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Star Wars – Episódio III – A Vingança dos Sith – **** de *****

novembro 28, 2008 Deixe um comentário
Lembro-me que quando fui assistir a este terceiro episódio no cinema (desta vez sozinho, como eu gosto) meu fanatismo pela saga “Star Wars” havia sido reduzido consideravelmente (foi em 2.005, eu estava com 21 anos na ocasião), principalmente em virtude do impacto que a trilogia “O Senhor dos Anéis” havia causado em mim e também pelo fato de, na época, os meus gostos cinematográficos estarem completamente voltados aos filmes cult de Arte, sendo assim, ao invés de passar algumas horas assistindo a um blockbuster eu preferia muito mais aproveitar o tempo assistindo a um Kubrick, ou um Bergman, ou um Fellini. Felizmente venci o preconceito que possuía na época e, atualmente, apesar de preferir muito mais os chamados cult de Arte, valorizo, e muito, os blockbusters. Tendo em vista isso, vejo-me capaz agora de avaliar este longa como o mesmo realmente deve ser avaliado: como um ótimo filme comercial.


Ficha Técnica:

Título Original: Star Wars: Episode 3 – Revenge of the Sith
Gênero: Aventura / Ficção Científica
Tempo de Duração: 146 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2005
Estúdio: Lucasfilm Ltd.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corp.
Direção: George Lucas
Roteiro: George Lucas
Produção: Rick McCallum
Música: John Williams
Fotografia: David Tattersall
Desenho de Produção: Gavin Bocquet
Direção de Arte: Ian Gracie, Phil Harvey, David Lee e Peter Russell
Figurino: Trisha Biggar
Edição: Roger Barton e Ben Burtt
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic

Elenco: Hayden Christensen (Anakin Skywalker / Darth Vader), Ewan McGregor (Obi-Wan Kenobi), Ian McDiarmid (Chanceler Supremo / Imperador Palpatine / Darth Sidious), Natalie Portman (Senadora Amidala / Padmé Naberrie-Skywalker), Samuel L. Jackson (Mace Windu), Christopher Lee (Conde Dooku / Darth Tyranus), Anthony Daniels (C-3PO), Kenny Baker (R2-D2), Peter Mayhew (Chewbacca), Frank Oz (Yoda – voz), Jimmy Smits (Senador Bail Organa), Genevieve O’Reilly (Senador Mon Mothma), Ahmed Best (Jar Jar Binks), Jay Laga’aia (Capitão Typho), Joel Edgerton (Owen Lars), Oliver Ford Davies (Governador Whitesun-Lars), Temuera Morrison (Comandante Cody / Comandante Thire / Comandante Bly), Keisha Castle-Hughes (Rainha Apailana), Rebecca Jackson Mendoza (Rainha de Alderaan), Bruce Spence (Tion Medon), Kee Chan (Senador Male-Dee), Ling Bai (Senadora Bana Breemu), Warren Owens (Senador Fang Zar), Rena Owen (Senadora Nee Alavar), Christopher Kirby (Senador Giddean Danu), Matt Sloan (Plo Koon), Rohan Nichol (Capitão Antilles), Matthew Wood (General Grievous – voz), James Earl Jones (Darth Vader – voz) e George Lucas (Barão Papanoida).

Sinopse: Após salvar o Senador Palpatine, que fora seqüestrado pelos exércitos rebeldes, Anakin Skywalker se torna ainda mais íntimo deste. Entretanto, o jovem aprendiz de Obi-Wan Kenobi não sabe que o Senador almeja tomar o poder absoluto e utilizá-lo como principal ferramenta para tal.

Star Wars: Episode 3 – Revenge of the Sith – Trailer:

Crítica:

A sensação que este “A Vingança dos Sith” deixou nos fãs da saga “Star Wars” durante o seu lançamento nos cinemas foi provavelmente a mesma sensação de angústia que “O Retorno do Rei” deixou nos fãs da saga “O Senhor dos Anéis” ou “A Última Cruzada” deixou nos fãs da trilogia “Indiana Jones” (que recentemente fora estendida com um interessante quarto episódio). Afinal de contas, os milhões de fãs que a mesma possui já não poderiam mais lotar as salas de cinema do mundo todo a fim de se reencontrar com o mundo mágico criado por George Lucas em uma aventura inédita. Mas ao menos serve de consolo o fato destes fãs saberem que a saga, a partir do momento que este terceiro episódio estreasse nos cinemas do mundo todo, estaria completa e que, agora, todas as pontas existentes entre a antiga e a atual trilogia encontravam-se, finalmente, completamente amarradas.

