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Archive for the ‘Liev Schreiber’ Category

X-Men Origens: Wolverine – **** de *****

Sugeri a mim mesmo (e aos leitores também) na crítica publicada anteriormente que talvez estivesse sendo bonzinho demais em minhas últimas avaliações. Sim, “Presságio” é um filme que vem sendo negativamente avaliado pelo resto da crítica, e o mesmo pode-se dizer de “Ele Não Está Tão a Fim de Você”, e não hesitei em conferir boas notas a ambos. Agora vem este “X-Men Origens: Wolverine” e, adivinhem só, assisto-o e passo a considera-lo um ótimo filme. Estaria eu mudando, imperceptivelmente, os meus métodos de avaliação? Ou será que são os filmes que realmente me agradaram? Ou quem sabe ambas as coisas? Ou talvez nenhuma delas? Enfim, somente o tempo irá me responder, até lá, fiquem com a crítica de “X-Men Origens: Wolverine”, e podem me criticar a vontade pelo simples fato de ter amado um filme que muitos, na certa, odiarão.

Ficha Técnica:
Título Original: X-Men Origins: Wolverine.
Gênero: Ação.
Tempo de Duração: 107 minutos.
Ano de Lançamento: 2009.
Site Oficial: http://www.xmenorigenswolverine.com.br/
País de Origem: Estados Unidos da América.
Direção: Gavin Hood
Roteiro: David Benioff, baseado em personagens criados por Len Wein.
Elenco: Hugh Jackman (Logan / Wolverine), Liev Schreiber (Victor Creed / Dentes-de-sabre), Ryan Reynolds (Wade Wilson / Deadpool), Dominic Monaghan (Bradley), Lynn Collins (Raposa Prateada), Danny Huston (William Stryker), Daniel Henney (David North / Agente Zero), Taylor Kitsch (Remy LeBeau / Gambit), Kevin Durand (Frederick “Fred” J. Dunes / Blob), Stephen Leeder (General Munson), Alice Parkinson (Elizabeth Howlett), Tim Pocock (Scott Summers), Myles Pollard (Lumberjack), Tahyna Tozzi (Emma Frost), Will i Am (John Wraith), Troye Sivan (Logan – jovem), Michael-James Olsen (Victor Creed – jovem) e Patrick Stewart (Prof. Charles Xavier).

Sinopse: A Equipe X é formada apenas por mutantes, tendo fins militares. Entre seus integrantes estão Logan (Hugh Jackman), o selvagem Victor Creed (Liev Schreiber), o especialista em esgrima Wade Wilson (Ryan Reynolds), o teleportador John Wraith (Will i Am), o atirador David North (Daniel Henney), o extremamente forte Fred J. Dunes (Kevin Durand) e ainda Bradley (Dominic Monaghan), que manipula eletricidade. No comando está William Stryker (Danny Huston), que envolve alguns componentes do grupo no projeto Arma X, um experimento ultra-secreto. Entre eles está Logan, que precisa ainda lidar com o desfecho de seu romance com Raposa Prateada (Lynn Collins).

Fonte sinopse e ficha técnica: http://www.adorocinema.com.br/

X-Men Origins: Wolverine – Trailer:

Crítica:

Detesto criticar obras cinematográficas baseadas em histórias em quadrinhos. Por quê? Simples, porque, conforme já mencionei inúmeras vezes, não sou nem um pouco fã de quadrinhos. E para ser mais franco ainda, nada sei sobre os mesmos. O que me lembro com relação a X-Men diz respeito somente à série de desenho animado que passava na hora do almoço e eu acompanhava apenas pelo fato de ter o péssimo hábito de almoçar defronte à televisão. O quê? Ah sim, é claro que já assisti aos outros três episódios da saga cinematográfica, mas se formos analisar a origem do personagem Wolverine, realmente nada sei sobre a mesma.

Desta forma, seria extremamente incoerente e, acima de tudo, injusto, com o leitor caso não analisá-se o filme individualmente, mencionando que o mesmo foge bastante da obra original ou que o protagonista aqui não faz jus ao das histórias em quadrinhos. Analisarei “X-Men Origens: Wolverine” como um filme qualquer, da mesma forma que um espectador comum o faria, sem mencionar obras adjacentes a esta (exceto os três outros filmes da trilogia, que são ótimos) ou quaisquer outras características que estejam ligadas indiretamente ao filme objeto de análise.

