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Archive for the ‘Aventura’ Category

Transformers 2 – A Vingança dos Derrotados – * de *****

Mencionei ontem no Twitter do Cine-Phylum que não estava nem um pouco afim de ir aos cinemas conferir a pré-estréia deste “Transformers – A Vingança dos Derrotados”. Não, essa minha falta de vontade em assistir ao filme não estava diretamente ligada à qualidade (ou a falta de) do mesmo, mas sim ao fato de a cópia que estava sendo exibida nos cinemas de minha cidade ser dublada. Sinceramente, não creio que seja nem um pouco ética esta minha atitude de criticar um filme dublado. Por quê? Porque não julgo um filme dublado uma obra cinematográfica original. Assistir a uma produção com o som original é extremamente importante para que possamos avaliar a atuação do elenco, já que o tom de voz que os atores emprega para compor os seus respectivos personagens é mais do que importante para o resultado final da obra. Destarte, peço para que o leitor leve em conta que, quando eu mencionar “atuações” na crítica a seguir, estarei me referindo à expressividade e ao carisma dos atores, descartando então o tom de voz dos mesmos.

Ficha Técnica:

Título Original: Transformers: Revenge of the Fallen.

Gênero: Ação.
Tempo de Duração:
147 minutos.

Ano de Lançamento: 2009.

Site Oficial: www.transformersmovie.com

País de Origem: Estados Unidos da América.

Direção: Michael Bay.

Roteiro: Ehren Kruger, Roberto Orci e Alex Kurtzman.

Elenco: Shia LaBeouf (Sam Witwicky), Megan Fox (Mikaela Banes), Hugo Weaving (Megatron – voz), Josh Duhamel (Capitão Lennox), John Turturro (Agente Simmons / Jetfire – voz), Isabel Lucas (Alice), Tyrese Gibson (Sargento Epps), Matthew Marsden (Graham), Samantha Smith (Sarah Lennox), Glenn Morshower (General Morshower), Ramon Rodriguez (Leo Spitz), Kevin Dunn (Ron Witwicky), Julie White (Judy Witwicky), Michael Papajohn (Cal), John Benjamin Hickey (Theodore Galloway), Rainn Wilson (Professor), Frank Welker (Soundwave – voz), Peter Cullen (Optimus Prime – voz), Mark Ryan (Bumblebee – voz), Darius McCrary (Jazz – voz), Reno Wilson (Frenzy – voz), Robert Foxworth (Ratchet – voz), Jess Harnell (Ironhide / Barricade – voz) e Mike Patton (Mixmaster – voz).

Sinopse: Dois anos após a batalha entre os Autobots e os Decepticons, Sam Witwicky (Shia LaBeouf) enfrenta a ansiedade de entrar na faculdade. Isto significa que ele terá que morar separado de seus pais, Judy (Julie White) e Ron (Kevin Dunn), deixar a namorada Mikaela Banes (Megan Fox) e ainda explicar a situação ao seu amigo e protetor Bumblebee, já que pretende levar uma vida normal de agora em diante. Paralelamente o governo desativa o Setor 7, resultando na demissão do agente Simmons (John Turturro). Em seu lugar é criada a NEST, uma agência comandada pelo capitão Lennox (Josh Duhamel) e o sargento Epps (Tyrese Gibson), que trabalha em conjunto com os Autobots. Porém a NEST enfrenta a resistência de Theodore Galloway (John Benjamin Hickey), o consultor da segurança nacional, que a considera supérflua.

Fonte Sinopse: Adoro Cinema.

Transformers: Revenge of the Fallen – Trailer:

Crítica:

Começarei esta crítica praticamente da mesma forma que comecei a de “Anjos & Demônios”. Nunca assisti ao primeiro filme da franquia “Transformers”, nunca assisti ao desenho que passava na televisão (havia realmente um desenho animado que era exibido na TV? Juro que não me lembro) e nunca brinquei com os bonecos (cuja alcunha atribuída pela criançada na época era: “hóminhos”) dos personagens principais da série. E querem saber o que é pior? Nunca havia nem ao menos ouvido falar nestes tais “Transformers” antes do primeiro episódio da série ter sido lançado nos cinemas do mundo todo no ano de 2.007, e olha que sou da geração de 1.980 (nasci aos 17 de dezembro de 1.983), justamente quando os tais robôs alienígenas estavam no auge.

Mas o que seria eu então? Uma criança anormal? De forma alguma. Acontece que durante a minha infância me preocupava muito mais em assistir a desenhos como “Tom & Jerry”, “Faísca & Fumaça”, “Papa-Léguas”, “Tartarugas Ninja” e “Caverna do Dragão” a assistir os “Transformers” da vida. Logo, nem ao menos tomei ciência da existência do desenho animado durante os meus dias de garoto. Talvez seja justamente por este motivo que fui ao cinema local com toda a frieza que me é inerente. Não estava tão entusiasmado como alguns fãs que ali se encontravam estavam (inclusive, havia muitos “quarentões” na sessão, e sem a companhia dos filhos. Será que tratavam-se de nerds fãs incondicionais da série quando tinham vinte anos de idade? Pode apostar que sim), mas também não estava nem um pouco influenciado pelas críticas negativas que havia lido sobre o primeiro filme.

A sessão começa. Vejo-me sentado novamente na poltrona do meio da sala. Uns robôs, sem mais nem menos, aparecem na pré-história e saem matando seres humanos a torta e a direita, sem quaisquer propósitos pré-estabelecidos. E reside justamente aí a minha maior repugnância para com os filmes que envolvem extra-terrestres. Oras, por que um grupo de alienígenas iria almejar arriscar a própria espécie a fim de dominar um planeta como este (que os próprios robôs, durante muitos momentos do filme, afirmam ser um lixo de planeta)? E por que os “grandalhões” malvados não exterminaram a raça humana e não dominaram o mundo, quando era mais fácil para eles o fazer durante a pré-história? Seria pelo fato de os Autobots (os “mocinhos” da vez) terem impedido? Mas por que cargas d’água um grupo de robôs alienígenas se preocuparia em salvar a nossa espécie?

Francamente, não sei dizer se as questões por mim levantadas acima são furos de roteiro ou fruto de minha ignorância no que diz respeito à franquia “Transformers”, mas caso seja a segunda opção (o que, creio eu, é bem provável), não tenho culpa se o filme não explicou isso durante a sua projeção. Ops… pára tudo, pára tudo (lembram-se do imbecil do João Kleber?)… Acabei de confirmar com o meu pai (e vejam bem, o meu pai sabe muito mais da série do que eu) que os Decepticons (os vilões da vez) na verdade fugiram do planeta natal deles e vieram se esconder na Terra e os Autobots vieram os perseguir. Foi isso mesmo o que aconteceu (pergunto a alguém que tenha assistido ao primeiro filme ou aos episódios da série televisiva, uma vez que o meu pai confessou não ter muita certeza do que estava falando)? Enfim, caso esteja completamente errado e vocês estejam rindo de minha cara (e da de meu progenitor também), novamente insisto que não é culpa minha que um filme com duas horas e vinte minutos de projeção pare um segundo sequer para explicar e/ou relembrar isso.

E falando em projeção, que longa extenso este, não? Sejamos honestos, duas horas e vinte minutos de duração para isso! Para uma estórinha mal contada destas, que não tem nem ao menos a dignidade de se valer por si só (sim, pois como havia dito, o fato de não ter assistido ao episódio anterior faz com que eu nada saiba sobre os reias intentos dos Decepticons aqui na Terra) e depende completamente do episódio anterior para funcionar! Eu me pergunto: o que passava pela cabeça de Michael Bay enquanto filmava tantas cenas altamente dispensáveis para o resultado final da obra? Por que não dar pequenas dicas a espectadores desavisados (como era o meu caso) sobre o real motivo do embate entre Autobots e Decepticons? Afinal de contas, “Transformers 2 – A Vingança dos Derrotados”, apesar de ser uma continuação, é (ao menos era para ser) um episódio extremamente independente do filme que lhe deu origem, ao contrário de “Kill Bill – Volume II”, por exemplo, onde deveríamos assistir ao primeiro longa metragem para entender a sua continuação, já que ambos formam um único filme.

Entretanto, mesmo que recomeçasse esta crítica agora, neste exato momento. Mesmo que soubesse todas as respostas para as perguntas que fiz. Mesmo que fosse o maior entusiasta e conhecedor de “Transformers” da face da Terra, teria achado o filme ruim.

Sim, “Transformers 2…” é ruim por si só, e sabem quem é o maior responsável por isso? Um doce para quem acertar. Claro, Michael Bay, o alvo favorito (ao lado do tão horrendo quanto Uwe Boll) dos críticos de Cinema do mundo todo. O Ed Wood de nossa geração dá sinais de sua incompetência logo no início do filme quando, ao realizar um rápido travelling ou um singelo afastamento de câmera, treme a mesma como se estivesse segurando uma britadeira ligada com a mão oposta. E o que dizer então das exageradas rotações de câmera de cento e oitenta graus quando filma um momento romântico do casal de protagonistas (ele bem que poderia ter aprendido a fazer decentes rotações com Christopher Nolan em “Batman – O Caveleiro das Trevas”)?

E quanto às demais características que sempre marcam, do modo mais negativo o possível, o trabalho do cineasta (gargalhadas pela palavra “cineasta”)? Da mesma forma que constatamos em muitos outros de seus filmes, em “Transformers 2…” Bay aplica inúmeras tomadas em slow motion enquanto mostra os protagonistas fugindo de uma recente explosão, gira a sua câmera “desenhando” uma esfera completa a fim de filmar porta-aviões estadunidenses e, é claro, faz questão de realizar closes de inúmeros soldados caminhando lentamente com aquele ar blasé, típico dos fracassados militares oriundos da Terra do Tio Sam.

Ah, e é claro que não podemos nos esquecer de mencionar o oportunismo (também característico do diretor) adotado com a finalidade de explorar todos os atributos das atrizes símbolos sexuais que trabalham com ele. Para se ter uma idéia, Megan Fox entra em cena montada em uma moto, inclinada para frente, com um short jeans excessivamente minúsculo e a bunda levantada bem ao alto (Está bem, confesso, meu lado pessoal adorou essa cena). E já que mencionei o (suculento) traseiro da atriz, o leitor tem alguma dúvida de que o diretor explora ao máximo esta parte do corpo dela? Basta dizer que, quando a mesma não é exibida com uma blusa deveras decotada e que mostra boa parte de seus seios, Bay faz questão de colocá-la em cena de um modo que a sua câmera consiga filmar os quadris da moça sendo fortemente apertados por uma calça branca extremamente justa (aliás, ela, assim como todos os outros personagens, passa o filme todo com a mesma roupa. Que figurino mais pobre esse, viu!).

E sei que já me estendi demais nesta crítica, principalmente para falar mal de Michael Bay, mas o leitor teria a bondade de me conceder mais uns minutinhos de seu tempo para criticar ainda mais o diretor (fazer o quê? O cara é um desastre em forma de cineasta)? Não bastassem todas as falhas cometidas pelo diretor, ele ainda tem a pachorra de empregar uma trilha-sonora visivelmente maniqueísta para conferir ao longa a sensibilidade que não tem competência para o fazer.

Mas vamos parar por aqui, a crítica já foi muito além do que deveria ter ido.

Em suma, “Transformers 2 – A Vingança dos Derrotados” é o típico filme de ação comercial proveniente dos grandes estúdios de Hollywood: divertido, cheio de adrenalina e repleto de efeitos especiais (visuais e sonoros) dignos de fazer cair o queixo, mas que jamais conseguem maquiar as terríveis falhas que são exibidas durante os seus desnecessariamente longos duzentos e vinte minutos de duração, variando desde a trama apenas razoável, passando pelas atuações nada convincentes por parte de todo o elenco, pelos alívios cômicos frustrantes, e pela falta de carisma dos personagens principais, encerrando-se no pavoroso trabalho de direção. Enfim, segue o estereótipo das obras cuja direção é assinada por um dos maiores engodos do Cinema nos últimos anos: Michael Bay.

Obs.: É impressão minha ou o personagem Leo (que nem ao menos diz a que veio no filme), próximo ao desfecho do longa, é adormecido com um choque em uma cena e, logo na outra, aparece acordado e agindo normalmente como se nada houvesse acontecido? É Sr. Bay, parece que o senhor cometeu um dos erros de continuidade mais ridículos da história do Cinema, o que permite com que possamos lhe atribuir o título de Ed Wood dos anos 1.990 e 2.000.

Avaliação Final: 3,5 na escala de 10,0.

X-Men Origens: Wolverine – **** de *****

Sugeri a mim mesmo (e aos leitores também) na crítica publicada anteriormente que talvez estivesse sendo bonzinho demais em minhas últimas avaliações. Sim, “Presságio” é um filme que vem sendo negativamente avaliado pelo resto da crítica, e o mesmo pode-se dizer de “Ele Não Está Tão a Fim de Você”, e não hesitei em conferir boas notas a ambos. Agora vem este “X-Men Origens: Wolverine” e, adivinhem só, assisto-o e passo a considera-lo um ótimo filme. Estaria eu mudando, imperceptivelmente, os meus métodos de avaliação? Ou será que são os filmes que realmente me agradaram? Ou quem sabe ambas as coisas? Ou talvez nenhuma delas? Enfim, somente o tempo irá me responder, até lá, fiquem com a crítica de “X-Men Origens: Wolverine”, e podem me criticar a vontade pelo simples fato de ter amado um filme que muitos, na certa, odiarão.

Ficha Técnica:
Título Original: X-Men Origins: Wolverine.
Gênero: Ação.
Tempo de Duração: 107 minutos.
Ano de Lançamento: 2009.
Site Oficial: http://www.xmenorigenswolverine.com.br/
País de Origem: Estados Unidos da América.
Direção: Gavin Hood
Roteiro: David Benioff, baseado em personagens criados por Len Wein.
Elenco: Hugh Jackman (Logan / Wolverine), Liev Schreiber (Victor Creed / Dentes-de-sabre), Ryan Reynolds (Wade Wilson / Deadpool), Dominic Monaghan (Bradley), Lynn Collins (Raposa Prateada), Danny Huston (William Stryker), Daniel Henney (David North / Agente Zero), Taylor Kitsch (Remy LeBeau / Gambit), Kevin Durand (Frederick “Fred” J. Dunes / Blob), Stephen Leeder (General Munson), Alice Parkinson (Elizabeth Howlett), Tim Pocock (Scott Summers), Myles Pollard (Lumberjack), Tahyna Tozzi (Emma Frost), Will i Am (John Wraith), Troye Sivan (Logan – jovem), Michael-James Olsen (Victor Creed – jovem) e Patrick Stewart (Prof. Charles Xavier).

Sinopse: A Equipe X é formada apenas por mutantes, tendo fins militares. Entre seus integrantes estão Logan (Hugh Jackman), o selvagem Victor Creed (Liev Schreiber), o especialista em esgrima Wade Wilson (Ryan Reynolds), o teleportador John Wraith (Will i Am), o atirador David North (Daniel Henney), o extremamente forte Fred J. Dunes (Kevin Durand) e ainda Bradley (Dominic Monaghan), que manipula eletricidade. No comando está William Stryker (Danny Huston), que envolve alguns componentes do grupo no projeto Arma X, um experimento ultra-secreto. Entre eles está Logan, que precisa ainda lidar com o desfecho de seu romance com Raposa Prateada (Lynn Collins).

