Sessão Nostalgia – parte 3: Lawrence da Arábia (1962)
É estranho como certas coisas insistem em pendurar na nossa cabeça por anos e outras desaparecem em apenas dias. Me lembro bem dessa conversa por telefone,dela toda e não só do trecho postado aqui,porém me lembrava pouco da estória (ou história) desse grande clássico. Sabia apenas que ele era um dos meus favoritos,como sabia?Ora,sentindo. Hoje,tendo passado dois anos vejo de novamente com olhar mais atento e afirmo que não acho “Lawrence da Arábia’ uma obra tão genial quanto achava outrora. Acho melhor!
David Lean se ratifica como gênio,anteriormente lançando dois clássicos “Oliver Twist” e “A Ponte do Rio Kwai”,”Lawrence da Arábia” se mostra o melhor filme dele,o filme que arrebatou todos os prêmios que concorreu e hoje a obra-prima do diretor,e não para pouca coisa. Lean constroi um retrato detalhado da vida do enigmático T.E. Lawrence e coloca em uma riqueza incrível como ele uniu tribos arabes afim de combater os turcos,e não esquecendo do cenário político e militar da época. Lean filma como ninguém,explora os recursos visuais que tinha. Lendas dizem que eles acordavam de de madrugada apenas para pegar o nascer do Sol no deserto,ele explora tudo que tem tão a fundo,que encerrados as pouco mais de três horas e meia de filme,o pensamento que temos é único: Nada mais poderia ser encaixado ali dentro
O Sol nascendo e as viagens pelo deserto,assim como as explosões do trem,Lawrence sendo açoitado ou o fabuloso desfecho no carro cria um leque de cenas que marcam o filme por completo,lá não existe A CENA marcante,e sim uma continuidade onde a próxima cena é melhor que a anterior e assim vai,deixando o filme fixado na memório por completo,e então vai naquela: ou você lembra de tudo ou deleta o filme todo da cabeça.Engana-se quem pensa que apenas de cenas é feito “Lawrence da Arábia”,o filme conta com diálogos magnifícos,frases marcantes de um homem culto que constantemente entra em conflitos com pessoas de culturas diferentes, diálogos e respostas que vão além de coisas simples e que não estão ali apenas para dar um que notório ao filme,estão ali pois precisam esta,e elas revelam muito da situação ou do carater de cada personagem,e entre elas a mais magnífica “Um Homem pode ser o que quiser”. Será mesmo?Sim ou não,Lawrence consegue viver assim
Poucos atores são tão injustiçados pelo Oscar quanto Peter O´Toole,ele aplica um tom inglês fantástico em seu personagem,cara séria e sem emoção,frieza ao se expressar,voz nunca sai do tom normal,cria Lawrence como um heróis as avessas (dizem que um dos maiores erros da carreira de Marlon Brando foi ter recusado esse papel) aquele herói de idéias e atitudes,mas que não demonstra heroismo,e se por um lado é herói,pelo outro o protagonista mostra-se arrogante,pretencioso,ora se comparando a personagens biblicos,ora se intulando como milagreiro de um povo,pelo menos em se tratando do protagonista o filme conseguiu equilibrar em uma imparcialidade rara no cinema.Alec Guinness e Anthony Quinn se destacam entre os coadjuvantes
Com uma fotografia absurdamente boa,talvez a melhor que o cinema já viu,acompanhando as viagens pelo deserto com uma das trilhas sonoras mais inesquecíveis, “Lawrence da Arábia” se firma como obra-prima intocada pelo tempo,um filme que mostra o prazer em fazer o impossível virar o possível,um relato histórico em proporções extraordinárias,um conto de um homem que nem Homero escreveria melhor,referência estética e técnica,figurinos nunca vistos antes e especialmente a ousadia de um cineasta que fez de seu filme um dos mais complexos e influentes que o cinema já viu.
Ah,quanto o trabalho do Alvares,apresentamo bons cartazes,eu fiz um resumo detalhado de Noite na Taverna para a turma e a garota fez analises ótimas de A Lira dos Vinte Anos,fechamos o trabalho,porém o vídeo não chegou a serconcluido,na verdade gravamos 10-15 minutos de imagens,foi ótimo.Hoje Alvares de Azevedo é um dos meus poetas favoritos!