É interessante constatarmos que a estória do protagonista tem o seu início em 1.845. Apesar de surreal (a menos que você julgue possível uma pessoa conseguir viver tanto tempo pelo simples fato de ser um mutante), nos dá a entender que ele já passou por inúmeras experiências. E se levarmos em conta a sua anormalidade física, concluímos que Wolverine vivenciou não apenas inúmeras experiências, como também diferentes ocorrências ao longo de sua vida inteira. Vide a sequência dos créditos iniciais, por exemplo, onde podemos acompanhar o protagonista, junto de seu amigo de infância Victor Creed, participando de importantíssimas guerras pelas quais o mundo já passou (uma cena em especial, quando Victor atira insanamente do helicóptero, nos remete ao ótimo “Nascido Para Matar” de Stanley Kubrick).

O filme se desenvolve, as guerras terminam, e Wolverine e Victor entram para um esquadrão especial formado pelo governo, onde apenas mutantes com super-poderes, como eles, passam a fazer parte da equipe. O protagonista passa a discordar da ideologia de tal esquadrão e decide abandonar o mesmo de uma vez por todas. Dentes-de-Sabre, por sua vez, já é um sujeito com características mais animalescas e continua integrando a equipe e cometendo atrocidades contra a humanidade.

E talvez seja justamente nesta polaridade entre os personagens Wolverine e Dentes-de-Sabre que resida o maior defeito do filme. Um é politicamente correto ao extremo, sendo que, quando foge dos eixos, basta gritarem: “___ Logan, você não é um animal!”, e pronto, ele fica calminho, calminho. Já Dentes-de-Sabre é malvado ao extremo. Quando não está quebrando espinhas ou arrancando cabeças por aí, está rindo de forma a provocar os seus adversários. Não há um equilíbrio entre os personagens, conforme havia entre o Batman (justiceiro reacionário) e o Coringa (niilista incompreendido) do excelente “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Logo, o espectador certamente notará uma certa artificialidade na formação da personalidade de ambos os personagens.

Por outro lado, “X-Men Origens: Wolverine” conta com muitos acertos. Vide o roteiro, por exemplo, que parece ter adotado uma tática “pega-crítico-de-Cinema”. Isso mesmo, “pega-crítico-de-Cinema”. Durante muitos momentos senti-me incomodado com os motivos que impulsionavam o personagem-sub-título a clamar por vingança, bem como considerei patética a sub-trama romântica inserida em seu primeiro ato. Já estava formulando em minha cabeça: “___ Quando for escrever a crítica do filme, deverei citar tais defeitos.”. Eis que a trama se desenrola e somos surpreendidos. Aquilo que parecia ser apenas um clichêzinho como outro qualquer torna-se um detalhe inerente para o resultado final da obra.

As sequências de ação do longa também são ótimas e, francamente, dentre todos os filmes que carregam consigo a marca “X-Men”, creio que este seja o que melhor se sai no quesito adrenalina. Não, não temos nenhuma cena que lembre a batalha final entre os mutantes de Xavier e os mutantes de Magneto, tampouco uma cena em que mostre a Golden Gate sendo destruída, assim como também não temos nenhuma sequência de luta tão bem coreografada conforme tínhamos no desfecho do episódio 2, mas o “plus” deste novo capítulo da saga dos mutantes não reside necessariamente em uma única cena, e sim no modo como a ação do mesmo é distribuída durante a projeção inteira, a ponto de jamais fazer com que nos sintamos entediados na poltrona do cinema (e novamente peguei a poltrona central, na fileira central da sala, mesmo a sessão estando lotada ao extremo). Particularmente, penso que este episódio tem mais ritmo que os demais.

O final do filme, no entanto, causa um certo desapontamento, e só não digo que é um tremendo fracasso pois as partes que envolvem ação (sempre elas) são fantásticas, sobretudo a luta envolvendo Wolverine, Dentes-de-Sabre e Deadpool e os efeitos especiais fantásticos que regam a mesma (uma pena ela ser relativamente curta). No mais, a aparição do Professor Charles Xavier é ridícula e totalmente fora de foco (e quando digo fora de foco, refiro-me àquele exato momento), e o modo como o roteiro justifica uma amnésia do protagonista, utilizando para tal as balas de adamantium, soa um tanto o quanto artificial.