Fonte sinopse e ficha técnica: http://www.adorocinema.com.br/

X-Men Origins: Wolverine – Trailer:

Crítica:

Detesto criticar obras cinematográficas baseadas em histórias em quadrinhos. Por quê? Simples, porque, conforme já mencionei inúmeras vezes, não sou nem um pouco fã de quadrinhos. E para ser mais franco ainda, nada sei sobre os mesmos. O que me lembro com relação a X-Men diz respeito somente à série de desenho animado que passava na hora do almoço e eu acompanhava apenas pelo fato de ter o péssimo hábito de almoçar defronte à televisão. O quê? Ah sim, é claro que já assisti aos outros três episódios da saga cinematográfica, mas se formos analisar a origem do personagem Wolverine, realmente nada sei sobre a mesma.

Desta forma, seria extremamente incoerente e, acima de tudo, injusto, com o leitor caso não analisá-se o filme individualmente, mencionando que o mesmo foge bastante da obra original ou que o protagonista aqui não faz jus ao das histórias em quadrinhos. Analisarei “X-Men Origens: Wolverine” como um filme qualquer, da mesma forma que um espectador comum o faria, sem mencionar obras adjacentes a esta (exceto os três outros filmes da trilogia, que são ótimos) ou quaisquer outras características que estejam ligadas indiretamente ao filme objeto de análise.

É interessante constatarmos que a estória do protagonista tem o seu início em 1.845. Apesar de surreal (a menos que você julgue possível uma pessoa conseguir viver tanto tempo pelo simples fato de ser um mutante), nos dá a entender que ele já passou por inúmeras experiências. E se levarmos em conta a sua anormalidade física, concluímos que Wolverine vivenciou não apenas inúmeras experiências, como também diferentes ocorrências ao longo de sua vida inteira. Vide a sequência dos créditos iniciais, por exemplo, onde podemos acompanhar o protagonista, junto de seu amigo de infância Victor Creed, participando de importantíssimas guerras pelas quais o mundo já passou (uma cena em especial, quando Victor atira insanamente do helicóptero, nos remete ao ótimo “Nascido Para Matar” de Stanley Kubrick).

O filme se desenvolve, as guerras terminam, e Wolverine e Victor entram para um esquadrão especial formado pelo governo, onde apenas mutantes com super-poderes, como eles, passam a fazer parte da equipe. O protagonista passa a discordar da ideologia de tal esquadrão e decide abandonar o mesmo de uma vez por todas. Dentes-de-Sabre, por sua vez, já é um sujeito com características mais animalescas e continua integrando a equipe e cometendo atrocidades contra a humanidade.

E talvez seja justamente nesta polaridade entre os personagens Wolverine e Dentes-de-Sabre que resida o maior defeito do filme. Um é politicamente correto ao extremo, sendo que, quando foge dos eixos, basta gritarem: “___ Logan, você não é um animal!”, e pronto, ele fica calminho, calminho. Já Dentes-de-Sabre é malvado ao extremo. Quando não está quebrando espinhas ou arrancando cabeças por aí, está rindo de forma a provocar os seus adversários. Não há um equilíbrio entre os personagens, conforme havia entre o Batman (justiceiro reacionário) e o Coringa (niilista incompreendido) do excelente “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Logo, o espectador certamente notará uma certa artificialidade na formação da personalidade de ambos os personagens.

Por outro lado, “X-Men Origens: Wolverine” conta com muitos acertos. Vide o roteiro, por exemplo, que parece ter adotado uma tática “pega-crítico-de-Cinema”. Isso mesmo, “pega-crítico-de-Cinema”. Durante muitos momentos senti-me incomodado com os motivos que impulsionavam o personagem-sub-título a clamar por vingança, bem como considerei patética a sub-trama romântica inserida em seu primeiro ato. Já estava formulando em minha cabeça: “___ Quando for escrever a crítica do filme, deverei citar tais defeitos.”. Eis que a trama se desenrola e somos surpreendidos. Aquilo que parecia ser apenas um clichêzinho como outro qualquer torna-se um detalhe inerente para o resultado final da obra.

As sequências de ação do longa também são ótimas e, francamente, dentre todos os filmes que carregam consigo a marca “X-Men”, creio que este seja o que melhor se sai no quesito adrenalina. Não, não temos nenhuma cena que lembre a batalha final entre os mutantes de Xavier e os mutantes de Magneto, tampouco uma cena em que mostre a Golden Gate sendo destruída, assim como também não temos nenhuma sequência de luta tão bem coreografada conforme tínhamos no desfecho do episódio 2, mas o “plus” deste novo capítulo da saga dos mutantes não reside necessariamente em uma única cena, e sim no modo como a ação do mesmo é distribuída durante a projeção inteira, a ponto de jamais fazer com que nos sintamos entediados na poltrona do cinema (e novamente peguei a poltrona central, na fileira central da sala, mesmo a sessão estando lotada ao extremo). Particularmente, penso que este episódio tem mais ritmo que os demais.

O final do filme, no entanto, causa um certo desapontamento, e só não digo que é um tremendo fracasso pois as partes que envolvem ação (sempre elas) são fantásticas, sobretudo a luta envolvendo Wolverine, Dentes-de-Sabre e Deadpool e os efeitos especiais fantásticos que regam a mesma (uma pena ela ser relativamente curta). No mais, a aparição do Professor Charles Xavier é ridícula e totalmente fora de foco (e quando digo fora de foco, refiro-me àquele exato momento), e o modo como o roteiro justifica uma amnésia do protagonista, utilizando para tal as balas de adamantium, soa um tanto o quanto artificial.

X-Men Origens: Wolverine” é um filme de ação despretensioso. Seu roteiro não conta com uma trama tão complexa como a de “X-Men 2”, tampouco realiza uma ampla e reflexiva abordagem sobre o preconceito a tudo o que é tido como fora do comum (de acordo com os padrões sociais, é claro), conforme os demais filmes da trilogia anterior o faziam, mas fornece ao espectador uma estória repleta de reviravoltas e surpresas interessantes, além de se revelar uma distração bem acima da média, recheada de cenas de ação bastante atraentes, temperadas com ótimos efeitos visuais.

Em suma, vá ao cinema, e divirta-se.

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

X-Men Origens: Wolverine – **** de *****

Sugeri a mim mesmo (e aos leitores também) na crítica publicada anteriormente que talvez estivesse sendo bonzinho demais em minhas últimas avaliações. Sim, “Presságio” é um filme que vem sendo negativamente avaliado pelo resto da crítica, e o mesmo pode-se dizer de “Ele Não Está Tão a Fim de Você”, e não hesitei em conferir boas notas a ambos. Agora vem este “X-Men Origens: Wolverine” e, adivinhem só, assisto-o e passo a considera-lo um ótimo filme. Estaria eu mudando, imperceptivelmente, os meus métodos de avaliação? Ou será que são os filmes que realmente me agradaram? Ou quem sabe ambas as coisas? Ou talvez nenhuma delas? Enfim, somente o tempo irá me responder, até lá, fiquem com a crítica de “X-Men Origens: Wolverine”, e podem me criticar a vontade pelo simples fato de ter amado um filme que muitos, na certa, odiarão.

Ficha Técnica:
Título Original: X-Men Origins: Wolverine.
Gênero: Ação.
Tempo de Duração: 107 minutos.
Ano de Lançamento: 2009.
Site Oficial: http://www.xmenorigenswolverine.com.br/
País de Origem: Estados Unidos da América.
Direção: Gavin Hood
Roteiro: David Benioff, baseado em personagens criados por Len Wein.
Elenco: Hugh Jackman (Logan / Wolverine), Liev Schreiber (Victor Creed / Dentes-de-sabre), Ryan Reynolds (Wade Wilson / Deadpool), Dominic Monaghan (Bradley), Lynn Collins (Raposa Prateada), Danny Huston (William Stryker), Daniel Henney (David North / Agente Zero), Taylor Kitsch (Remy LeBeau / Gambit), Kevin Durand (Frederick “Fred” J. Dunes / Blob), Stephen Leeder (General Munson), Alice Parkinson (Elizabeth Howlett), Tim Pocock (Scott Summers), Myles Pollard (Lumberjack), Tahyna Tozzi (Emma Frost), Will i Am (John Wraith), Troye Sivan (Logan – jovem), Michael-James Olsen (Victor Creed – jovem) e Patrick Stewart (Prof. Charles Xavier).

Sinopse: A Equipe X é formada apenas por mutantes, tendo fins militares. Entre seus integrantes estão Logan (Hugh Jackman), o selvagem Victor Creed (Liev Schreiber), o especialista em esgrima Wade Wilson (Ryan Reynolds), o teleportador John Wraith (Will i Am), o atirador David North (Daniel Henney), o extremamente forte Fred J. Dunes (Kevin Durand) e ainda Bradley (Dominic Monaghan), que manipula eletricidade. No comando está William Stryker (Danny Huston), que envolve alguns componentes do grupo no projeto Arma X, um experimento ultra-secreto. Entre eles está Logan, que precisa ainda lidar com o desfecho de seu romance com Raposa Prateada (Lynn Collins).

Fonte sinopse e ficha técnica: http://www.adorocinema.com.br/

X-Men Origins: Wolverine – Trailer:

Crítica:

Detesto criticar obras cinematográficas baseadas em histórias em quadrinhos. Por quê? Simples, porque, conforme já mencionei inúmeras vezes, não sou nem um pouco fã de quadrinhos. E para ser mais franco ainda, nada sei sobre os mesmos. O que me lembro com relação a X-Men diz respeito somente à série de desenho animado que passava na hora do almoço e eu acompanhava apenas pelo fato de ter o péssimo hábito de almoçar defronte à televisão. O quê? Ah sim, é claro que já assisti aos outros três episódios da saga cinematográfica, mas se formos analisar a origem do personagem Wolverine, realmente nada sei sobre a mesma.

Desta forma, seria extremamente incoerente e, acima de tudo, injusto, com o leitor caso não analisá-se o filme individualmente, mencionando que o mesmo foge bastante da obra original ou que o protagonista aqui não faz jus ao das histórias em quadrinhos. Analisarei “X-Men Origens: Wolverine” como um filme qualquer, da mesma forma que um espectador comum o faria, sem mencionar obras adjacentes a esta (exceto os três outros filmes da trilogia, que são ótimos) ou quaisquer outras características que estejam ligadas indiretamente ao filme objeto de análise.

É interessante constatarmos que a estória do protagonista tem o seu início em 1.845. Apesar de surreal (a menos que você julgue possível uma pessoa conseguir viver tanto tempo pelo simples fato de ser um mutante), nos dá a entender que ele já passou por inúmeras experiências. E se levarmos em conta a sua anormalidade física, concluímos que Wolverine vivenciou não apenas inúmeras experiências, como também diferentes ocorrências ao longo de sua vida inteira. Vide a sequência dos créditos iniciais, por exemplo, onde podemos acompanhar o protagonista, junto de seu amigo de infância Victor Creed, participando de importantíssimas guerras pelas quais o mundo já passou (uma cena em especial, quando Victor atira insanamente do helicóptero, nos remete ao ótimo “Nascido Para Matar” de Stanley Kubrick).

O filme se desenvolve, as guerras terminam, e Wolverine e Victor entram para um esquadrão especial formado pelo governo, onde apenas mutantes com super-poderes, como eles, passam a fazer parte da equipe. O protagonista passa a discordar da ideologia de tal esquadrão e decide abandonar o mesmo de uma vez por todas. Dentes-de-Sabre, por sua vez, já é um sujeito com características mais animalescas e continua integrando a equipe e cometendo atrocidades contra a humanidade.

E talvez seja justamente nesta polaridade entre os personagens Wolverine e Dentes-de-Sabre que resida o maior defeito do filme. Um é politicamente correto ao extremo, sendo que, quando foge dos eixos, basta gritarem: “___ Logan, você não é um animal!”, e pronto, ele fica calminho, calminho. Já Dentes-de-Sabre é malvado ao extremo. Quando não está quebrando espinhas ou arrancando cabeças por aí, está rindo de forma a provocar os seus adversários. Não há um equilíbrio entre os personagens, conforme havia entre o Batman (justiceiro reacionário) e o Coringa (niilista incompreendido) do excelente “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Logo, o espectador certamente notará uma certa artificialidade na formação da personalidade de ambos os personagens.

Por outro lado, “X-Men Origens: Wolverine” conta com muitos acertos. Vide o roteiro, por exemplo, que parece ter adotado uma tática “pega-crítico-de-Cinema”. Isso mesmo, “pega-crítico-de-Cinema”. Durante muitos momentos senti-me incomodado com os motivos que impulsionavam o personagem-sub-título a clamar por vingança, bem como considerei patética a sub-trama romântica inserida em seu primeiro ato. Já estava formulando em minha cabeça: “___ Quando for escrever a crítica do filme, deverei citar tais defeitos.”. Eis que a trama se desenrola e somos surpreendidos. Aquilo que parecia ser apenas um clichêzinho como outro qualquer torna-se um detalhe inerente para o resultado final da obra.

As sequências de ação do longa também são ótimas e, francamente, dentre todos os filmes que carregam consigo a marca “X-Men”, creio que este seja o que melhor se sai no quesito adrenalina. Não, não temos nenhuma cena que lembre a batalha final entre os mutantes de Xavier e os mutantes de Magneto, tampouco uma cena em que mostre a Golden Gate sendo destruída, assim como também não temos nenhuma sequência de luta tão bem coreografada conforme tínhamos no desfecho do episódio 2, mas o “plus” deste novo capítulo da saga dos mutantes não reside necessariamente em uma única cena, e sim no modo como a ação do mesmo é distribuída durante a projeção inteira, a ponto de jamais fazer com que nos sintamos entediados na poltrona do cinema (e novamente peguei a poltrona central, na fileira central da sala, mesmo a sessão estando lotada ao extremo). Particularmente, penso que este episódio tem mais ritmo que os demais.

O final do filme, no entanto, causa um certo desapontamento, e só não digo que é um tremendo fracasso pois as partes que envolvem ação (sempre elas) são fantásticas, sobretudo a luta envolvendo Wolverine, Dentes-de-Sabre e Deadpool e os efeitos especiais fantásticos que regam a mesma (uma pena ela ser relativamente curta). No mais, a aparição do Professor Charles Xavier é ridícula e totalmente fora de foco (e quando digo fora de foco, refiro-me àquele exato momento), e o modo como o roteiro justifica uma amnésia do protagonista, utilizando para tal as balas de adamantium, soa um tanto o quanto artificial.

X-Men Origens: Wolverine” é um filme de ação despretensioso. Seu roteiro não conta com uma trama tão complexa como a de “X-Men 2”, tampouco realiza uma ampla e reflexiva abordagem sobre o preconceito a tudo o que é tido como fora do comum (de acordo com os padrões sociais, é claro), conforme os demais filmes da trilogia anterior o faziam, mas fornece ao espectador uma estória repleta de reviravoltas e surpresas interessantes, além de se revelar uma distração bem acima da média, recheada de cenas de ação bastante atraentes, temperadas com ótimos efeitos visuais.

Em suma, vá ao cinema, e divirta-se.

