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Archive for the ‘Cinema Mudo’ Category

Nano-Crítica – Metropolis

outubro 31, 2008 Deixe um comentário

Metropolis – Trailer:

Considerado um marco na história do Cinema mudo (e até mesmo na história do Cinema de forma geral, diga-se de passagem), “Metropolis” é, acima de tudo, uma verdadeira obra-de-arte contemporânea (expressionista, para ser mais exato) mister para todos aqueles que se dizem amantes do (bom) Cinema. Em termos de arte expressionista alemã, temos Edward Münch e sua obra-prima: o quadro “O Grito”, representando o Magnum Opus da pintura, durante esta fase da arte contemporânea. Fritz Lang e sua obra-prima, o filme “Metropolis”, porém, podem ser considerados o Magnum Opus do cinema expressionista alemão e, convenhamos, o diretor e o longa fazem jus a todo o glamour que existe por trás de ambos… independentemente do que Lang quis nos transmitir com a sua “moral da estória” inserida no final da trama, “Metropolis” se revela uma inquestionável obra-prima e que, de maneira simples e cativante, se revela capaz de abordar de forma magistral assuntos que permanecem em pauta até os dias atuais.

Para conferir a crítica completa no Papo Cinema clique aqui

Crítica – Um Cão Andaluz

Já que publiquei a crítica de um dos curtas-metragens mais importantes não apenas da história do Cinema Mudo como também da história do Cinema em si, creio que seja extremamente conveniente publicar a crítica do curta-metragem mais importante de todos os tempos (fato que eu discordo plenamente, apesar de considerar o filme uma obra-prima dadaísta). É claro que estou falando de “Um Cão Andaluz” dirigido por Luis Buñuel e roteirizado por ele e, ninguém mais ninguém menos, que Salvador Dali, considerado o pintor mais importante do Surrealismo. Tentar encontrar um sentido para o filme em si certamente é algo inconcebível, pois este não possuí sentido algum. Provavelmente Buñuel e Dalí almejavam criar uma nova linguagem para o Cinema, ou então tentaram transportar o non-sense do movimento Dadaísta e Surrealista à Sétima Arte. Enfim, independentemente de qual foi a intenção de ambos, o curta é, no mínimo, inovador e só isto faz com que ele mereça ser conferido.

Ficha Técnica:
Título Original: Un Chien Andalou.
Gênero: Fantasia.
Tempo de Duração: 16 minutos.
Ano de Lançamento (França): 1929.
Direção: Luis Buñuel.
Roteiro: Salvador Dali e Luis Buñuel.
Produção: Luis Buñuel.
Música: Wagner.
Edição: Luis Buñuel.
Direção de Arte: Pierre Schild.
Fotografia: Albert Duverger e Jimmy Berliet.
Elenco: Simonne Mareuil (esposa) e Pierre Batchef (marido).

Sinopse: Através de um roteiro altamente não-linear, Luis Buñuel e Salvador Dali retratam o relacionamento de um casal contando com uma forte pintada de surrealismo, dadaísmo e, acima de tudo, criatividade.


Un Chien Andalou – Trailer

Crítica:

O Ministério da Saúde adverte: tentar encontrar um sentido lógico para “Um Cão Andaluz” pode causar distúrbios mentais e levar um indivíduo à loucura”. Este é o tipo de advertência que deveria ser introduzida na abertura da obra-prima de Luis Buñuel. “Um Cão Andaluz” é o tipo de filme em que o espectador, de maneira alguma, pode esperar uma resolução lógica para tudo o que está vendo. Considerado o curta-metragem mais revolucionário e importante da história do Cinema, o filme de Buñuel foi rodado durante o chamado, período “entre-guerras”. Nesta época, a Arte encarava o mundo como sendo algo sem propósito, sem nexo, desfragmentado. Como um país do porte da Alemanha poderia almejar arriscar toda a sua economia investindo em uma guerra megalomaníaca contra, praticamente, todo o resto da Europa? Havia tido início a Primeira Guerra Mundial, daí para frente o mundo e, principalmente, a Arte, jamais seriam os mesmos. Artistas como Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Gustav Klimt, Edward Münch, Juan Miró, Marc Chagall, Jackson Pollock, Marcel Duchamp e Salvador Dali (este último, inclusive, junto com Luis Buñuel assinou o roteiro do curta) simplesmente ignoraram os conceitos de Arte defendidos outrora por Leonardo da Vinci, Jacques Louis David e William Turner, dando preferência a um estilo de pintura tão desconexo quanto o mundo em que viviam, adotando assim, uma Arte mais desfragmentada. Portanto, ao assistir a este curta, é importante que se valorize apenas a originalidade e a criatividade de Buñuel e Dali, a ousadia de ambos ao tentar criar uma nova linguagem cinematográfica e a maneira perfeita como a trilha-sonora de Wagner se mescla com o que é exibido na tela realizando um casamento perfeito entre som e imagem, evitando assim exigir uma explicação lógica para cenas como: um olho sendo cortado por uma navalha, um punhado de formigas saindo das mãos de uma pessoa ou uma mulher sendo atropelada por um carro que surge do nada. Particularmente, não sei dizer se aprecio ou não o filme de Buñuel, mas que é Arte, isso é.

Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.

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Crítica – Viagem à Lua

Há muito tempo almejava assistir à obra-prima de Georges Méliès e finalmente tive a oportunidade de fazê-lo ontem (26/04/2008). No entanto, pensei seriamente se seria viável analisar e publicar uma crítica sobre o mesmo ou não. Primeiramente, o problema ao se avaliar um filme como este começaria na simplicidade do mesmo. Nos dias atuais um filme como “Viagem à Lua” soaria algo extremamente tolo e simplório, mas ao avaliar uma película deve-se sempre levar em conta o período em que o mesmo fôra lançado nos cinemas de todo o mundo. Sendo assim, em 1902, uma obra como esta soaria um tanto o quanto ousada e revolucionária (sim, pois o homem só veio a pisar na lua 67 anos depois). Outro problema sério residiria no formato do texto. Sempre utilizo exatas 25 linhas de texto para redigir um artigo, mas como seria capaz escrever 25 linhas sobre um filme de apenas 12 minutos e extremamente simples? Enfim, darei início à crítica e veremos como me sairei (confesso que estou encarando isso como um árduo desafio).

Ficha Técnica:
Título Original: Le Voyage Dens La Lune
Gênero: Ficção Científica, Aventura e Fantasia
Tempo de Duração: 12 minutos
Ano de Lançamento (França): 1902
Direção: Georges Méliès
Roteiro: Georges Méliès, Jules Vernes e H. G. Wells
Produção: Georges Méliès
Fotografia: Michaut e Lucien Tainguy
Desenho de Produção: Georges Méliès
Direção de Arte: Claudel
Elenco: Victor André (Astrônomo), Bleuette Bernon (Dama da Lua), Brunnet (Astrônomo), Jeanne d’Alcy (Astrônomo), Henri Delannoy (Capitão da Nave), Depierre (Astrônomo), Farjaut (Astrônomo), Kelm (Astrônomo) e Georges Méliès (Prof. Barbenfouillis).

Sinopse: Após trabalharem e porem em prática um projeto inédito de viagem à Lua, um grupo de cientistas se vê em sérios perigos quando pisam em solo lunar e são capturados por extra-terrestres.


Le Voyage Dens La Lune – Complete Movie

Crítica:

Como havia mencionado acima na pré-crítica deste filme, é extremamente complexo analisar este “Viagem à Lua” de maneira convencional, como eu geralmente faço com as demais películas. Além dos motivos supracitados há também uma diferença muito grande entre um filme pré-Griffith e um filme atual. Diferentemente das produções que estamos acostumados a assistir, a obra-prima máxima de Georges Méliès não se preocupa, em momento algum, em realizar uma ampla abordagem de seus personagens, muito pelo contrário, aqui, eles nem ao menos nomes possuem (salvo alguns). “___ E isso implica em defeito?”, me pergunta o leitor. Pois é aí que reside o maior problema, é extremamente difícil dizer se isso implica em defeito ou não. Se analisarmos “Viagem à Lua” tomando por base filmes pouco menos antigos como é o caso de “O Nascimento de Uma Nação”, “Intolerância” (ambos de D. W. Griffith) e “O Garoto” (de Charles Chaplin), isto implica em um defeito gravíssimo, contudo se avaliarmos o mesmo tomando por base filmes pouco mais antigos que ele, percebemos que esta falta de atenção para com os protagonistas da estória era uma praxe na época. O curta de Méliès soma ainda mais pontos se levarmos em conta a revolução que o mesmo causou na Sétima Arte. Além de conter uma estória ousada demais (pois como eu já mencionei acima, a primeira vez que o homem pisou em solo lunar foi 67 anos depois e na época, pensar em ir à lua já era encarado como loucura, quiçá realizar um filme sobre isso) para uma época onde o simples fato de filmar um trem chegando à estação já era motivo o bastante para alarmar o público no cinema e fazê-lo correr alvoroçado, este “Viagem à Lua” ainda revoluciona com uma fotografia que, apesar de ridícula para os padrões atuais, era belíssima na época, afinal de contas, em tempos onde a grande maioria dos filmes nem ao menos possuía um cenário, era extremamente fabuloso ver plantações de cogumelos gigantes, suntuosos palácios lunares, entre outras maravilhas que o curta ofereceu de magnífico em sua época.

Avaliação Final: 10,0 na escala de 10,0.

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