X-Men Origens: Wolverine” é um filme de ação despretensioso. Seu roteiro não conta com uma trama tão complexa como a de “X-Men 2”, tampouco realiza uma ampla e reflexiva abordagem sobre o preconceito a tudo o que é tido como fora do comum (de acordo com os padrões sociais, é claro), conforme os demais filmes da trilogia anterior o faziam, mas fornece ao espectador uma estória repleta de reviravoltas e surpresas interessantes, além de se revelar uma distração bem acima da média, recheada de cenas de ação bastante atraentes, temperadas com ótimos efeitos visuais.

Em suma, vá ao cinema, e divirta-se.

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

X-Men Origens: Wolverine – **** de *****

Sugeri a mim mesmo (e aos leitores também) na crítica publicada anteriormente que talvez estivesse sendo bonzinho demais em minhas últimas avaliações. Sim, “Presságio” é um filme que vem sendo negativamente avaliado pelo resto da crítica, e o mesmo pode-se dizer de “Ele Não Está Tão a Fim de Você”, e não hesitei em conferir boas notas a ambos. Agora vem este “X-Men Origens: Wolverine” e, adivinhem só, assisto-o e passo a considera-lo um ótimo filme. Estaria eu mudando, imperceptivelmente, os meus métodos de avaliação? Ou será que são os filmes que realmente me agradaram? Ou quem sabe ambas as coisas? Ou talvez nenhuma delas? Enfim, somente o tempo irá me responder, até lá, fiquem com a crítica de “X-Men Origens: Wolverine”, e podem me criticar a vontade pelo simples fato de ter amado um filme que muitos, na certa, odiarão.

Ficha Técnica:
Título Original: X-Men Origins: Wolverine.
Gênero: Ação.
Tempo de Duração: 107 minutos.
Ano de Lançamento: 2009.
Site Oficial: http://www.xmenorigenswolverine.com.br/
País de Origem: Estados Unidos da América.
Direção: Gavin Hood
Roteiro: David Benioff, baseado em personagens criados por Len Wein.
Elenco: Hugh Jackman (Logan / Wolverine), Liev Schreiber (Victor Creed / Dentes-de-sabre), Ryan Reynolds (Wade Wilson / Deadpool), Dominic Monaghan (Bradley), Lynn Collins (Raposa Prateada), Danny Huston (William Stryker), Daniel Henney (David North / Agente Zero), Taylor Kitsch (Remy LeBeau / Gambit), Kevin Durand (Frederick “Fred” J. Dunes / Blob), Stephen Leeder (General Munson), Alice Parkinson (Elizabeth Howlett), Tim Pocock (Scott Summers), Myles Pollard (Lumberjack), Tahyna Tozzi (Emma Frost), Will i Am (John Wraith), Troye Sivan (Logan – jovem), Michael-James Olsen (Victor Creed – jovem) e Patrick Stewart (Prof. Charles Xavier).

Sinopse: A Equipe X é formada apenas por mutantes, tendo fins militares. Entre seus integrantes estão Logan (Hugh Jackman), o selvagem Victor Creed (Liev Schreiber), o especialista em esgrima Wade Wilson (Ryan Reynolds), o teleportador John Wraith (Will i Am), o atirador David North (Daniel Henney), o extremamente forte Fred J. Dunes (Kevin Durand) e ainda Bradley (Dominic Monaghan), que manipula eletricidade. No comando está William Stryker (Danny Huston), que envolve alguns componentes do grupo no projeto Arma X, um experimento ultra-secreto. Entre eles está Logan, que precisa ainda lidar com o desfecho de seu romance com Raposa Prateada (Lynn Collins).

Fonte sinopse e ficha técnica: http://www.adorocinema.com.br/

X-Men Origins: Wolverine – Trailer:

Crítica:

Detesto criticar obras cinematográficas baseadas em histórias em quadrinhos. Por quê? Simples, porque, conforme já mencionei inúmeras vezes, não sou nem um pouco fã de quadrinhos. E para ser mais franco ainda, nada sei sobre os mesmos. O que me lembro com relação a X-Men diz respeito somente à série de desenho animado que passava na hora do almoço e eu acompanhava apenas pelo fato de ter o péssimo hábito de almoçar defronte à televisão. O quê? Ah sim, é claro que já assisti aos outros três episódios da saga cinematográfica, mas se formos analisar a origem do personagem Wolverine, realmente nada sei sobre a mesma.