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

Bolt – Supercão – **** de *****

fevereiro 22, 2009 Deixe um comentário
O díficil de se criticar essas novas animações 3D é você não saber ao certo se deve avaliar os novos recursos tecnológicos em terceira dimensão ou não. Oras, pouquíssimos cinemas no Brasil são equipados com esta nova tecnologia (e, pasmem, nesse fim de mundo em que eu vivo, o cinema, que sempre está defasado, conta com a tecnologia 3D), sendo assim, onde estaria o teor democrático se eu avaliasse este “Bolt, o Supercão” analisando o realismo inserido neste novo recurso? Por este motivo, criticarei o filme como se nem ao menos tivesse utilizado um daqueles modernos óculos legais e bizarros para assistí-lo.

Crítica:

Um dos poucos erros contidos em “Bolt, o Supercão” reside na qualidade gráfica do mesmo. Não, em momento algum citei que o filme seja falho neste quesito. Mas sejamos francos, a Walt Disney Pictures sempre se preocupa tanto com a qualidade gráfica de suas animações que, é no mínimo estranho vermos a mesma não ter tido o cuidado que a produção “Wall-E” (a animação mais perfeita da história do Cinema, no que diz respeito à parte gráfica) teve, principalmente se levarmos em conta que o filme do simpático robozinho é um ano mais velho que este longa do, também simpático, cãozinho.

E se a parte gráfica não se mostra tão revolucionária assim (exceto pelo fato do filme poder ser assistido com aqueles óculos tri-dimensionais, mas ainda assim Wall-E impressionava bem mais, mesmo sendo visto a olho nu), a trama também não. Quem já assistiu ao ótimo “A Grande Jornada”, em especial o primeiro episódio da saga, saberá de que estou falando. Bolt (John Travolta) é um cão dos mais belos que participa de um programa televisivo de pura ação. Neste programa, Bolt interpreta um herói cânino que sempre utiliza os seus superpoderes para salvar a aventureira Penny (Miley Cirus) dos mais perigosos obstáculos. Acontece que, a fim de fazer com que o cão atue de verdade, os produtores e diretores da atração televisiva põem na cabeça do protagonista que tudo aquilo é real. Logo, Bolt se imagina um herói de verdade.

Bem, até aí tudo certo, tudo extremamente original e bem inteligente. Então o roteiro decide tomar uma atitude ainda mais original e inteligente, dá um jeito de colocar Bolt para fora dos estúdios e fazer com que o cão se perca. Como será para o ingênuo cachorrinho andar pelas ruas imaginando ser um herói carregado de superpoderes, quando na verdade, tudo aquilo não passa de um conjunto gigantesco de efeitos especiais empregados pelo estúdio de televisão? Como será para Bolt descobrir que ele é apenas um cachorro qualquer, e nada mais? Interessante, não? Muito mais do que interessante, eu diria, é genial! A idéia é fantástica e poderia render um filmaço caso fosse aproveitada da maneira correta. E não é aproveitada da maneira correta? Não. Não que o roteiro erre na mão, mas não acerta tanto o quanto deveria.

A trama poderia apresentar uma série de sequências verdadeiramente hilárias fazendo com que o cãozinho entrasse nas mais inimagináveis confusões ao tentar utilizar os seus superpoderes, mas não. O que se vê então é Bolt tentando voltar para Penny com a ajuda, completamente involuntária, de Mittens (Susie Essman). O problema é que o cão encontra-se em Nova York, e precisa cruzar o país inteiro até chegar em Hollywood. Lembrou-se de alguma coisa? Pois é, conforme supracitei, é a mesmíssima premissa de “A Grande Jornada”. É claro que difere em alguns pontos, como os motivos pelos quais Bolt deve cruzar o país e o ponto de partida e o ponto de chegada do animal, mas não resta dúvidas de que o âmago da estória fora extraído de “A Grande Jornada”.

Entretanto, o filme consegue criar situações bastante interessantes e se revela muito engraçado e divertido. A dinâmica estabelecida entre Bolt e Mittens é das melhores e mais bem trabalhadas. A trama ganha um pouco de força quando entra o hamster Rhino na estória. A propósito, repare no modo como o mesmo tem de se locomover, dentro de uma bola de plástico. Uma jogada bastante inteligente do roteiro. E falando em jogada inteligente, não há como não nos cativarmos com os protagonistas da trama, uma vez que todos os três compõem uma perfeita hierarquia de caça: rato, gato, cachorro, mas se dão perfeitamente bem.

A sensação que temos ao acompanhar a jornada dos ‘heróis’ cruzando o país (ainda mais um país tão fantasticamente incrível, do ponto de vista geográfico, como é o caso dos EUA, que tem a sua vegetação formada por belas florestas, desertos de gelo, deserto convencionais, cidades monumentalmente arquitetadas (Las Vegas), dentre várias outras paisagens) é ótima, e há uma sequência em especial que retrata tudo isso: quando os três animaizinhos protagonizam uma espécie de videoclipe sob o som de uma cativante música country e aparecem em rápidas tomadas cruzando estados como o Missouri, Nebraska, Califórnia e muitos outros.

Infelizmente, “Bolt – Supercão” não se sai tão bem como filme de aventura, que é o que ele pretende ser. São raras as cenas onde vemos o protagonista e seus “fiéis escudeiros” correndo um sério risco de vida, como é a sequência em que eles decidem pular em um trêm (vide foto, é nesta cena, aliás, que Bolt começa a desconfiar de que realmente não tem superpoderes). A cena em que os protagonistas tentam invadir um “lar para animais abandonados”, por exemplo, consegue ser engraçadinha, mas jamais se revela tensa ou emocionante.

De qualquer forma, “Bolt – Supercão” é um filme fantástico e uma ótima opção para se assistir reunido com a família (e caso eu me desse bem com a minha, gostaria de ter ido assistir com ela).

Obs.: Quem diria que o pervertido psicótico Calígula e o ainda mais pervertido e psicótico Alex de Large fosse, um dia, emprestar a sua voz para animação tão “fofinha” quanto esta, hein?

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

A Múmia: Tumba do Imperador Dragão – ° de *****

dezembro 16, 2008 Deixe um comentário
Novamente nos deparamos com mais um filme de seqüência e como em todo o filme de seqüência que se preze, temos abordada a clássica polêmica: estariam os roteiristas e produtores da indústria cinematográfica sofrendo um fortíssimo lapso de criatividade? Ou estariam eles aproveitando o sucesso obtido com o(s) episódio(s) anterior(es) da franquia e almejando realizar um novo blockbuster sem necessitar realizar um enorme esforço intelectual por parte dos envolvidos com a obra, já que a franquia do filme por si só já se revela forte o bastante para atrair milhares de pessoas aos cinemas? Ou seria a junção das duas hipóteses supracitadas? Pois eu aposto nesta última, dando muito mais ênfase à segunda, é claro. E é isto que esse “A Múmia – A Tumba do Imperador Dragão” se revela, uma seqüência preguiçosa, oportunista e desnecessária, cujo único propósito é arrecadar milhões de dólares com a bilheteria, sem ter de se esforçar muito para tal, uma vez que o longa todo não possui uma única ponta de originalidade, parecendo ter plagiado cada aspecto dos demais filmes do gênero.

Ficha Técnica:
Título Original: The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor.
Gênero: Aventura.
Tempo de Duração: 112 minutos.
Ano de Lançamento (EUA / Canadá / Alemanha): 2008.
Estúdio: Universal Pictures / The Sommers Company / Nowita Pictures / Relativity Media / Alphaville Films / Giant Studios / Sean Daniel Company.
Distribuição: Universal Pictures / UIP.
Direção: Rob Cohen.
Roteiro: Alfred Gough e Miles Millar.
Produção: Sean Daniel, Bob Ducsay, James Jacks e Stephen Sommers.
Música: Randy Edelman.
Fotografia: Simon Duggan.
Desenho de Produção: Nigel Phelps.
Direção de Arte: David Gaucher, Isabelle Guay, Nicolas Lepage e Jean-Pierre Paquet.
Figurino: Sanja Milkovic Hays.
Edição: Kelly Matsumoto e Joel Negron.
Efeitos Especiais: Digital Domain / Giant Studios / Special Effects Atlantic / Gentle Giant Studios / Rainmaker / Rhythm and Hues.
Elenco: Brendan Fraser (Rick O’Connell), Maria Bello (Evelyn O’Connell), Jet Li (Imperador Dragão), John Hannah (Jonathan Carnahan), Michelle Yeoh (Zi Juan), Luke Ford (Alex O’Connell), Isabella Leong (Lin), Anthony Wong Chau-Sang (General Yang), Russell Wong (Ming Guo), Liam Cunningham (Mad Dog Maguire), David Calder (Roger Wilson), Jessey Meng (Choi) e Tian Liang (Li Zhou).

Sinopse: O impiedoso imperador dragão (Jet Li) é amaldiçoado pela feiticeira Zi Juan (Michelle Yeoh), o que faz com que ele e seu exército de 10 mil homens seja petrificado. Mais de dois milênios depois o túmulo do imperador dragão é descoberto por Alex O’Connor (Luke Ford), filho dos aventureiros Rick (Brendan Fraser) e Evelyn (Maria Bello), que deixou os estudos para se dedicar à escavação. Seus pais não sabem do trabalho de Alex, que conta com a ajuda do tio, Jonathan Carnahan (John Hannah), dono de uma boate em Xangai. Atualmente Rick e Evelyn levam uma pacata vida em Londres, mas sentem falta da aventura. Um dia eles recebem a proposta de levar um precioso artefato a Xangai e, usando a desculpa de visitar Jonathan, aceitam a missão. Só que ao chegar eles são abordados pelo general Yang (Anthony Wong Chau-Sang), que deseja trazer o imperador dragão de volta à vida.

The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor – Trailer:

Crítica:

Procedido por dois outros filmes pipoca que já não eram lá dos melhores (apesar de serem ligeiramente divertidos), este terceiro episódio da série “A Múmia” parece ter vindo a fim de afundar a franquia de vez. Tudo aqui beira o ridículo, o supérfluo, o frívolo e à falta de originalidade. Falta de originalidade esta que já pode ser observada a partir do subtítulo desta bomba (e olhe que o fato de eu estar utilizando até mesmo o subtítulo deste verdadeiro lixo cinematográfico como artifício para avacalhá-lo é sinal de que o mesmo realmente conseguiu a façanha de me deixar ainda mais mal-humorado do que eu já acordei hoje): “A Tumba do Imperador Dragão”. Mas, afinal da contas, por que Dragão? Além de patético, nada original, marqueteiro e pedante, o subtítulo tenta conferir ao longa um tom de importância altamente desnecessário, tornando o filme ainda mais ridículo do que ele já é por si só.

Provavelmente o maior defeito deste “A Tumba do Imperador Dragão” (gargalhadas, muitas gargalhadas) ocorra justamente em cima do oportunismo financeiro visado pelos produtores do longa que almejaram arrecadar mais alguns milhões de dólares em cima da alta bilheteria já gerada pela franquia nos filmes anteriores. O problema é que os dois episódios antecessores pareciam já ter espremido o máximo que conseguiriam espremer de um roteiro que já nasceu falho (apesar de ligeiramente eficiente) e agora o que restou do mesmo foi um bagaço artístico de péssima qualidade, onde raramente algum cineasta, seja ele quem for, conseguiria a capacidade de extrair algo interessante disto.

Dando início à sua narrativa realizando uma prévia explicação histórica sobre os fatos que viriam a ser abordados mais tarde pelo roteiro (qual?), o longa já se afunda em todos os possíveis clichês do gênero, adotando uma mais que batida estória de maldição. O pior de tudo é constatarmos que a película vai se desenrolando e nenhum aspecto, seja técnico, seja artístico, acompanha o desenrolar da mesma. O roteiro, que já conta com uma trama nauseante, torna a situação ainda pior quando opta por inserir elementos completamente dispensáveis e fora de contexto à estória, obrigando o espectador a ter de tolerar baboseiras como crises familiares (abordadas da maneira mais batida o possível), a formação de um par romântico extremamente previsível e irritante e, acreditem, a inserção dos abomináveis homens das neves como colaboradores dos heróis do filme.

Sim, a falta de idéias para compor este lixo da Sétima Arte (se é que uma baboseira desta proporção pode ser alcunhada de Arte) é tão visível, que a dupla de roteiristas parvos, incompetentes, ridículos, palermas e idiotas, Alfred Gough e Miles Millar (após um trabalho asqueroso destes, creio que ambos deveriam ser exonerados da face da Terra sem o menor resquício de humanismo e/ou dignidade), se viu obrigada a apelar até mesmo a um recurso altamente artificial, tal como a inserção dos lendários Yetis (que, para piorar a situação, foram muito mal trabalhados pela equipe responsável pelos efeitos visuais do filme) na trama a fim de conferir algum chamariz a mesma (e ironicamente, acabaram tornando a mesma ainda mais patética do que ela já seria, e é, por si só).

Quanto à caracterização dos personagens então, nem se fala, esta dispensa comentários haja vista a sua mediocridade. Temos aqui um personagem mais estereotipado que o outro, em especial o tal Imperador Dragão (gargalhadas) que é abordado pelo roteiro tomando por base e alicerce todos (sim, eu disse: todos) os clichês possíveis a fim de se construir um vilão. Além de anunciar a sua maldade matando pessoas oprimidas e indefesas e fazendo as caretas mais carrancudas e artificiais o possível, o filme nos faz o “favor” de tornar a voz deste extremamente grave (chegando a lembrar até mesmo a ridícula voz de Xerxes no ótimo “300”), fato que colabora para que a experiência soe ainda mais irritante do que ela já é por si só. E não bastassem as imperdoáveis e inúmeras (ou seria melhor eu ter mencionado “infinitas” ao invés de “inúmeras”?) derrapadas que o roteiro dá na composição do vilão do longa, a atuação gritantemente inexpressiva e sem carisma do péssimo Jet Li (este que não faria falta alguma ao Cinema caso um dia levasse um tiro no meio da testa) consegue a façanha de transformar o Imperador Dragão em um dos mais ridículos vilões do Século XXI.

“___Mas e como entretenimento, o filme funciona?” ___ Pergunta-me o leitor. “___ Não!” ___ Respondo eu de maneira fria e objetiva. Para que um filme desta natureza possa obter êxito como uma mera obra de diversão, é necessário, no mínimo, que este contenha seqüências de aventura/ação satisfatórias, e isto não é o que ocorre aqui. Ou melhor, ocorrer até ocorre, mas o ridículo diretor Rob Cohen (que jamais imaginei ser capaz de dirigir algo mais pavoroso que “Velozes e Furiosos” e “Triplo X”, até assistir a esta bomba em questão) não demonstra a menor competência para conduzir tais seqüências e as estraga parcialmente (isso para não dizer: “quase inteiramente”). Sinceramente, creio que até mesmo o genial Edwin S. Potter, com toda a falta de tecnologia propícia na época (primeira década do Século XX), se mostrou capaz de realizar uma movimentação com a câmera de maneira mais satisfatória no fantástico curta “O Grande Assalto a Trem” de 1.903 (e confesso não estar mencionando isto hiperbolicamente).

Enfim, eu bem que poderia continuar a minha análise apresentando as demais falhas do filme (porque, acredite, esta bomba consegue conter ainda mais falhas do que as que já foram supracitadas), mas sinceramente não sei se vou me conter e manter a razão que procurei manter até então, sendo assim, a fim de privar-me de cometer injúrias e/ou difamações contra os envolvidos com este “projeto artístico de entretenimento” (atenção às aspas), encerro aqui este texto, redigindo algo que raramente escrevo em minhas análises (até mesmo por considerar isto uma total falta de ética), mas neste caso, não posso dar outro conselho ao leitor(a) que não seja: “evite, a todo custo, assistir a este filme”.

