.

Julian Schnabel realiza neste “O Escafandro e a Borboleta”, uma obra-prima deveras sensorial, capaz de captar com maestria os sentimentos de solidão, angústia, vazio, depressão e medo de um homem que, após sofrer um fortíssimo derrame cerebral, se depara com os movimentos do corpo todos paralisados, salvo os movimentos de seu olho esquerdo, que possibilitam com que este possa se comunicar com as demais pessoas apenas “piscando letras do alfabeto”. Em outras palavras, Schnabel cria aqui uma verdadeira obra-de-arte.

Clique aqui para ver a crítica completa no Papo Cinema

2 – Batman Begins (2005). Nota: 7,0.

O cuidado que “Batman Begins” teve ao desenvolver os seus personagens (salvo quando o mesmo apela aos estereotipos previamente citados) e, principalmente, a sua estória, não teve ao entreter e cativar o seu público alvo. E levando-se em conta que o filme de Nolan é uma assumida sessão-pipoca, o simples fato de não se revelar capaz de empolgar o espectador pode ser encarado como um crime inafiançável, ou um pecado mortal.

Clique aqui para ver a crítica completa no Papo Cinema

3 – Meu Nome Não é Jhonny (2008). Nota: 7,3.

Meu Nome Não é Jhonny” é um filme muito bom, mas que nos dá a sensação de estarmos assistindo a dois filmes de uma única vez. O primeiro filme narra de maneira muito convincente a escalada de um marginal no submundo do narcotráfico, ao passo que o segundo decide retratar a maneira como tal marginal chega ao fundo do poço. O problema é que tal demonstração soa excessivamente moralista, piegas e melodramática, fazendo com que a obra rume a um final previsível e deveras formulaico.

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4 – Kung Fu Panda (2008). Nota: 4,5.


No geral, “Kung Fu Panda” é um filme nada original, sem graça, irritante, artificial, previsível, histérico e que conta com uma lição de moral explorada pelo roteiro da maneira mais clichê o possível. Aspectos como a direção, a alta qualidade de sua parte gráfica, as pequenas estórias muito bem desenvolvidas pelo roteiro, as cenas de luta e as pouquíssimas gags e/ou piadas que realmente funcionam fazem com que o filme ganhe muita credibilidade, mas não há como negar que este conta com muito mais erros do que acertos.

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5 – O Cavaleiro das Trevas (2008). Nota: 10,0.

O Cavaleiro das Trevas” é, desde já, uma incontestável obra-prima do Cinema mundial e merece todo o sucesso que vem fazendo até o presente momento. Muito superior à grande maioria das adaptações de histórias em quadrinhos, este longa se revela uma agradabilíssima surpresa, respeitando imensamente o espectador, fugindo da grande maioria dos clichês e estereótipos do gênero e, o que é melhor, inovando o mesmo, nos apresentando a personagens completamente bem desenvolvidos pelo roteiro. A ação é estarrecedora e cresce ainda mais graças à extraordinariamente competente direção de Christopher Nolan e à cativante e tensa trilha-sonora composta magistralmente por, ninguém mais, ninguém menos, que Hans Zimmer e James Newton Howard. E mesmo com tantas qualidades visíveis e explicitadas, “O Cavaleiro das Trevas”, assim como o seu antagonista, possui uma carta na manga, que vem a ser sua maior qualidade: o embate, sobretudo psicológico, entre vilão e herói, além de nos propiciar questionamentos sobre a situação caótica que a sociedade capitalista se encontra.

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6 – Boa Noite e Boa Sorte (2005). Nota: 9,0.

“Boa Noite e Boa Sorte” é um filme independente de curtíssimo orçamento (US$ 7,5 milhões) e que em um curtíssimo prazo de duração (93 minutos) conseguiu a façanha de se mostrar eficaz e detalhista o bastante a fim de retratar todo um embate político ocorrido entre um gigante das comunicações e um outro gigante da política, resultando, inclusive, na cassação do mandato deste como senador. George Clooney realiza uma direção discreta, embora eficiente, o roteiro do longa aborda toda a crise vivenciada durante a época, incluindo a total falta de liberdade de expressão, sobretudo de imprensa e David Strathairn encarna Edward Roscoe Murrow de um modo magistral, merecendo, e muito, a indicação ao Oscar de Melhor Ator que obteve em 2005. Infelizmente o longa conta com um defeito (e sinceramente, não sei se posso chamá-lo de defeito): a dificuldade que o mesmo tem em familiarizar o público com a estória, já que torna-se altamente recomendável que o mesmo tenha um razoável conhecimento sobre os personagens que compõe a trama. No mais, temos aqui um excelente filme e uma aula de jornalismo verdadeiro e lição cívica.

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7 – Superbad – É Hoje! (2007). Nota: 8,0.

Apesar de artificial e absurdo em muitos de seus minutos, “Superbad – É Hoje!” se mostra uma ótima opção para os amantes de uma comédia divertida, escatológica e descompromissada. As atuações de todo o elenco convencem, a química formada entre Johan Hill e Michael Cera é fenomenal e ganha ainda mais crédito quando Christopher Mintz-Plasse entra em cena.

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8 – A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008). Nota: 0,5.

“A Múmia – A Tumba do Imperador Dragão” se revela um filme previsivelmente (sim, pois era fácil prevermos que, pela maneira com que o segundo episódio se encerrou, as chances de extrairmos algo produtivo aqui seriam mínimas) ridículo e dispensável e, além de contar com quase todos os clichês e estereótipos do gênero, obriga o espectador a passar 112 minutos de seu precioso tempo (e digo precioso pois apesar de curto, o filme custa a passar, haja visto que a sua fraquíssima estória poderia facilmente ser desenvolvida em menos de 50 minutos) tendo que suportar uma estória nada original, carregada de alívios cômicos que não funcionam em hipótese alguma, atuações sofríveis e cenas de aventura/ação bem montadas mas terrivelmente dirigidas pelo péssimo Rob Cohen. Um dos piores filmes que tive o dúbio privilégio de assistir neste início de século.

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