Desta forma, seria extremamente incoerente e, acima de tudo, injusto, com o leitor caso não analisá-se o filme individualmente, mencionando que o mesmo foge bastante da obra original ou que o protagonista aqui não faz jus ao das histórias em quadrinhos. Analisarei “X-Men Origens: Wolverine” como um filme qualquer, da mesma forma que um espectador comum o faria, sem mencionar obras adjacentes a esta (exceto os três outros filmes da trilogia, que são ótimos) ou quaisquer outras características que estejam ligadas indiretamente ao filme objeto de análise.

É interessante constatarmos que a estória do protagonista tem o seu início em 1.845. Apesar de surreal (a menos que você julgue possível uma pessoa conseguir viver tanto tempo pelo simples fato de ser um mutante), nos dá a entender que ele já passou por inúmeras experiências. E se levarmos em conta a sua anormalidade física, concluímos que Wolverine vivenciou não apenas inúmeras experiências, como também diferentes ocorrências ao longo de sua vida inteira. Vide a sequência dos créditos iniciais, por exemplo, onde podemos acompanhar o protagonista, junto de seu amigo de infância Victor Creed, participando de importantíssimas guerras pelas quais o mundo já passou (uma cena em especial, quando Victor atira insanamente do helicóptero, nos remete ao ótimo “Nascido Para Matar” de Stanley Kubrick).

O filme se desenvolve, as guerras terminam, e Wolverine e Victor entram para um esquadrão especial formado pelo governo, onde apenas mutantes com super-poderes, como eles, passam a fazer parte da equipe. O protagonista passa a discordar da ideologia de tal esquadrão e decide abandonar o mesmo de uma vez por todas. Dentes-de-Sabre, por sua vez, já é um sujeito com características mais animalescas e continua integrando a equipe e cometendo atrocidades contra a humanidade.

E talvez seja justamente nesta polaridade entre os personagens Wolverine e Dentes-de-Sabre que resida o maior defeito do filme. Um é politicamente correto ao extremo, sendo que, quando foge dos eixos, basta gritarem: “___ Logan, você não é um animal!”, e pronto, ele fica calminho, calminho. Já Dentes-de-Sabre é malvado ao extremo. Quando não está quebrando espinhas ou arrancando cabeças por aí, está rindo de forma a provocar os seus adversários. Não há um equilíbrio entre os personagens, conforme havia entre o Batman (justiceiro reacionário) e o Coringa (niilista incompreendido) do excelente “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Logo, o espectador certamente notará uma certa artificialidade na formação da personalidade de ambos os personagens.

Por outro lado, “X-Men Origens: Wolverine” conta com muitos acertos. Vide o roteiro, por exemplo, que parece ter adotado uma tática “pega-crítico-de-Cinema”. Isso mesmo, “pega-crítico-de-Cinema”. Durante muitos momentos senti-me incomodado com os motivos que impulsionavam o personagem-sub-título a clamar por vingança, bem como considerei patética a sub-trama romântica inserida em seu primeiro ato. Já estava formulando em minha cabeça: “___ Quando for escrever a crítica do filme, deverei citar tais defeitos.”. Eis que a trama se desenrola e somos surpreendidos. Aquilo que parecia ser apenas um clichêzinho como outro qualquer torna-se um detalhe inerente para o resultado final da obra.

As sequências de ação do longa também são ótimas e, francamente, dentre todos os filmes que carregam consigo a marca “X-Men”, creio que este seja o que melhor se sai no quesito adrenalina. Não, não temos nenhuma cena que lembre a batalha final entre os mutantes de Xavier e os mutantes de Magneto, tampouco uma cena em que mostre a Golden Gate sendo destruída, assim como também não temos nenhuma sequência de luta tão bem coreografada conforme tínhamos no desfecho do episódio 2, mas o “plus” deste novo capítulo da saga dos mutantes não reside necessariamente em uma única cena, e sim no modo como a ação do mesmo é distribuída durante a projeção inteira, a ponto de jamais fazer com que nos sintamos entediados na poltrona do cinema (e novamente peguei a poltrona central, na fileira central da sala, mesmo a sessão estando lotada ao extremo). Particularmente, penso que este episódio tem mais ritmo que os demais.