O quê? Ah sim, estava me esquecendo, devo manter a praxe em minhas críticas e reservar o último parágrafo para realizar um resumo da mesma. Pois vamos lá, “A Múmia – A Tumba do Imperador Dragão” se revela um filme previsivelmente (sim, pois era fácil prevermos que, pela maneira com que o segundo episódio se encerrou, as chances de extrairmos algo produtivo aqui seriam mínimas) ridículo e dispensável e, além de contar com quase todos os clichês e estereótipos do gênero, obriga o espectador a passar 92 minutos de seu precioso tempo (e digo precioso pois apesar de curto, o filme custa a passar, haja visto que a sua fraquíssima estória poderia facilmente ser desenvolvida em menos de 50 minutos) tendo que suportar uma estória nada original, carregada de alívios cômicos que não funcionam em hipótese alguma, atuações sofríveis e cenas de aventura/ação bem montadas mas terrivelmente dirigidas pelo péssimo Rob Cohen. Um dos piores filmes que tive o dúbio privilégio de assistir neste início de século.

Avaliação Final: 0,5 na escala de 10,0.

Star Wars – The Clone Wars – *** de *****

novembro 30, 2008 Deixe um comentário

Estava completamente atrasado (e ainda estou, diga-se) com relação à publicação das críticas dos filmes recentes aqui no Papo Cinema em virtude ao tempo que tive de me dedicar aos textos especiais que estive escrevendo recentemente sobre a saga “Star Wars”. Uma vez finalizados tais textos, nada melhor do que ser demasiadamente oportunista e regressar à sessão “Filmes Recentes” entrando no embalo da saga criada por George Lucas e escrevendo sobre o mais novo episódio desta, cujo título vem a ser: “Star Wars – The Clone Wars”. Quem leu os meus textos sobre os demais episódios da franquia deve ter percebido que, apesar de não conferir nota máxima a nenhum dos filmes, sou fã incondicional dos mesmos, sendo assim, é praticamente impossível eu ser objetivo, deixar o lado fanzóide inerte e, por mais que reconheça que este novo episódio contenha uma infinidade de defeitos, não há como negar o quanto ele conseguiu cativar-me, a ponto de me fazer sonhar com o mesmo durante esta noite (assisti ao longa no cinema, no dia 30 de agosto de 2008 às 19hs da noite).

Ficha Técnica:
Título Original: Star Wars: The Clone Wars.
Gênero: Animação/Aventura/Ficção Científica.
Tempo de Duração: 98 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 2008.
Site Oficial: http://www.starwars.com/clonewars
Estúdio: LucasFilm Ltda.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation.
Direção: Dave Filoni.
Roteiro: Henry Gilroy, Steven Melching, Scott Murphy e George Lucas.
Produção: George Lucas, Catherine Winder e Sarah Wall.
Desenhista: Sianoosh Nasiriziba.
Música: Kevin Kiner.
Desenho de Produção: Dawn Turner.
Direção de Arte: Russell G. Chong e Darren Marshall.
Edição: Jason Tucker.
Elenco (vozes): Matt Lanter (Anakin Skywalker), Ashley Eckstein (Ahsoka Tano), James Arnold Taylor (Obi-Wan Kenobi), Dee Bradley Baker (Capitão Rex, Clones, Cody), Tom Kane (Mestre Yoda), Christopher Lee (Conde Dookan), Nika Futterman (Asajj Ventress), Ian Abercrombie (Chanceler Palpatine, Lorde Darth Sidious), Corey Burton (General Loathsom, Ziro, o Hutt), Catherine Taber (Padmé Amidala), Matthew Wood (Dróides de Batalha), Kevin Michael Richardson (Jabba, o Hutt), David Acord (Rotta, o Hutt), Samuel L. Jackson (Mace Windu) e Anthony Daniels (C3P-O).

Sinopse: Após ter o seu filho seqüestrado, o gangster Jabba, o Hutt, do planeta Tatooine, contata a República e o Conselho Jedi para fazer um trato com estes: caso consigam resgatar a criança, eles terão livre acesso às terras do planeta desértico, poderão realizar operações estratégicas e militares no mesmo e, principalmente, contarão com o apoio de Jabba na guerra contra os separatistas. Para obter êxito em tal resgate o Conselho Jedi envia Anakin Skywalker e a sua jovem Padawan, Ahsoka Tano, para liderarem um grupo de soldados que irão se empenhar na libertação do seqüestrado. Contudo, os separatistas, liderados por Conde Dookan, também têm um forte interesse em adquirir o apoio de Jabba e tentarão o possível a fim de prejudicar a missão liderada por Skywalker.

Star Wars – The Clone Wars – Trailer:

Crítica:

De tanto ouvir a crítica especializada desmoralizar este “Star Wars – The Clone Wars” (agora o megalomaníaco George Lucas não autorizou nem mesmo a tradução do subtítulo do longa) acabei indo ao cinema sem muita expectativa para conferir o mesmo, mas ainda assim, na condição de fã absoluto da série, estava gratificado pela vida ter me dado mais uma oportunidade de poder assistir a mais um episódio desta incrível saga nas telonas. O resultado? Surpreendentemente, adorei o filme.

Que o mesmo conta com uma infinidade de defeitos, em especial os diversos furos de seu roteiro, isso não é nenhuma novidade, mas ainda assim considerei-o um longa divertidíssimo, além, é claro, de nos ofertar outra oportunidade de ficarmos frente a frente com personagens que nos cativaram outrora, como é o caso de Obi-Wan Kenobi, Anakin Skywalker e, certamente, Mestre Yoda.

A estória não deixa de ser interessante, em especial a premissa, mas há um grave problema inserido nela antes mesmo de o filme ter o seu início: a incompatibilidade desta com o subtítulo do longa. Quem vai aos cinemas imaginando que irá presenciar uma ampla abordagem sobre as famosas Guerras Clônicas (mencionadas por Luke Skywalker no quarto episódio da saga, no momento em que ele conhece Obi-Wan Kenobi e fica impressionado quando o segundo lhe revela que participou de tais conflitos) com certeza será negativamente surpreendido.

O roteiro, de fato, aborda ligeiramente as tais Guerras Clônicas, mas estas acabam sendo relegadas ao segundo plano, uma vez que a animação opta por retratar o rapto do filho de Jabba, o Hutt, e os esforços realizados pela República com o intento de resgatar a criança. Certamente é muito interessante assistirmos ao salvamento liderado por Anakin Skywalker e sua nova aprendiz, Ahsoka Tano, mas o problema maior está no propósito do mesmo.

Segundo os membros do Conselho Jedi, caso o resgate do filho de Jabba seja bem sucedido, o Hutt irá colaborar com eles na guerra contra os separatistas e o apoio deste é indispensável para a vitória da República. No entanto, há uma visível discrepância contida nesta missão: se o grande líder do planeta Tatooine é tão poderoso quanto os membros do Conselho Jedi prevêem, por que ele mesmo não se vê capaz de formar o seu próprio exército e resgatar o filho? Ao invés disso, a criatura pede auxílio aos Jedi que, utilizando unicamente dois de seus membros e mais alguns pouquíssimos soldados do gigantesco exército dos Clones, conseguem cumprir a tarefa que um exército inteiro, que aparentava ser tão poderoso a ponto de ser indispensável aos olhos da Federação, não se vê capaz de cumprir com êxito.

Mas os furos do roteiro, infelizmente, não param por aí. Principalmente se analisarmos este “The Clone Wars” da maneira que ele deve ser analisado, como um episódio de ligação entre o segundo e o terceiro capítulo da saga. Em “A Vingança dos Sith”, ficou mais do que claro que um dos maiores motivos que fizeram com que Anakin pendesse ao lado escuro da Força foi justamente a falta de confiança que o Conselho Jedi lhe depositava, relegando-o à posição de um mero coadjuvante, quando na verdade, este, em virtude de seu forte orgulho, almejava ser o protagonista de muitas missões.

Neste “The Clone Wars”, no entanto, o mesmo Conselho que, futuramente, viria negar a Anakin a liderança de missões menos complexas alegando que o jovem Padawan era muito pré-potente, impulsivo e despreparado para tal, atribui ao mesmo, incongruentemente, a responsabilidade de liderar uma tarefa de alta periculosidade, cujo fracasso poderia vir a resultar na derrota da República, durante um dos momentos mais conturbados de toda a sua história.

Incongruente também é a decisão do roteiro que opta por inserir duas personagens cujos destinos ficam em aberto com o término da película. Refiro-me à Ahsoka Tano (que, ao contrário da grande maioria das pessoas, não me irritou profundamente. Longe disso, gostei da inserção da mesma na trama, conforme comentarei mais em breve) e a vilã Asajj Ventress. Se a intenção deste “The Clone Wars” era funcionar como um episódio de liga ao segundo e ao terceiro capítulo, por que então tivemos a inserção de duas personagens que nem ao menos voltariam a aparecer em qualquer um dos dois episódios (“O Ataque dos Clones” e “A Vingança dos Sith”) da saga? Se ao menos o roteiro tivesse se incumbido de dar um destino às mesmas, mas nem isso ele fez, simplesmente as inseriu na estória e esqueceu-se de que, no terceiro episódio, nenhuma das duas nem ao menos aparecem e / ou recebem uma singela menção, que seja.

Mas nem tudo no filme são defeitos. Não, muito pelo contrário. É verdade que o roteiro de “The Clone Wars” conta com uma infinidade de furos e erros, conforme fora previamente mencionado, e a animação falha gravemente ao tentar funcionar como amálgama entre “O Ataque dos Clones” e “A Vingança dos Sith”, mas se o analisarmos apenas como uma obra de entretenimento, este se revela uma ótima opção.

Contando com seqüências de aventura cujo alto nível de adrenalina somente uma animação poderia nos proporcionar (uma vez que esta confere uma vasta gama de movimentos aos personagens que, se fossem feitos de carne e osso, não contariam com a mesma flexibilidade), o filme é pura tensão, do intróito ao cabo, e suas cenas de ação são extremamente cativantes e envolventes, sobretudo as lutas de sabre de luz.

Evidentemente que nenhuma luta de sabre de luz inserida neste “The Clone Wars” se equipara ao conflito travado entre Qui-Gon Jinn, Obi-Wan Kenobi e Darth Maul em “A Ameaça Fantasma”, ou ainda ao duelo entre Mestre Yoda e Conde Dookan em “O Ataque dos Clones” e, principalmente, à luta travada entre Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker em “A Vingança dos Sith”, mas não há como negar que a adrenalina proporcionada através dos duelos travados entre Obi-Wan Kenobi e Asajj Ventress, Anakin Skywalker e Conde Dookan (este, inclusive, infinitamente superior à luta ocorrida entre os mesmos protagonistas no início de “A Vingança dos Sith”) e o dificílimo combate entre Ahsoka Tano e três dróides de última geração é fortíssima e faz com que o filme valha cada centavo de seu ingresso.

Muito tem-se comentado também sobre a personagem Ahsoka Tano e o quão irritante esta é. Particularmente, a mesma não conseguiu causar-me quaisquer espécies de neurastenia ou coisas do tipo. Muito pelo contrário, confesso ter me surpreendido com a jovem Padawan. As habilidades presentes nela são incríveis e o trabalho desempenhado pela garota revela-se de suma importância para o êxito da missão. É claro que as vestimentas e os trejeitos egípcios que a caracterizam se mostram um tanto o quanto artificiais e oportunistas (uma vez que Ahsoka caminha, durante boa parte do filme, pelos extensos desertos de Tatooine, que muito nos remete à lembrança do Egito), mas creio que este seja o único detalhe que tenha me deixado verdadeiramente indiferente com a presença da garota (além, é claro, de o roteiro não ter previamente justificado o porquê desta simplesmente não aparecer e, nem ao menos ser mencionada, no terceiro episódio da saga, conforme já fora citado alguns parágrafos acima).

Um outro aspecto que tem sido muito criticado negativamente neste mais novo episódio que carrega o nome da brilhante franquia cinematográfica “Star Wars” é a qualidade técnica de sua animação. Em tempos onde personagens desenhados se mostram quase tão reais quanto personagens de carne e osso, tamanha a evolução tecnológica desenvolvida pelos estúdios da Pixar e da Dreamworks (em especial o primeiro), como é o caso do carismático robozinho protagonista do excelente “Wall-E”, era de se esperar que este “The Clone Wars” conta-se com uma qualidade gráfica bem mais avançada do que a que fora definitivamente apresentada aqui.

No entanto, não sou destes críticos que analisam um filme tomando por base uma outra obra cinematográfica. Olhando por este prisma e analisando “The Clone Wars” individualmente, podemos chegar à conclusão que, se a animação não faz jus a um “Wall-E” ou a um “Kung Fu Panda” no que diz respeito à sua parte gráfica, ela, ao menos, se mostra demasiadamente satisfatória neste quesito e, além de seus personagens terem sido muito bem desenhados, a movimentação destes é bastante convincente (salvo a movimentação ocular, que é a única restrição que faço aos mesmos).

A trilha-sonora também tem sido alvo de críticas extremamente negativas, principalmente vindas por parte dos saudosistas que idolatravam John Williams. Certamente, a genialidade de Kevin Kiner nem ao menos arranha a do compositor responsável pela trilha da saga original, em especial quando o filme se inicia e tomamos ciência de que a clássica música de abertura teve alguns acordes acrescentados, fato que adiciona algumas “gordurinhas” desnecessárias à mesma, mas não há como negar que a mescla de New Metal com Heavy Metal foi uma idéia genial de Kiner (apesar de eu detestar o primeiro sub-gênero musical citado) e torna as seqüências de ação do longa ainda mais eletrizantes do que elas já seriam por si só.

A direção de Dave Filoni também é uma característica que se revela bastante satisfatória. Durante o início do filme, as câmeras se movimentam com bastante versatilidade a fim de acompanhar as batalhas travadas entre a República e os separatistas no planeta Kristophsis. Com o desenrolar da trama, no entanto, a direção de Filoni vai perdendo o seu ritmo, mas ainda assim se mostra satisfatória e convincente o bastante a ponto de chamar a atenção do público até o seu último segundo de projeção, conferindo sempre muita dinamicidade ao longa.

Em suma, “Star Wars – The Clone Wars” é uma animação que conta com inúmeras falhas e furos em seu roteiro e se revela demasiadamente frágil se a analisarmos como um capítulo que serve de amálgama entre o segundo e o terceiro episódios. Contudo, analisando-a individualmente, a animação é bem feita e funciona com bastante eficácia se tomarmos esta apenas como uma obra descompromissada de entretenimento. Seus aspectos técnicos são muito satisfatórios, Dave Filoni realiza uma direção competente, a trilha-sonora, apesar de não se equiparar à de John Williams nem nos sonhos mais bizarros que o espectador possa ter, confere ainda mais ritmo às fascinantes e estonteantes seqüências de ação (estas que, de longe, são a maior qualidade do filme) e os personagens, apesar de conterem algumas falhas, são interessantes em sua maioria.

Avaliação Final: 7,0 na escala de 10,0.

