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Crítica – Um Cão Andaluz

Já que publiquei a crítica de um dos curtas-metragens mais importantes não apenas da história do Cinema Mudo como também da história do Cinema em si, creio que seja extremamente conveniente publicar a crítica do curta-metragem mais importante de todos os tempos (fato que eu discordo plenamente, apesar de considerar o filme uma obra-prima dadaísta). É claro que estou falando de “Um Cão Andaluz” dirigido por Luis Buñuel e roteirizado por ele e, ninguém mais ninguém menos, que Salvador Dali, considerado o pintor mais importante do Surrealismo. Tentar encontrar um sentido para o filme em si certamente é algo inconcebível, pois este não possuí sentido algum. Provavelmente Buñuel e Dalí almejavam criar uma nova linguagem para o Cinema, ou então tentaram transportar o non-sense do movimento Dadaísta e Surrealista à Sétima Arte. Enfim, independentemente de qual foi a intenção de ambos, o curta é, no mínimo, inovador e só isto faz com que ele mereça ser conferido.

Ficha Técnica:
Título Original: Un Chien Andalou.
Gênero: Fantasia.
Tempo de Duração: 16 minutos.
Ano de Lançamento (França): 1929.
Direção: Luis Buñuel.
Roteiro: Salvador Dali e Luis Buñuel.
Produção: Luis Buñuel.
Música: Wagner.
Edição: Luis Buñuel.
Direção de Arte: Pierre Schild.
Fotografia: Albert Duverger e Jimmy Berliet.
Elenco: Simonne Mareuil (esposa) e Pierre Batchef (marido).

Sinopse: Através de um roteiro altamente não-linear, Luis Buñuel e Salvador Dali retratam o relacionamento de um casal contando com uma forte pintada de surrealismo, dadaísmo e, acima de tudo, criatividade.


Un Chien Andalou – Trailer

Crítica:

O Ministério da Saúde adverte: tentar encontrar um sentido lógico para “Um Cão Andaluz” pode causar distúrbios mentais e levar um indivíduo à loucura”. Este é o tipo de advertência que deveria ser introduzida na abertura da obra-prima de Luis Buñuel. “Um Cão Andaluz” é o tipo de filme em que o espectador, de maneira alguma, pode esperar uma resolução lógica para tudo o que está vendo. Considerado o curta-metragem mais revolucionário e importante da história do Cinema, o filme de Buñuel foi rodado durante o chamado, período “entre-guerras”. Nesta época, a Arte encarava o mundo como sendo algo sem propósito, sem nexo, desfragmentado. Como um país do porte da Alemanha poderia almejar arriscar toda a sua economia investindo em uma guerra megalomaníaca contra, praticamente, todo o resto da Europa? Havia tido início a Primeira Guerra Mundial, daí para frente o mundo e, principalmente, a Arte, jamais seriam os mesmos. Artistas como Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Gustav Klimt, Edward Münch, Juan Miró, Marc Chagall, Jackson Pollock, Marcel Duchamp e Salvador Dali (este último, inclusive, junto com Luis Buñuel assinou o roteiro do curta) simplesmente ignoraram os conceitos de Arte defendidos outrora por Leonardo da Vinci, Jacques Louis David e William Turner, dando preferência a um estilo de pintura tão desconexo quanto o mundo em que viviam, adotando assim, uma Arte mais desfragmentada. Portanto, ao assistir a este curta, é importante que se valorize apenas a originalidade e a criatividade de Buñuel e Dali, a ousadia de ambos ao tentar criar uma nova linguagem cinematográfica e a maneira perfeita como a trilha-sonora de Wagner se mescla com o que é exibido na tela realizando um casamento perfeito entre som e imagem, evitando assim exigir uma explicação lógica para cenas como: um olho sendo cortado por uma navalha, um punhado de formigas saindo das mãos de uma pessoa ou uma mulher sendo atropelada por um carro que surge do nada. Particularmente, não sei dizer se aprecio ou não o filme de Buñuel, mas que é Arte, isso é.

Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.

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