O final do filme, no entanto, causa um certo desapontamento, e só não digo que é um tremendo fracasso pois as partes que envolvem ação (sempre elas) são fantásticas, sobretudo a luta envolvendo Wolverine, Dentes-de-Sabre e Deadpool e os efeitos especiais fantásticos que regam a mesma (uma pena ela ser relativamente curta). No mais, a aparição do Professor Charles Xavier é ridícula e totalmente fora de foco (e quando digo fora de foco, refiro-me àquele exato momento), e o modo como o roteiro justifica uma amnésia do protagonista, utilizando para tal as balas de adamantium, soa um tanto o quanto artificial.

X-Men Origens: Wolverine” é um filme de ação despretensioso. Seu roteiro não conta com uma trama tão complexa como a de “X-Men 2”, tampouco realiza uma ampla e reflexiva abordagem sobre o preconceito a tudo o que é tido como fora do comum (de acordo com os padrões sociais, é claro), conforme os demais filmes da trilogia anterior o faziam, mas fornece ao espectador uma estória repleta de reviravoltas e surpresas interessantes, além de se revelar uma distração bem acima da média, recheada de cenas de ação bastante atraentes, temperadas com ótimos efeitos visuais.

Em suma, vá ao cinema, e divirta-se.

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

Um Ato de Liberdade – *** de *****

fevereiro 27, 2009 3 comentários
Estou contente! Não a ponto de soltar rojões ou sair correndo nu pelas ruas (o que seria um atentado ao bom gosto de minha parte), mas estou muito contente! Enfim, encerrei o ciclo que deveria ter encerrado no dia 22 de fevereiro de 2009, antes da cerimônia do Oscar dar o seu início. Assisti a todas as produções mais “mainstreans” que participaram do Oscar 2009. Ainda não assisti aos indicados a Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Documentário e muito mais, mas pretendo fazê-lo antes deste semestre se encerrar. Mas, vamos ao texto do filme que completou o ciclo por mim iniciado?


Crítica:

Responda rápido: o que pode ser pior do que ser um judeu e viver em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial? Ser judeu e polonês (já que a Polônia fora um dos principais alvos da Alemanha Nazista) ao mesmo tempo, não? Pois é, e assim eram os poloneses de Nailiboki. Tendo isso em vista, é mais do que óbvio que os habitantes desta região do globo terrestre encontravam-se mais perdidos do que cego em tiroteio, não? Sim, principalmente quando os nazistas passaram a atacar diversas cidadelas daquela região. Os poucos sobreviventes decidem então se unir e se esconder dos alemães nas florestas locais. Mas quem disse que o perigo deixaria de existir? É aí que surge o lendário Tuvia Bielski, um ex-militar que, ao lado dos irmãos Zus e Asael, une os esparsos bandos judeus foragidos, formando um grupo só. Bielski começa a armar o clã na medida do possível e passa a organizar as defesas, para o caso de uma “blitzkrieg” nazista.

Primeiramente, a sinopse do filme por si só já se revela interessante o bastante para merecer uma conferida. Em segundo lugar, quantas vezes você já ouviu falar de Tuvia Bielski? Pois é, e esta é uma das missões mais importantes da sétima Arte, levar cultura aos expectadores, no caso, aqueles que, como eu, nunca haviam ouvido falar nos irmãos Bielski e terão a oportunidade de conhecer algo sobre eles no filme em questão. Em último lugar, e não menos importante: quantas vezes você já ouviu falar em um líder militar que tornou-se herói não por organizar ataques, mas sim por fugir dos mesmos? Isso mesmo, fugir dos ataques. Sendo assim, se o leitor estava procurando um único motivo que seja para ir ao cinema conferir “Um Ato de Liberdade” (que estréia aqui no Brasil amanhã, 27/02/2009), estou dando três motivos, e olhe que acabei de iniciar este texto.

Aí o leitor conclui: “___ Puxa vida! Mas um filme com tantas qualidades, assim como você mesmo está apontando, só pode ser uma obra-prima, não?”. De jeito nenhum, “Um Ato de Liberdade” está muito longe, mas muito longe mesmo, de poder ser alcunhado de uma obra-prima. E quem seria o grande responsável por isso? O diretor Edward Zwick. Não que a culpa seja inteiramente dele, mas convenhamos, Zwick nunca foi e, pelo visto, nunca será um grande cineasta. Contudo, não podemos reclamar que os seus filmes não contam com uma dose mínima de carga emocional necessária para que nos cativemos com a trama (o que inclui até mesmo os recentes e apenas bons “O Último Samurai” e “Diamantes de Sangue”), não é mesmo? Minha resposta certamente seria sim caso não fosse este seu último filme: “Um Ato de Liberdade”.