Star Wars – Episódio VI – O Retorno do Jedi – **** de *****

novembro 30, 2008 Deixe um comentário
Provavelmente, uma das despedidas mais tristes da história do Cinema. Não que o filme em si, ou o seu desfecho, seja melancólico, longe disso, mas a verdade é que não deve ter sido nada fácil para os fãs da saga (que em 1983 já eram muitos espalhados por todo o mundo) se acostumarem com a idéia de que jamais ouviriam novamente nos cinemas a respiração profunda, assustadora e ofegante do mais marcante vilão que a sétima Arte já nos apresentou. O que seriam dos milhões de nerds lucasmaníacos sem os golpes de sabre de luz desferidos por Luke Skywalker? Sem as batalhas espaciais magistralmente comandadas por Han Solo? Sem o charme e a independência feminina de Leia Organa? Sem os rugidos incompreensíveis de reclamação de Chewbacca? Sem a dinâmica da atrapalhada dupla de dróides R2-D2 e C3PO? Pois é, em 1983 eu nem ao menos havia nascido, ou melhor, nasci apenas no final deste ano, quando o filme já havia estreado, mas mesmo assim já posso imaginar toda a melancolia que se alastrou nos fãs do mundo todo acerca desta magnífica saga que revolucionou o modo de se fazer os chamados “filmes-pipoca”.


Ficha Técnica:

Título Original: Return of the Jedi.
Gênero: Aventura/Ficção Científica.
Tempo de Duração: 131 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 1983.
Site Oficial: www.starwars.com/episode-vi
Estúdio: LucasFilm Ltda.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation.
Direção: Richard Marquand.
Roteiro: George Lucas e Lawrence Kasdan, baseado em estória de George Lucas.
Produção: Howard G. Kazanjian.
Música: John Williams.
Direção de Fotografia: Alan Hume.
Desenho de Produção: Norman Reynolds.
Direção de Arte: Fred Hole e James L. Schoppe.
Figurino: Aggie Guerard Rodgers e Nilo Rodis-Jamero.
Edição: Sean Barton, Duwayne Dunham e Marcia Lucas.
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic.
Elenco: Mark Hamill (Luke Skywalker), Harrison Ford (Han Solo), Carrie Fisher (Princesa Leia Organa), Billy Dee Williams (Lando Calrissian), David Prowse (Darth Vader), James Earl Jones (Darth Vader – Voz), Ian McDiarmid (Imperador Cos Palpatine), Alec Guinness (Obi-Wan Kenobi), Anthony Daniels (C3PO), Kenny Baker (R2D2/Paploo), Peter Mayhew (Chewbacca), Sebastian Shaw (Anakin Skywalker), Frank Oz (Yoda) e Michael Pennington (Moff Jerjerrod).

Sinopse: Após ter sido raptado pelo caçador de recompensas Borba Fett, Han Solo (Harrison Ford) é levado como refém até o gangster Jabba, o Hutt. Luke Skywalker (Mark Hamill) e seus amigos partem em uma missão com o objetivo de resgatar o importante general. Enquanto isso, o Imperador Cos Palpatine (Ian McDiarmid) e Lorde Darth Vader (atuação: David Prowse, voz: James Earl Jones) lideram o projeto de construção de uma nova “Estrela da Morte” (estação espacial super poderosa que havia sido destruída pelos soldados da Aliança Rebelde em “Uma Nova Esperança”) ainda mais poderosa que a anterior. Em uma desesperada e arriscada tentativa de defesa, os líderes da Aliança Rebelde nomeiam Lando Calrissian (Billy Dee Williams) para comandar um ataque à nova estação espacial imperial e Luke Skywalker se prepara para o grande desafio de sua vida: enfrentar e derrotar Darth Vader e Cos Palpatine, tornar-se um verdadeiro cavaleiro Jedi e encerrar com esta guerra de uma vez por todas, trazendo paz e liberdade ao universo.

Return of the Jedi – Trailer:

Crítica:

“O Retorno de Jedi” se inicia com a tentativa frustrada, organizada por Luke, Leia, Lando, Chewbaca, R2-D2 e C3PO, de salvar Han Solo das garras de Jabba, o Hutt. Durante este resgate mal-sucedido, o filme brinda o espectador com figurinos, maquiagem e efeitos visuais simplesmente vislumbrantes. Nunca, em toda a trilogia, os realizadores se mostraram capazes de aproveitar todas as qualidades técnicas da obra a fim de criar uma diversificação tão ampla de criaturas quanto às que nos são apresentadas no início deste último episódio, no reduto de Jabba e os responsáveis pelos efeitos visuais e pela maquiagem se revelam extremamente competentes ao darem um ar ainda mais realista às bizarras criaturas.

Outro ponto forte inserido em tal seqüência inicial reside na criatividade que o roteiro e a direção tiveram ao construí-la. Preste atenção, por exemplo, na riqueza de detalhes utilizada para compor as coreografias e os números de dança realizados na residência de Jabba. Observe também os acordes musicais tocados, remetendo-nos à lembrança de um gênero no melhor estilo free jazz. Tudo aparenta ter sido minuciosamente bem pensado, escrito e executado. O resultado não poderia ter sido melhor.

A entrada de Luke Skywalker em cena também colabora muito para que esta ganhe muito ritmo, uma vez que os poderes de Jedi do jovem protagonista ampliaram-se consideravelmente e a evolução técnica da obra, principalmente no que diz respeito aos efeitos visuais desta, faz com que as seqüências de luta com sabre de luz se tornem muito mais reais e empolgantes e contem com movimentos muito mais ousados que os dos episódios anteriores.

Mas se por um lado tal seqüência revela-se extremamente interessante, analisando-a apenas como entretenimento, por outro lado a mesma revela-se fraca e parcialmente desnecessária do ponto de vista narrativo. Justifico tal afirmativa tomando por base que, apesar de nos mostrar o resgate do general Han Solo (que primeiramente se revela frustrado, mas com a entrada de Luke em cena toma um outro rumo), os minutos iniciais do filme fogem completamente da proposta principal da trilogia que é narrar a guerra estelar entre o Império Intergaláctico e a Aliança Rebelde.

Evidentemente, é uma excelente pedida presenciarmos em um blockbuster (ainda mais um com as proporções de um “Star Wars”) cenas de ação fantásticas regadas com impecáveis efeitos visuais, além, é claro, de contar com uma atriz formosíssima (bem, ao menos, na época, ela era muito formosa, gostosérrima (me desculpem pela vulgaridade, garotas, mas estou sendo sincero), para falar a verdade), do naipe de uma Carrie Fisher, trajando vestimentas apertadíssimas e minúsculas, mas sejamos francos, para que uma seqüência destas dure longos vinte minutos, é necessário, ao menos, que esta tenha um propósito muito maior dentro da trama do que simplesmente mostrar o resgate de um dos protagonistas da mesma, algo que poderia ter sido realizado em cerca de cinco minutos.

Outro defeito presente em tal seqüência é o modo desonroso como Bobba Fett, que havia se revelado um importante e interessante personagem até então, sai de cena: o mesmo é derrotado por Han Solo através de um golpe de sorte e o que já era ridículo consegue piorar ainda mais devido ao fato de o longa utilizar tal cena como alívio cômico. Aliás, a maneira como este “O Retorno de Jedi” se “desfaz” de muitos de seus personagens é um dos maiores defeitos do mesmo. Note, por exemplo, a seqüência que ilustra a morte de um certo personagem, cuja identidade manterei em segredo, que havia cativado imensamente o público. Ele simplesmente diz: “___ Estou velho, preciso descansar.”, e pronto, sai de cena, sem mais nem menos, da maneira menos sutil o possível.

O roteiro, escrito por George Lucas e Lawrence Kasdan, optou, desta vez, por explorar menos os seus protagonistas, inclusive o próprio Darth Vader, e devo reconhecer que esta fora uma sábia decisão, uma vez que o desenvolvimento dos personagens principais já havia sido realizado com maestria nos longas anteriores. Sendo assim, não há nada mais conveniente então, do que o roteiro tomar a inteligente decisão de focar-se, principalmente, em amarrar as pontas deixadas em aberto pelos dois episódios anteriores, deixando os seus protagonistas em segundo plano (salvo o Imperador Cos Palpatine que, pela primeira vez na trilogia, é abordado de uma maneira demasiadamente ampla e torna-se um dos personagens principais deste episódio final), e é justamente isto o que ocorre aqui.

Mas o roteiro conta com diversas falhas e estas, infelizmente, não se resumem aos minutos iniciais do longa, conforme já consta citado neste texto. A artificial revelação sobre o grau de parentesco entre Luke e Leia é o exemplo mais claro disso. Francamente, poucas revelações soaram tão artificiais, desnecessárias e formulaicas na história do Cinema quanto à cena em que Luke revela a Leia que possui um forte grau de parentesco com esta.

A direção de Richard Marquand, que em sua totalidade se revela muito boa, também comete alguns deslizes imperdoáveis e torna os defeitos que já vinham do roteiro ainda mais alarmantes. Vide os alívios cômicos. Em sua grande maioria, são todos infantis, desnecessários, tolos. Ao menos desta vez o casal Leia e Han se mostra mais maduro e Marquand dirige o romance entre ambos de maneira convincente e nada irritante. Sem dúvida alguma foi a melhor química entre ambos durante toda a saga.

As seqüências de aventura foram extremamente bem distribuídas pelo roteiro e estas colaboram, e muito, para que o filme jamais se torne cansativo e/ou visivelmente longo (salvo a seqüência inicial, conforme já fora comentado). Contudo, o roteiro se esquece de algo importantíssimo ao criar tais cenas: deve-se sempre dar prioridade ao qualitativo e relegar o quantitativo ao segundo plano. “O Retorno de Jedi” é o episódio da saga que conta com mais cenas de ação, contudo, nenhuma destas chega aos pés da perseguição espacial entre Han Solo e as naves imperiais dentro de uma tempestade de asteróides no episódio anterior, ou, principalmente, do ataque que a Aliança Rebelde realiza à estação espacial “Estrela da Morte” no episódio original. Parte desse defeito deve-se ao diretor Richard Marquand que, apesar de criar ângulos satisfatórios enquanto dirige tais cenas, não se mostra capaz de dar a estas a mesma sensação de urgência e perigo imediato que os diretores George Lucas e Irvin Kershner conseguiram fazer com maestria nos, respectivamente, quarto e quinto episódios.

Mesmo com todos os defeitos já relatados neste texto, não há como negar que “O Retorno de Jedi” é um ótimo filme e conta com muito mais qualidades do que defeitos. A maior qualidade do longa, muito provavelmente, fica por conta da maneira como este consegue amarrar algumas pontas deixadas pelos episódios anteriores de maneira natural. Certamente, a morte de muitos personagens (dois em especial) aqui soa extremamente artificial e parece ser mais uma jogada do roteiro, como se este tivesse a obrigação de dar fim a tais personagens e, seja pela falta de tempo, criatividade, ou até mesmo, força de vontade, o faz de modo nada convincente. Ainda assim, os roteiristas Lucas e Kasdan se preocupam em criar um desfecho extremamente interessante à trama e aos seus respectivos protagonistas.

A dinâmica desenvolvida entre Luke Skywalker e Darth Vader também é outro ponto extremamente forte e relevante deste episódio final, principalmente depois da revelação ocorrida em “O Império Contra-Ataca”. E se no longa anterior a luta entre ambos já se mostrava extremamente tensa e dramática, imagine só neste “O Retorno do Rei” o impacto emocional que a mesma causa, principalmente quando sabemos que ali, um dos dois irá encontrar o seu trágico fim, além, é claro, desta vez estarmos cientes do grau de parentesco entre ambos, uma vez que no longa anterior Vader faz a revelação a Luke somente após a luta ter se encerrado.

E a carga dramática entre Vader e Skywalker certamente não reside apenas no dramático combate final entre ambos (que se revela a melhor luta de sabres de luz de toda a trilogia, apesar de não chegar aos pés da maioria das seqüências de ação dos dois episódios anteriores), muito pelo contrário. O âmago de tal química encontra-se nos diálogos entre o mocinho e o vilão da estória. O primeiro, tenta convencer o outro de que ainda há bondade nele e há a possibilidade deste voltar a atuar pelo lado iluminado da Força, ao passo que o segundo, tenta desesperadamente compenetrar o jovem Jedi a seguir o lado escuro da Força e derrotar o Imperador de uma vez por todas, assumindo o controle total do império ao seu lado.

Falando no imperador Cos Palpatine, a aparição deste também aumenta, e muito, o peso dramático do filme. Nos longas anteriores víamos Palpatine apenas através de hologramas, neste episódio de encerramento, presenciamos o mesmo em carne e osso, durante muitas cenas do filme e pode apostar, apesar deste não possuir traços tão marcantes quanto os de Vader, ele se revela tão assustador quanto o seu subordinado. Outra característica marcante de Palpatine reside na oratória deste. Sempre disposto a persuadir às pessoas a seguirem os seus ideais ao invés de simplesmente descarregar seus poderes nestas, o imperador apela a Luke para que este se junte a ele utilizando sempre diálogos extremamente convincente, como por exemplo a cena em que mostra ao rapaz as terríveis baixas que a Aliança Rebelde está sofrendo no confronto direto com o Império e que a única possibilidade de salvá-los é justamente unindo-se ao lado escuro da Força. O imperador também desempenha um papel muito importante para o destino final de Vader e Skywalker e colabora para que o combate entre ambos tenha um resultado final tão dramático quanto teve no longa anterior.

Apesar de ficar bem aquém aos outros dois episódios da saga, “O Retorno de Jedi” conta com um roteiro que se preocupa em amarrar, de maneira fascinante (salvo em um outro caso onde se mostra extremamente artificial ao fazê-lo), as pontas que os seus antecessores deixaram em aberto e desenvolve a química entre Luke Skywalker e Darth Vader de um modo épico. O imperador Cos Palpatine, que antes só nos era apresentado via hologramas, aparece em carne e osso neste episódio final e ganha uma abordagem digna de líder de Darth Vader. Os aspectos técnicos do filme são fantásticos, a direção de arte cria cenários inesquecíveis e os efeitos visuais são os melhores de toda a trilogia, além, é claro, de possibilitarem com que as lutas de sabre de luz sejam mais realistas e empolgantes que as dos filmes anteriores. O longa, no entanto, se revela falho em muitos de seus aspectos, sobretudo pelo início desnecessariamente longo, pelos alívios cômicos pífios e, principalmente, por não contar com seqüências de aventura realmente marcantes, como os episódios anteriores conseguiram fazer. Um ótimo filme, mas não há como negar que a saga “Star Wars” merecia um desfecho bem mais digno.

Avaliação Final: 8,0 na escala de 10,0.

Star Wars – Episódio V – O Império Contra – Ataca – ***** de *****

novembro 30, 2008 Deixe um comentário
É uma grande honra e um grande esmero para mim, poder, finalmente analisar este quinto episodio da saga “Star Wars”. Que venerei veementemente a mesma durante a minha infância, isso todos que acompanham o meu trabalho já sabem, agora, o meu carinho em especial por este quinto episódio está sendo revelado em primeira mão aqui, nesta pré crítica do longa. Sinceramente, não consigo descrever, demonstrar em palavras, o quão importante esta verdadeira Obra-Prima do Cinema fora para o desenvolvimento de minha paixão pela Sétima Arte. Meu pai lembra-me até hoje da minha reação enquanto assistia ao filme pela primeira vez e, ao ver o protagonista Luke desconcentrando-se de seu treinamento para se tornar um Jedi, acabara, involuntariamente, derrubando o simpático dróide R2-D2. Curioso como sempre fui (e agora, sabe-se lá o porquê, não sou mais), tratei de perguntar ao meu progenitor: “Pai, por que o R2 caiu?”. Sei que a frase é clichê, mas enfim: “Bons tempos aqueles”.