Imagine você, caro leitor, tendo de se refugiar em uma floresta escura e com receio de morrer congelado com o alvorecer do inverno. Imaginou? Pois é, horrível não? Sim, mas Zwick jamais confere a sensibilidade necessária para tal. A única coisa que vemos aqui é um grupo de judeus foragidos que terão de enfrentar certos riscos, mais cedo ou mais tarde. E não podemos negar que Zwick, de fato, mostra os judeus passando fome, ou frio, ou contraindo graves doenças, como a tifo por exemplo, mas é como eu sempre digo: “o bom filme apenas mostra algo ao espectador, ao passo em que o grande filme transmite a esse o que está sendo mostrado, e de um modo que o faça sentir na pele”. “Um Ato de Liberdade”, infelizmente, encaixa-se na primeira opção.

Vemos os judeus fugindo de medo dos nazistas, os vemos lutando contra eles (quando necessário), os vemos passando fome, os vemos passando frio, os vemos contraindo doenças, mas Zwick jamais confere a sensibilidade dramática necessária para que o filme realmente nos cative. Ele não consegue fazer, por exemplo, o que Peter Weir faz no excepcional “Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo” quando mostra (e também consegue transmitir a todos nós, diga-se) a tripulação do HMS Surprise passando fome, ou (citando um outro filme produzido no mesmo ano), o que Peter Jackson faz no ainda mais excepcional “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei” quando nos faz sentir na pele o drama de Frodo e Sam enquanto ambos sobem a Montanha da Perdição, em Gorgoroth, capital de Mordor.

Faltam cenas sensíveis como estas para podermos alcunhar “Um Ato de Liberdade” de obra-prima ou épico cinematográfico, que seja. Mas mesmo analisando-o como uma obra cinematográfica qualquer, o filme conta com as suas falhas. Além da direção de Zwick ser apagada demais e criar ângulos realmente satisfatórios em raros casos, o roteiro também falha na exploração de seu protagonista. Quando Tuvia entra em cena não sabemos nada acerca de seu passado e conforme a trama vai se desenrolando continuamos na mesmíssima situação. A única coisa que ficamos sabendo é que ele possuía um comércio com a sua ex-esposa antes de embarcar na vida de guerrilheiro.

Agora eu pergunto: por que cargas d’água o roteiro oculta que ele já foi membro do exército polonês? Sem dúvida é uma informação que, caso tivesse vindo até nós no início do longa, conseguiria conferir uma carga dramática muito mais consistente a este. E o que dizer então da covarde decisão que a produção toma para evitar polêmicas? Refiro-me aos boatos de que os “Partisans”, liderados por Tuvia, teriam molestado sexualmente mulheres e crianças durante a sua campanha. Por que o filme nem sequer “arranha” esta questão?

Mas nem por isso pensem que a obra encara os guerrilheiros apenas como pessoas sem desvios de caráter. Tuvia, principalmente, tem seus momentos de crueldade no filme, como na cena em que atira em um oficial nazista (e nos dois filhos dele também) que havia matado os seus pais e agora se encontra sem quaisquer chances de defesa. Ou então a cena em que, ao ver um outro oficial nazista, também sem as mínimas condições de autodefesa, sendo linchado pelo seu grupo, não faz absolutamente nada para cessar a tortura imposta ao alemão.

“Um Ato de Liberdade”, no fim das contas, se mostra um filme interessante pelas atuações de seu elenco (sobretudo Daniel Craig que está ótimo) e pela sua premissa em si, que acaba, infelizmente, sendo desenvolvida com pouquíssima sensibilidade pelo diretor e pelo roteirista Clayton Frohman. A estória, por si só, já se mostra bastante interessante por nunca ter sido contada no Cinema antes (e caso já tenha sido contada, por favor me avisem), bem como o seu protagonista, que não é desenvolvido da maneira que merecia, mas ainda assim nos desperta muita curiosidade.

Ah, e quanto à trilha-sonora, que concorreu ao Oscar mas perdeu, é realmente fantástica e confere ao filme um pouco da sensibilidade que a direção de Zwick e o roteiro de Frohman (que também é assinado por Zwick) não se mostraram capazes de conferir. Um grande trabalho de James Newton Howard.

Avaliação Final: 6,0 na escala de 10,0.