Ficha Técnica:
Título Original: The Empire Strikes Back.
Gênero: Aventura / Ficção Científica.
Tempo de Duração: 124 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 1980.
Estúdio: LucasFilm Ltda.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation.
Direção: Irvin Kershner.
Roteiro: Leigh Brackett e Lawrence Kasdan, baseado em estória de George Lucas.
Produção: Gary Kurtz.
Música: John Williams.
Direção de Fotografia: Peter Suschitzky.
Desenho de Produção: Norman Reynolds.
Direção de Arte: Leslie Dilley, Harry Lange e Alan Tomkins.
Figurino: John Mollo.
Edição: Paul Hirsch e Marcia Lucas.
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic.
Elenco: Mark Hamill (Luke Skywalker), David Prowse (Darth Vader), James Earl Jones (Darth Vader – Voz), Harrison Ford (Han Solo), Carrie Fisher (Princesa Leia Organa), Frank Oz (Yoda – Voz), Jeremy Bulloch (Boba Fett/Tenente Sheckil), Billy Dee Williams (Lando Calrissian), Alec Guinness (Obi-Wan Kenobi), Anthony Daniels (C3PO), Kenny Baker (R2D2), Peter Mayhew (Chewbacca) e Clive Revill (Imperador Cos Palpatine – Voz).
Sinopse: Após ser descoberta pelos exércitos imperiais, a Aliança Rebelde opta por montar a sua base de operações militares em um local discreto, onde o império jamais possa encontrá-los com facilidade. Entretanto, o Senhor do Mal: Lorde Darth Vader (atuação: David Prowse, voz: James Earl Jones), envia sondas aos sistemas solares mais longínquos do espaço sideral a fim de localizar seus inimigos e o plano funciona perfeitamente. Após uma batalha fortíssima contra o Império, os rebeldes têm muito de seu potencial enfraquecido e decidem fugir para não serem capturados. Luke Skywalker (Mark Hamill) recebe uma visita de seu antigo tutor Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness) e este lhe aconselha a procurar por Mestre Yoda (Frank Oz) dando início ao seu treinamento para tornar-se um Jedi. Han Solo (Harrison Ford), Princesa Leia Organa (Carrie Fischer), Chewbaca (Peter Mayhew), R2-D2 (Kenny Baker) e C3PO (Anthony Daniels) conseguem escapar ilesos da frota espacial imperial, mas a sua nave é seriamente atingida e necessita fazer reparos. Para isso, Han Solo decidi ir até Curoscant, encontrar-se com Bobba Fett (Jeremy Bulloch), um velho conhecido, e solicitar-lhe auxílio com os reparos.
Star Wars – Episode V – The Empire Strikes Back – Trailer:

Crítica:
Peço ao leitor que me responda rapidamente a seguinte questão: qual é a primeira coisa que lhe vem à mente quando se pensa em “Star Wars”? Aposto que 90% das pessoas que leram esta pergunta responderam: Darth Vader, estou errado? Pois é, não há como negar que, por mais que personagens como Luke Skywalker, Capitão Han Solo, Princesa Leia, Chewbaka, Mestre Yoda, Obi-Wan Kenobi, e até mesmo os robôs R2-D2 e C3PO nos cativem amplamente, a alma da trilogia é o senhor das trevas: Lorde Darth Vader. Só para se ter uma idéia, em quase todas as listas, elaboradas por cinéfilos, com o intento de eleger os melhores vilões da estória do Cinema, adivinhe só quem encabeça as mesmas com unanimidade? Sim, ele mesmo, Lorde Darth Vader.
Mas o que faz de Vader este personagem tão marcante? Tão onipresente na memória da grande maioria dos fãs da sétima Arte? Seria a sua respiração assustadora e ofegante? Seria a sua fantasia aterrorizadoramente sombria e escura? Seria sua voz vibrante e penetrante? Seriam seus poderes devastadores de Lorde Sith (vide o modo como ele é capaz de sufocar um sujeito que está a anos luz de distância dele)? Creio que seja tudo isso e muito mais, em especial o lado psicológico deste. Vader passa a causar interesse no espectador a partir do momento em que, no episódio anterior, exatamente no intróito do filme, ficamos sabendo, através de Obi-Wan Kenobi, que o vilão já fora um promissor Jedi outrora, mas converteu-se ao lado negro da Força e exterminou a grande maioria dos mestres Jedi. Quais os motivos que levariam um promissor defensor do lado iluminado da Força a tornar-se aquilo que mais odiava? Particularmente, creio que seja exatamente isto que torna Vader um objeto de estudo tão interessante, o modo como o roteiro explora o seu lado psicológico e o transforma em um simples produto do meio e das circunstâncias que este lhe proporcionou. Por mais poderoso que Vader seja, não há como negar que ele possuía inúmeras fraquezas a ponto de ter sua ideologia de vida drasticamente convertida, deslocando-se de uma polaridade para outra, fato que o torna um vilão vulnerável, ou seja, muito mais palpável de se absorver em um contexto real.
Contudo, conforme mencionei em minha crítica, em “Uma Nova Esperança” o grande vilão desta saga acabou não sendo explorado da maneira profunda com que deveria ter sido. Se por um lado o episódio anterior ganha pontos ao conferir vulnerabilidade a Vader, tornando-o um reles subordinado do Comandante Vanden Willard, por outro lado falha na construção do personagem, fazendo-o não cativar o público tanto o quanto deveria. Neste “O Império Contra-Ataca” a situação se inverte. Optando sabiamente por escreverem um roteiro que dá total ênfase ao vilão, Leigh Brackett e Lawrence Kasdan fazem de Vader o âmago deste quinto episódio e, indiscutivelmente, a maior qualidade deste.
A direção de Irvin Kershner é outro ponto fortíssimo do longa e se mostra extremamente competente ao conduzir as cenas protagonizadas por Vader, fazendo com que as mesmas causem o impacto que o roteiro tanto almeja. Note, por exemplo, a perfeição que é o primeiro plano-seqüência, onde vemos o Senhor do Mal dar as caras neste quinto episódio pela primeira vez. Começamos com a brusca movimentação das naves do império pela galáxia, procurando insaciavelmente por membros da Aliança Rebelde. A música Imperial March, brilhantemente orquestrada pelo mestre John Willians, é ressoada de maneira que cause um impacto direto no espectador e, finalmente, vemos Lorde Darth Vader sentado em sua majestosa poltrona. Uma cena arrepiante, marcante, magistralmente bem realizada por Kershner, que confere uma união perfeita entre vários aspectos do longa (direção, direção de arte, trilha-sonora, fotografia, figurino e, é claro, roteiro) e que, por si só, já faz com que o espectador necessite dar uma conferida na obra, mesmo que este não se interesse pela trilogia.
Mas é óbvio que “O Império Contra-Ataca” não se resume apenas a Darth Vader. Contando com um roteiro fabuloso que apresenta uma carga dramática maior que o filme original, este quinto episódio se mostra inquestionavelmente formidável em quase todos os seus aspectos. Comecemos pelo desenvolvimento de seus demais personagens. Em “Uma Nova Esperança”, o longa contava com um ponto indispensável a todo o episódio de abertura de série (ou saga, caso o leitor prefira) que se preze: a aprofundada abordagem de seus protagonistas (salvo Darth Vader, conforme fora previamente mencionado). Este “O Império Contra-Ataca”, contudo, opta engenhosamente por não tentar desenvolver seus personagens de uma maneira individual (coisa que o filme anterior fizera com maestria), o que faria com que o mesmo perdesse muito tempo inutilmente, e o faz através da química elaborada entre dois ou mais personagens e/ou mediante as situações as que os mesmos são respectivamente submetidos.
Há, no entanto, uma falha gravíssima contida no roteiro de “O Império Contra-Ataca” quando este desenvolve a química existente entre dois determinados personagens do longa. Refiro-me a Han Solo e Leia. O flerte entre ambos que havia se iniciado de maneira conveniente e satisfatória no filme anterior, beira o ridículo aqui, obrigando o espectador a se conformar com diálogos forçados e artificiais do tipo: “___ Sei que você me ama, não adianta disfarçar.” ou “___ No fundo você adoraria ficar com um cara bonitão como eu.”. Não bastasse isso, temos uma série de piadinhas ridículas em cima do romance entra ambos e, francamente, não há como não se irritar com a química desenvolvida entre os personagens de Ford e Fisher, pois eles formam o típico casal clichê: “nos odiamos, mas, no fundo, nos amamos!”.
Menos artificial e mais satisfatória é a fantástica química desenvolvida entre o protagonista Luke Skywalker e seu mais novo mentor, o ex-líder do Conselho Jedi: Mestre Yoda. Contando com diálogos cuja superioridade se mostra ululante aos de Han e Leia, o bizarro, mas ainda assim estranhamente cativante, Mestre Yoda dá a Luke (e a nós, espectadores), lições sobre paciência, autoconfiança, plenitude e estabilidade emocional e racional. A inserção do mestre Jedi na trilogia antiga foi um dos pontos mais altos da mesma e não é a toa que este tornou-se um personagem quase tão marcante quanto o próprio Darth Vader. Luke Skywalker também é muito bem desenvolvido em função de tal química, sobretudo a rebeldia do mesmo (note a maneira como este reluta em relação a algumas exigências de Yoda e no modo como ele não segue o conselho do mentor, abandonando-o para salvar os amigos) que muito difere dos dogmas estoicistas adotados por seu pai no primeiro episódio da saga.
As seqüências de aventura também são ótimas e, apesar de ficarem bem aquém das do quarto episódio, se revelam altamente dinâmicas. Ao contrário da grande maioria dos filmes de aventura, a saga “Star Wars” parece preocupar-se em criar situações onde os protagonistas realmente se encontrem em total perigo e nós, espectadores, consigamos desenvolver um elo emocional com os mesmos, praticamente adentrando na pele destes e passando pelos mesmos perigos que eles também passam. A seqüência em que Solo e Léia, a fim de fugir e despistar as naves imperiais, adentram uma tempestade de meteoros e correm seriíssimo risco de vida é uma prova cabal disto. Ainda mais emocionante e tensa é a seqüência inicial em que o Império descobre a nova base de operações da Aliança Rebelde e comanda um ataque à mesma (esta seqüência torna-se ainda mais eficiente quando Darth Vader entra em cena).
“O Império Contra-Ataca” conta também com uma direção de arte que beira à perfeição (principalmente se levarmos em conta a época em que o filme fora produzido). Desta vez, as naves são ainda mais bem detalhadas que no episódio anterior, conferindo ainda mais realismo às mesmas. Os cenários também são fantásticos, em especial Curoscant vista do alto, uma cidade incrivelmente futurística entre as nuvens, algo que incita à imaginação do espectador e confere um crédito ainda maior a toda magia que envolve a obra. Simplesmente fantástico.
Os efeitos visuais também não ficam muito atrás. Da mesma forma que a caracterização do gangster Jabba, the Hutt, impressionava os espectadores pela sua aparência quase real, o mesmo ocorre com o inesquecível Mestre Yoda, mas com uma grande diferença: Yoda, aqui, é ainda mais convincente e real que Jabba, uma vez que seus movimentos são muito menos lentos que os daquele. Outra grande evolução que o filme obteve neste quesito foram as lutas com sabres de luz que ganharam muito mais dinâmica graças aos efeitos visuais. Tais efeitos colaboraram, e muito, para que a luta ocorrida entre Luke e um personagem cuja identidade manterei oculta fosse extremamente emocionante (é claro que se compararmos tal duelo com os ocorridos nos filmes da nova trilogia, estes empalidecem bastante) e se tornasse a cena mais importante de toda a saga “Star Wars”, além, é claro, de ser considerado uma das 10 cenas mais importantes da história do Cinema.
E já que mencionei tal cena, creio que deveria destinar um parágrafo inteiro apenas a esta, tamanha a importância da mesma. Conferindo uma carga dramática extremamente importante e envolvente à seqüência em questão, os roteiristas Leigh Brackett e Lawrence Kasdan souberam perfeitamente como criar de maneira extremamente sutil o clima necessário para que a mesma soasse surpreendente (na verdade, ela é surpreendente apenas para quem ainda não assistiu aos Episódios I, II e III) e emocionante na medida certa. A inserção do diálogo “___ Luke, você é meu filho” também não poderia ter sido realizada de maneira mais conveniente e impactante. Irvin Kershner também se mostra competente o bastante na condução da cena, pois sabe da importância que ela tem para a trilogia de um modo geral e proporciona ao espectador um dos maiores espetáculos já promovidos pela Sétima Arte.
Por fim, a sensação lúgubre que este quinto episódio nos proporciona em relação às incertezas acerca dos futuros dos respectivos protagonista da estória é, não menos, que majestosa e fantástica, pois faz com que roamos as unhas de tensão ao imaginar o que virá pela frente, com o sexto e último (ao menos por enquanto) episódio da saga. E, convenhamos, não há maior toque de genialidade que um filme pertencente à uma trilogia pode causar em seu espectador do que este: deixá-lo assíduo para conferir o próximo episódio sem precisar apelar para artificialidades de roteiro.
Abordando o mais carismático personagem de toda a saga de um modo demasiado aprofundado, “Star Wars – Episódio V – O Império Contra-Ataca” se mostra amplamente matreiro no desenvolvimento deste e, de quebra, cria o maior e mais importante vilão de toda a história do Cinema. Apresentando uma carga dramática bem superior ao filme anterior, este quinto episódio ainda ganha um importantíssimo destaque devido a uma revelação bombástica ocorrida no terceiro ato de sua trama. O desenvolvimento entre os personagens é perfeito, uma vez que este é realizado a partir da química existente entre dois ou mais deles, salvo, é claro, a química desnecessariamente infantil elaborada entre Han Solo e Léia Organa. As seqüências de aventura deixam um pouco a desejar comparadas ao filme anterior, mas são excelentes e tensas o bastante, analisando-as individualmente. O melhor filme de toda a saga.
Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.

Star Wars – Episódio IV – Uma Nova Esperança – ***** de *****

novembro 30, 2008 Deixe um comentário
Uma das questões mais polêmicas envolvendo a crítica de Cinema encontra-se na eterna discussão sobre a avaliação de um filme ser realizada tomando por base a época de lançamento deste ou o modo como o mesmo envelheceu. Sempre fui crítico ferrenho das análises que levam em conta o envelhecimento do filme. Em primeiro lugar, porque a crítica, na grande maioria dos casos, avalia filmes que estão estreando nos cinemas de seu respectivo país e, muito dificilmente, avaliará os mesmos daqui a cinco anos, que seja. Sendo assim, se a grande maioria dos filmes que são criticados têm por base o período em que foram lançados, por que não fazer o mesmo com os clássicos? Em segundo lugar temos os filmes que revolucionam em sua parte técnica, como é o caso de obras do naipe de um “Metropolis”, “King Kong”, “2001 – Uma Odisséia no Espaço” e, obviamente, este “Star Wars – Episódio IV – Uma Nova Esperança”. Em 1977 ninguém ousaria dizer que este quarto episódio da saga (quarto cronologicamente falando, pois foi o primeiro a ser lançado nos cinemas do mundo todo) conta com efeitos visuais obsoletos, muito pelo contrário, o filme era altamente inovador na época no que diz respeito a este quesito. Entretanto, se o analisarmos fazendo um paralelo com os filmes atuais (inclusive com a nova trilogia – “Star Wars”, que engloba os episódios I, II e III da saga, cujas críticas encontram-se nesta seção do site, logo mais abaixo), o longa, muito bem dirigido por George Lucas, poderá ser tido como obsoleto no que se refere a efeitos visuais. E sejamos francos, podemos considerar uma obra-prima desta magnitude obsoleta? Certamente que não.

Ficha Técnica:
Título Original: Star Wars.
Gênero: Aventura/Ficção Científica.
Tempo de Duração: 121 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 1977.
Estúdio: LucasFilm Ltda.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation.
Direção: George Lucas.
Roteiro: George Lucas.
Produção: Gary Kurtz.
Música: John Williams.
Direção de Fotografia: Gilbert Taylor.
Desenho de Produção: John Barry.
Direção de Arte: Leslie Dilley e Norman Reynolds.
Figurino: John Mollo.
Edição: Richard Chew, Paul Hirsch e Marcia Lucas.
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic.
Elenco: Mark Hamill (Luke Skywalker), Harrison Ford (Han Solo), Carrie Fisher (Princesa Leia Organa), Peter Cushing (Grand Moff Wilhuff Tarkin), Alec Guinness (Obi-Wan Kenobi), Anthony Daniels (C3PO), Kenny Baker (R2D2), Peter Mayhew (Chewbacca), David Prowse (Darth Vader), Phil Brown (Tio Owen Lars), Shelagh Fraser (Tia Beru Lars), Alex McCrindle (General Jan Dodonna), Eddie Byrne (Comandante Vanden Willard) e James Earl Jones (Darth Vader – Voz).
Sinopse: Após o seu tio adquirir dois andróides para auxiliá-lo nos afazeres de sua fazenda, Luke Skywalker (Mark Hammil) descobre em um deles uma mensagem gravada pela belíssima princesa Leia Organa (Carrie Fisher) para o cavaleiro Jedi Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness). Luke decide então procurar o velho Jedi para informar-lhe sobre a mensagem e é a partir deste momento que ambos ficam sabendo que Leia fora seqüestrado e que o Império Galáctico (que assumiu o controle absoluta da Federação no episódio anterior), comandado por Lord Darth Vader (atuação de David Prowse e voz de James Earl Jones), planeja construir uma poderosa estação espacial alcunhada de Estrela da Morte, cuja capacidade de ataque é tão potente que se mostra capaz de destruir um planeta inteiro em fração de segundos. Ambos procuram pelo capitão Hans Solo (Harrison Ford), um piloto mercenário que os leva até a Estrela da Morte e os ajudará a resgatar a princesa Leia e a destruir esta terrível ameaça.
Star Wars – Episode IV – A New Hope – Trailer:

Crítica:
A sensação que se tem ao assistir a este “Uma Nova Esperança” é a de que estamos assistindo a três filmes diferentes, conectados em um só, tamanha a riqueza de detalhes inserida no mesmo. O primeiro “filme” visa desenvolver os seus personagens e nos apresentar a estória de um modo menos amplo. O segundo “filme” já tem como objetivo principal explorar a estória abordada na primeira parte e delinear mais a mesma. O terceiro “filme”, por fim, visa ampliar a outra estória também discutida na primeira parte do longa mostrando o embate final entre a Aliança Rebelde e o Império Galáctico auxiliado pela sua estação espacial alcunhada de “Estrela da Morte”.
A abordagem de todos os personagens é simplesmente fantástica. Ao contrário dos três primeiros episódios da saga, todos os personagens que fazem parte da estória têm uma função importante para o desenvolvimento e conclusão da mesma e isso inclui até mesmo os dróides R2-D2 (Kenny Baker) e C3PO (Anthony Daniels) que, além de servirem como alívio cômico em muitos casos (e, desta vez, a maioria das gags protagonizada por ambos funcionam muito bem e extraem risos do público, ao contrário dos episódios anteriores onde tínhamos empregado um humor demasiado infantilóide em muitas cenas), desempenham, em muitos casos, um papel importantíssimo na trama.
Os personagens principais da estória também são abordados magistralmente pelo roteiro. Luke Skywalker (Mark Hammil), como protagonista da trama, convence muito mais que seu pai Anakin. O jovem é um típico adolescente sonhador cujo conservadorismo do tio, que é tutor do mesmo, o impede de ir para uma faculdade e seguir uma carreira que realmente lhe atraia. Bem diferente de Anakin Skywalker do primeiro episódio, que também residia no planeta Tatooine, Luke é um jovem de bom caráter, mas ainda assim se mostra impulsivo, rebelde, contestador e possui uma personalidade forte.
Os demais personagens também são muito bem desenvolvidos pelo roteiro e merecem destaque nesta análise. Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness), que terminara o episódio anterior como um grande herói da República, agora, com a queda desta, aparece aqui como um velho eremita, tido como louco e bruxo aos olhos daqueles que não o conhecem, e nem fazem questão de o conhecer mais amplamente. A princesa Leia (Carrie Fisher), apesar de ser a mocinha que precisa ser resgatada, não segue, nem de longe, o estereotipo desta. Destemida, contestadora e de forte personalidade, mas ainda assim bela, garbosa e inteligente, a personagem é extremamente marcante e se mostra capaz de cativar o público.
Há, no entanto, dois personagens cujo desenvolvimento deixou um pouco a desejar. Refiro-me ao capitão Hans Solo (Harrison Ford) e, acreditem ou não, ao comandante Darth Vader (atuação de David Prowse e voz de James Earl Jones). Começarei pelo primeiro, uma vez que o segundo, certamente, gerará mais polêmica. Solo é um personagem deveras interessante. Seu código de ética e moral parece ter graves falhas e suas atitudes nem um pouco altruístas o tornam um personagem interessantíssimo, principalmente se levarmos em conta que ele é um dos heróis da estória. Todas estas características o colocam em uma posição bem distante do estereotipo do herói altruísta e estóico que estamos acostumados a ver repetidamente nos filmes do gênero. Contudo, há uma passagem ocorrida no final do filme onde Solo toma uma atitude tão discrepante com relação aos seus princípios morais que põe em jogo todo esta concepção de “mercenário que só se preocupa com dinheiro” que havíamos absorvido do mesmo durante a projeção inteira. A justificativa utilizada por este (“___ Não deixaria você (Luke) ficar com a glória toda só para si”) torna a sua atitude um pouco menos artificial, mas ainda assim a mesma não deixa de ser discrepante.
Darth Vader, por sua vez, conta com características para lá de notáveis, que variam deste a sua vestimenta, que nos remete à sensação de estarmos diante de um personagem meio-humano, meio-máquina, à sua assustadora respiração lenta e profunda, passando por seu tom de voz marcante e suas habilidades de ex-cavaleiro Jedi, agora importante Lord Sith. Sempre que Vader está em cena o filme ganha ainda mais destaque, mas o roteiro, infelizmente, não deu a devida importância ao mesmo, sendo que as suas aparições na película acabam sendo poucas, comparadas à importância que este tem para toda a saga “Star Wars”.
O elenco está extremamente bem entrosado e a química entre os atores é um dos pontos mais altos do longa. Note, por exemplo, como as cenas em que Luke Skywalker contracena com Obi-Wan Kenobi conferem um tom bastante especial à trama. O mesmo ocorre com a química existente entre o capitão Hans Solo e a princesa Leia Organa ou então a dinâmica ocorrida nas cenas em que o mesmo Hans Solo contracena com o já citado Luke Skywalker. E é claro que não poderia deixar de destacar a dupla de dróides R2-D2 e C3PO e, até mesmo a cena onde Obi-Wan Kenobi enfrenta Darth Vader que, apesar de curtíssima, confere um tom especial à trama e a química decorrente da transigência das atuações.
Do ponto de vista individual o elenco também demonstra atuações magníficas, em especial por parte de Mark Hammil e Alec Guiness. O primeiro, se mostra um ator extremamente convincente e chama para si a responsabilidade de protagonizar o longa, sem que, para isso, precise roubar a cena dos demais atores. Hammil demonstra um tom de voz seguro, profere seus diálogos com extrema segurança, é hábil em sua interpretação, se mostra extremamente expressivo e carismático. Guiness também realiza uma atuação segura e confere ao seu personagem uma participação muito mais marcante do que a de McGregor nos primeiros episódios (nada contra o ator escocês, já que o ator realizou uma atuação convincente, mas nada que se aproxime da que Guiness realizou neste quarto episódio). O tom de voz empregado pelo ator também outorga ao seu personagem todo o ar de sapiência que lhe é inerente, uma vez que, neste quarto episódio, Obi-Wan adota uma postura de mentor intelectual (fato que também colabora para que o espectador se envolva bem mais com este mestre Kenobi que o protagonista dos episódios anteriores).
As seqüências de ação são todas bem empolgantes e Lucas as dirige de maneira sublime, ainda que movimente a câmera de maneira apenas satisfatória (salvo em uma ou outra seqüência quando arrisca realizar algum travelling) na grande maioria das vezes, o diretor sempre se mostra capaz de conferir mais tensão às mesmas, criando ângulos fantásticos a fim de acompanhá-las (vide, por exemplo, a seqüência em que Luke e Solo confrontam as naves imperiais durante o início do terceiro ato do filme). Dentre as cenas de aventura, destaco, é claro, uma das cenas mais clássicas de toda a saga: o ataque das naves rebeldes realizado à estação espacial “Estrela da Morte”. Francamente, não me recordo de ter assistido a outra cena produzida pela sétima Arte onde os heróis da trama se mostravam expostos a um perigo de vida tão iminente quanto George Lucas os expôs na seqüência em questão.
Há outras cenas de aventura também que merecem muitíssimo destaque, tais como: o resgate da princesa Léia, os tiroteios ocorridos nos corredores da “Estrela da Morte”, a seqüência em que os personagens caem no compartimento de lixo da estação espacial (um exemplo de que pode-se realizar uma cena perfeitamente tensa sem apelar ao uso de efeitos visuais mirabolantes ou gastar rios de dinheiro para tal), a conturbada fuga dos heróis que resulta em uma das perseguições espaciais mais marcantes da história do Cinema (e que empalidece a ótima perseguição espacial ocorrida entre Obi-Wan Kenobi e Jango Fett em “Ataque dos Clones”) e, como não poderia deixar de ser, a luta final de sabres de luz travada entre o Jedi Kenobi e o Sith Darth Vader que, apesar de ter envelhecido mal em virtude dos efeitos especiais da época estarem obsoletos nos tempos atuais, principalmente se levarmos em conta os efeitos empregados para conduzir as lutas do gênero ocorridas na trilogia atual, é extremamente marcante em virtude da maneira como se encerra e marcou uma geração inteira, aja visto que fora a primeira luta com armas desta categoria exibida nos cinemas.
Encerrando este texto, gostaria de comentar outros qautro aspectos que também marcaram este filme e o elevou à mais do que merecida intitulação de clássico absoluto do Cinema: refiro-me à trilha-sonora, ao figurino, à direção de arte e aos efeitos visuais. A primeira, como todos sabem, é marcante e figura facilmente entre as melhores da história do Cinema. A música tema é cativante, parece ter vida própria, só falta respirar (será?). As demais músicas também são fantásticas e realizam um casamento praticamente perfeito com as respectivas cenas em que são empregadas. O figurino, por sua vez, não poderia ser mais perfeito. Quem imaginaria, em plena década de 70, ver nos cinemas um homem com um traje igual ao de Darth Vader? Ou um uniforme igual ao do exército imperial? A direção de arte também é impecável, repare, por exemplo, na riqueza de detalhes das espaço-naves ou nos edifícios do planeta Tatooine. Os efeitos visuais, apesar de estarem ultrapassados se comparados aos filmes atuais foram revolucionários na época, e não é para menos. Imagine a sensação que se tem, em pleno ano de 1977, você ir ao cinema e se deparar com uma criatura como Jabba – The Hutt? E o que dizer então da perfeição com que os efeitos visuais construíram o personagem, dando ao mesmo movimentos bastante naturais?
Considerado pela grande maioria dos cinéfilos como a Ficção Científica de Cultura Pop definitiva, “Uma Nova Esperança” pode ser encarado como um marco na história do Cinema por ter dado início a uma das mais bem sucedidas (tanto do ponto de vista comercial como artístico) franquias já realizadas até os dias de hoje. O longa conta com algumas falhas na construção de alguns poucos personagens e a estória de resgate adotada aqui é um pouco batida, mas os seus protagonistas são bastante cativantes e o roteiro os aborda de um modo que os torna ainda mais marcantes. As atuações de todo o elenco são mais do que satisfatórias e os atores possuem uma química fantástica entre si. O filme se enriquece ainda mais com a ótima direção de George Lucas e outros aspectos tais como: edição, trilha-sonora, direção de arte, figurino, efeitos sonoros, efeitos visuais e, é claro, suas seqüências de aventura, que são tensas e memoráveis na medida certa. Uma aventura indiscutivelmente digna de toda a badalação que possui.
Avaliação Final: 9,0 na escala de 10,0.

Star Wars – Episódio III – A Vingança dos Sith – **** de *****

novembro 28, 2008 Deixe um comentário
Lembro-me que quando fui assistir a este terceiro episódio no cinema (desta vez sozinho, como eu gosto) meu fanatismo pela saga “Star Wars” havia sido reduzido consideravelmente (foi em 2.005, eu estava com 21 anos na ocasião), principalmente em virtude do impacto que a trilogia “O Senhor dos Anéis” havia causado em mim e também pelo fato de, na época, os meus gostos cinematográficos estarem completamente voltados aos filmes cult de Arte, sendo assim, ao invés de passar algumas horas assistindo a um blockbuster eu preferia muito mais aproveitar o tempo assistindo a um Kubrick, ou um Bergman, ou um Fellini. Felizmente venci o preconceito que possuía na época e, atualmente, apesar de preferir muito mais os chamados cult de Arte, valorizo, e muito, os blockbusters. Tendo em vista isso, vejo-me capaz agora de avaliar este longa como o mesmo realmente deve ser avaliado: como um ótimo filme comercial.


Ficha Técnica:

Título Original: Star Wars: Episode 3 – Revenge of the Sith
Gênero: Aventura / Ficção Científica
Tempo de Duração: 146 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2005
Estúdio: Lucasfilm Ltd.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corp.
Direção: George Lucas
Roteiro: George Lucas
Produção: Rick McCallum
Música: John Williams
Fotografia: David Tattersall
Desenho de Produção: Gavin Bocquet
Direção de Arte: Ian Gracie, Phil Harvey, David Lee e Peter Russell
Figurino: Trisha Biggar
Edição: Roger Barton e Ben Burtt
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic

Elenco: Hayden Christensen (Anakin Skywalker / Darth Vader), Ewan McGregor (Obi-Wan Kenobi), Ian McDiarmid (Chanceler Supremo / Imperador Palpatine / Darth Sidious), Natalie Portman (Senadora Amidala / Padmé Naberrie-Skywalker), Samuel L. Jackson (Mace Windu), Christopher Lee (Conde Dooku / Darth Tyranus), Anthony Daniels (C-3PO), Kenny Baker (R2-D2), Peter Mayhew (Chewbacca), Frank Oz (Yoda – voz), Jimmy Smits (Senador Bail Organa), Genevieve O’Reilly (Senador Mon Mothma), Ahmed Best (Jar Jar Binks), Jay Laga’aia (Capitão Typho), Joel Edgerton (Owen Lars), Oliver Ford Davies (Governador Whitesun-Lars), Temuera Morrison (Comandante Cody / Comandante Thire / Comandante Bly), Keisha Castle-Hughes (Rainha Apailana), Rebecca Jackson Mendoza (Rainha de Alderaan), Bruce Spence (Tion Medon), Kee Chan (Senador Male-Dee), Ling Bai (Senadora Bana Breemu), Warren Owens (Senador Fang Zar), Rena Owen (Senadora Nee Alavar), Christopher Kirby (Senador Giddean Danu), Matt Sloan (Plo Koon), Rohan Nichol (Capitão Antilles), Matthew Wood (General Grievous – voz), James Earl Jones (Darth Vader – voz) e George Lucas (Barão Papanoida).

Sinopse: Após salvar o Senador Palpatine, que fora seqüestrado pelos exércitos rebeldes, Anakin Skywalker se torna ainda mais íntimo deste. Entretanto, o jovem aprendiz de Obi-Wan Kenobi não sabe que o Senador almeja tomar o poder absoluto e utilizá-lo como principal ferramenta para tal.

Star Wars: Episode 3 – Revenge of the Sith – Trailer:

Crítica:

A sensação que este “A Vingança dos Sith” deixou nos fãs da saga “Star Wars” durante o seu lançamento nos cinemas foi provavelmente a mesma sensação de angústia que “O Retorno do Rei” deixou nos fãs da saga “O Senhor dos Anéis” ou “A Última Cruzada” deixou nos fãs da trilogia “Indiana Jones” (que recentemente fora estendida com um interessante quarto episódio). Afinal de contas, os milhões de fãs que a mesma possui já não poderiam mais lotar as salas de cinema do mundo todo a fim de se reencontrar com o mundo mágico criado por George Lucas em uma aventura inédita. Mas ao menos serve de consolo o fato destes fãs saberem que a saga, a partir do momento que este terceiro episódio estreasse nos cinemas do mundo todo, estaria completa e que, agora, todas as pontas existentes entre a antiga e a atual trilogia encontravam-se, finalmente, completamente amarradas.

É uma tarefa muito árdua, no entanto, amarrar todas as pontas de ambas as trilogias de um modo realmente convincente e satisfatório. Pode-se confirmar isto neste “A Vingança dos Sith” onde, ironicamente, as maiores falhas e os maiores acertos do mesmo residem, justamente, na tentativa do roteiro criar elos entre uma trilogia e outra. Vide o maior erro do roteiro, por exemplo, que consiste em mostrar o principal motivo que teria levado Anakin Skywalker a abraçar o lado escuro da Força. Após ter uma visão, durante um sonho seu, onde sua esposa Padmé Amidala (que agora encontra-se grávida) perde a vida após dar a luz a um filho seu, o jovem Padawan passa a buscar medidas desesperadas a fim de evitar que tal fato seja concretizado. Ao saber da situação em que o jovem se encontra, o Senador Palpatine, Chanceler Supremo da Federação e Mestre dos Lords Sith (uma espécie de Jedi que utiliza a Força apenas para benefício próprio), propõe a Skywalker que este se una a ele no combate contra os Jedi e em troca, o político ensinará ao jovem os poderes do lado escuro da Força que poderão salvar a vida de Padmé. Francamente, uma lastimável e artificial solução que o roteiro encontrou para fazer com que o jovem muda-se completamente de posição ideológica.

Por outro lado, o mesmo roteiro que apresenta uma solução tão simplória e artificial para a mudança de caráter repentina de Skywalker, se revela extremamente satisfatório ao trabalhar os demais pontos que fizeram com que o aprendiz de Obi-Wan Kenobi sofresse tal mutação ideológica. Uma vez que o episódio anterior já cumprira a excelente tarefa de desenvolver Anakin de maneira bastante convincente, este terceiro episódio opta inteligentemente por não tentar desenvolver o personagem ainda mais. Ao invés disso, o roteiro toma a brilhante decisão de desenvolver o Senador Palpatine e o jogo psicológico que este realiza em Anakin, fazendo-o mudar completamente de lado (e sinceramente, se o roteiro não tivesse tomado tal atitude, a mudança de lado do protagonista soaria extremamente artificial e o filme se revelaria extremamente falho).

Conforme pudemos testemunhar em “Ataque dos Clones”, Anakin Skywalker era um jovem talentoso, mas extremamente arrogante e precipitado. Neste “A Vingança dos Sith” a sua impaciência aumenta cada vez mais levando em conta a insistência do Conselho Jedi em não conferir a ele o título de Cavaleiro Jedi (os membros do Conselho têm dúvidas quanto a Anakin em virtude à arrogância do rapaz e aos fortes laços que este tem com o Chanceler Palpatine, algo que, indiretamente, quebra a independência dos Jedi para com os políticos) e designar-lhe missões que realmente ponham em teste as suas inúmeras habilidades. Aproveitando-se da impaciência do aprendiz de Obi-Wan Kenobi e do gênio vaidoso deste, Palpatine trabalha, através de argumentos convincentes, a mente do jovem rapaz e o incentiva a auxiliá-lo a tomar o poder absoluto. A maneira como o roteiro desenvolve Palpatine, suas táticas de persuasão (salvo as que envolvem Padmé que, conforme fora citado, soam artificiais) e seus diálogos é, não menos, do que excelente. Tudo foi cuidadosamente arquitetado pelo roteiro, para que a maior parte das alterações de caráter de Anakin não soassem artificiais.

O grande trunfo do roteiro, no entanto, consiste na virada espetacular que este dá na estória, a partir do início de seu segundo ato. A sensação que temos quando Palpatine põe em prática a sua “Ordem 66” (cuja descrição não irei fazer a fim de não estragar algumas surpresas) é a de que Lucas utilizou magistralmente os dois episódios anteriores (e, francamente, as pessoas que afirmam que este terceiro episódio tornou os outros dois desnecessários, simplesmente não sabem o que estão falando) a fim de mover estrategicamente todas as suas peças pelo tabuleiro e, quando chegasse o momento oportuno, utilizaria este terceiro episódio para dar o xeque-mate. E é justamente isto o que ocorre, cada peça movida nos longas anteriores teve importância vital para a conclusão desta trama, para o clássico desfecho da mesma. Simplesmente fascinante. Tão fascinante quanto à tristeza que nos assola ao ver a Ordem Jedi sendo completamente destruída.

As seqüências de aventura também são outra característica do filme que alternam entre altos e baixos. Logo no início somos apresentados à dupla de Jedis de “Ataque dos Clones”, Anakin e Obi-Wan, em uma missão de extrema importância: libertar o Senador Palpatine, que fora raptado pelo temível Conde Dookan. É exatamente nesta cena que podemos, pela primeira vez em toda a trilogia, notar a habilidade de Lucas na movimentação de câmeras. Pela primeira vez nesta trilogia vemos o “padrinho de todos os nerds” (como é conhecido o diretor) acompanhando as seqüências de ação de uma maneira realmente incrível. Note o modo como Lucas acompanha as naves espaciais durante a batalha, a movimentação com a câmera é perfeita e dá muita credibilidade à cena em si. Outro aspecto que conta muitos pontos a favor desta cena é a direção de arte que constrói, de maneira estupenda, uma nave espacial gigantesca fantástica. Tal seqüência parece ter sido sublimemente montada por Lucas a fim de homenagear as antigas batalhas intergalácticas contra um dos símbolos máximos da série, a Estrela-da-Morte, ocorridas na trilogia anterior.

Contudo, nem todas as cenas envolvendo aventura são tão magistrais quanto a seqüência acima citada (milagre eu não ter escrito “supracitada”, não?). Vide o duelo de sabres de luz travado entre Anakin Skywalker e Conde Dookan, apenas para citar um exemplo. Em virtude do que vimos no filme anterior, esperava-se uma luta bem mais consistente, empolgante, e isso acaba não ocorrendo. Temos aqui uma luta interessante, bem coreografada, mas que deveria ter sido mais bem trabalhada, principalmente do ponto de vista emocional, do que acabou sendo. Outra luta decepcionante é a ocorrida entre Obi-Wan Kenobi e o General Grievous, principalmente se levarmos em conta o interesse que a mesma nos desperta ao ficarmos sabendo que o segundo combatente, por possuir quatro braços, irá utilizar quatro sabres de luz simultaneamente, tornando a tarefa de derrotá-lo praticamente impossível ao destemido Jedi. No entanto, Kenobi derrota-o muito facilmente, o que torna a seqüência pouco emocionante. Por outro lado, as demais seqüências de ação envolvendo sabres de luz são fantásticas, em especial a mirabolante e empolgante luta entre Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker, agora Lord Darth Vader. Simplesmente um dos mais empolgantes duelos já proporcionados pelo Cinema e que, infelizmente, devido à baixa tecnologia da época e orçamento nem tão estrondoso quanto o utilizado nos filmes atuais, viria a se repetir de um modo bem menos interessante durante o quarto episódio da saga. Devo destacar também a luta entre Mace Windu e Lord Darth Sidious cujos cuidados com o resultado final foram tantos que acabaram envolvendo 102 movimentos e três grandes salas para ser filmada.

A direção de arte, como já era de se esperar (uma vez que esta se revela o ponto alto de toda a trilogia), é, não menos, do que estupenda, e mais: é empregada aqui de maneira ainda mais eficiente do que havia sido empregada nos filmes anteriores. Repare na beleza plástica que é Coruscant à noite, ou no salão de ópera onde Anakin tem uma das conversas mais importantes do filme com o Senador Palpatine, ou no verde natural estonteante do Planeta Utapau e ainda na beleza vulcânica do Planeta Mustafar (a propósito, a direção de arte majestosa do cenário aqui engrandece ainda mais a magnífica e dramática luta de sabres entre Obi-Wan Kenobi e Darth Vader).

Os demais aspectos técnicos do longa também não decepcionam. A fotografia, como sempre, é belíssima e dá ainda mais realce aos fabulosos cenários criados pela estupenda direção de arte, a trilha-sonora engrandece ainda mais as seqüências de aventura, suspense e drama do filme e o figurino também é sensacional, bastante diversificado e riquíssimo em detalhes, algo que fertiliza ainda mais a magia por trás do longa.

As atuações, no entanto, decepcionam e, se comparadas a “O Ataque dos Clones”, empalidecem consideravelmente. Se por um lado Ian McDiarmid realiza um trabalho supremo ao assumir a pele do Senador Palpatine e do Lord Darth Sidious (sinceramente, não vejo melhor ator para cumprir tal função), por outro lado o excelente Christopher Lee aparece muito pouco e os demais atores, nem de longe, conseguem criar uma atuação tão marcante quanto a que ele realizou no longa anterior. Ewan McGregor, se revela um bom ator neste longa, mas falha em algumas cenas onde precisaria fazer uma entonação de voz mais dramática. Natalie Portman só atua de maneira definitivamente convincente ao final do filme, que é justamente quando o roteiro confere uma carga dramática muito mais forte a sua personagem. Nas demais cenas, a atriz jerusalense não adota uma carga dramática forte o bastante para fazer com que a sua personagem se aproxime do público.

E quanto à atuação de Hayden Christensen? Bem, digamos que esta merece um parágrafo único para ser comentada de forma mais aprofundada. Christensen realiza uma atuação bastante irregular no longa e, assim como as cenas de aventura e as artimanhas utilizadas pelo roteiro a fim de amarrar a trama, seu trabalho aqui alterna constantemente entra altos e baixos (só que, neste caso ao menos, devo dar mais ênfase à palavra “baixos” que à palavra “altos”). Note, por exemplo, a maneira artificial como ele emprega um tom de voz ridiculamente grave e sombrio quando diz: “___ Eu lhe ofereço o meu empenho em troca de vossos ensinamentos!”. Por outro lado, o ator canadense emprega, durante muitas cenas, a expressão de uma pessoa realmente frustrada, cujas esperanças naquilo que julgava ser o certo a se fazer se revelam cada vez mais nulas, escassas e minguantes. Contudo, faltou a Christensen mais talento, mais expressividade, mais dramatização em sua composição, faltou algo que realmente convencesse o público de que ele é Darth Vader, ele é a alma de toda a trilogia.

Preparando a finalização deste texto, comentarei sobre outro ponto que também alterna entre altos e baixos (sim, mais um, este filme definitivamente se revelou uma montanha russa artística): os diálogos. Ao mesmo tempo em que temos diálogos extremamente inteligentes do tipo “O Bem é apenas um ponto de vista” (algo que Lucas, voluntaria ou involuntariamente, extraiu de filosofia nieztschiana) e “Era para você trazer equilíbrio à Força, não jogá-la na escuridão”, Lucas quase joga seu roteiro no lixo com absurdos do tipo: “Não, você vai tentar me matar!” (resposta de Skywalker a Kenobi quando o segundo diz que irá matá-lo). Para piorar a situação, o tom de voz empregado por Christensen a fim de declamar tal oração é tão artificial que torna a cena ainda mais ridícula do que ela já seria por si só. Ah, e é claro que não poderíamos ficar sem o clássico e clichê “Nããããããããããão!” proferido da maneira mais piegas o possível pelo protagonista.

Resumindo, “A Vingança dos Sith” é um filme que alterna entre altos e baixos, mas o saldo final acaba sendo incontestavelmente positivo. Utilizando algumas táticas incríveis a fim de preencher as lacunas deixadas em aberto na unificação da trilogia antiga com esta nova, Lucas se revela um roteirista de mão cheia, mas que erra gravemente algumas vezes, quando tenta, por exemplo, criar um motivo para que Anakin Skywalker opta-se por pender ao lado escuro da Força envolvendo a sua amada esposa. As seqüências de aventura são, em sua maioria, muito boas, mas decepcionam completamente o público em alguns casos. As atuações em sua maioria são boas (e nada além de boas), salvo Hayden Christensen que se mostra completamente irregular durante o filme inteiro. A parte técnica deste terceiro episódio é irretocável e o longa encerra a saga com maestria, servindo como uma perfeita ponte que dá liga as duas trilogias.

Ah, e como não poderia deixar de ser, encerrarei definitivamente este texto realizando um rápido comentário sobre a trilogia inteira. Diria, antes de tudo, que nenhum dos três episódios se revela dispensável, desnecessário ou fraco (conforme muitas pessoas dizem), muito pelo contrário, cada um possui a sua função. O primeiro trata de oferecer ligeiras explicações sobre vários pontos que viriam a ser abordados futuramente, tais como: o que vem a ser a Força, como fora a infância de Anakin Skywalker, como Obi-Wan Kenobi passou a treiná-lo e muitas outras coisas que ficariam completamente vagas sem este primeiro episódio. “Ataque dos Clones”, por sua vez, encarregou-se de explorar os personagens principais da trilogia, amarrar algumas pontas deixadas, propositadamente, em aberto pelo primeiro filme, iniciar (ainda que de maneira artificial) o importante romance entre Anakin e Padmé, e, acima de tudo, dar início à demonstração das falhas de caráter apresentadas pelo aprendiz de Obi-Wan Kenobi, fato que o levaria ao destino que teria de traçar em um futuro não muito distante. O terceiro episódio, finalmente, se revela o ponto alto da trama e preenche todas as lacunas deixadas em aberto pelos dois longas anteriores. A trilogia nova realmente não faz jus à antiga, mas ainda assim se mostra altamente importante para uma melhor compreensão daquela, além, é claro, de se revelar uma ótima experiência cinematográfica se fizermos um balanço geral da mesma.

Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0.