É uma tarefa muito árdua, no entanto, amarrar todas as pontas de ambas as trilogias de um modo realmente convincente e satisfatório. Pode-se confirmar isto neste “A Vingança dos Sith” onde, ironicamente, as maiores falhas e os maiores acertos do mesmo residem, justamente, na tentativa do roteiro criar elos entre uma trilogia e outra. Vide o maior erro do roteiro, por exemplo, que consiste em mostrar o principal motivo que teria levado Anakin Skywalker a abraçar o lado escuro da Força. Após ter uma visão, durante um sonho seu, onde sua esposa Padmé Amidala (que agora encontra-se grávida) perde a vida após dar a luz a um filho seu, o jovem Padawan passa a buscar medidas desesperadas a fim de evitar que tal fato seja concretizado. Ao saber da situação em que o jovem se encontra, o Senador Palpatine, Chanceler Supremo da Federação e Mestre dos Lords Sith (uma espécie de Jedi que utiliza a Força apenas para benefício próprio), propõe a Skywalker que este se una a ele no combate contra os Jedi e em troca, o político ensinará ao jovem os poderes do lado escuro da Força que poderão salvar a vida de Padmé. Francamente, uma lastimável e artificial solução que o roteiro encontrou para fazer com que o jovem muda-se completamente de posição ideológica.

Por outro lado, o mesmo roteiro que apresenta uma solução tão simplória e artificial para a mudança de caráter repentina de Skywalker, se revela extremamente satisfatório ao trabalhar os demais pontos que fizeram com que o aprendiz de Obi-Wan Kenobi sofresse tal mutação ideológica. Uma vez que o episódio anterior já cumprira a excelente tarefa de desenvolver Anakin de maneira bastante convincente, este terceiro episódio opta inteligentemente por não tentar desenvolver o personagem ainda mais. Ao invés disso, o roteiro toma a brilhante decisão de desenvolver o Senador Palpatine e o jogo psicológico que este realiza em Anakin, fazendo-o mudar completamente de lado (e sinceramente, se o roteiro não tivesse tomado tal atitude, a mudança de lado do protagonista soaria extremamente artificial e o filme se revelaria extremamente falho).

Conforme pudemos testemunhar em “Ataque dos Clones”, Anakin Skywalker era um jovem talentoso, mas extremamente arrogante e precipitado. Neste “A Vingança dos Sith” a sua impaciência aumenta cada vez mais levando em conta a insistência do Conselho Jedi em não conferir a ele o título de Cavaleiro Jedi (os membros do Conselho têm dúvidas quanto a Anakin em virtude à arrogância do rapaz e aos fortes laços que este tem com o Chanceler Palpatine, algo que, indiretamente, quebra a independência dos Jedi para com os políticos) e designar-lhe missões que realmente ponham em teste as suas inúmeras habilidades. Aproveitando-se da impaciência do aprendiz de Obi-Wan Kenobi e do gênio vaidoso deste, Palpatine trabalha, através de argumentos convincentes, a mente do jovem rapaz e o incentiva a auxiliá-lo a tomar o poder absoluto. A maneira como o roteiro desenvolve Palpatine, suas táticas de persuasão (salvo as que envolvem Padmé que, conforme fora citado, soam artificiais) e seus diálogos é, não menos, do que excelente. Tudo foi cuidadosamente arquitetado pelo roteiro, para que a maior parte das alterações de caráter de Anakin não soassem artificiais.

O grande trunfo do roteiro, no entanto, consiste na virada espetacular que este dá na estória, a partir do início de seu segundo ato. A sensação que temos quando Palpatine põe em prática a sua “Ordem 66” (cuja descrição não irei fazer a fim de não estragar algumas surpresas) é a de que Lucas utilizou magistralmente os dois episódios anteriores (e, francamente, as pessoas que afirmam que este terceiro episódio tornou os outros dois desnecessários, simplesmente não sabem o que estão falando) a fim de mover estrategicamente todas as suas peças pelo tabuleiro e, quando chegasse o momento oportuno, utilizaria este terceiro episódio para dar o xeque-mate. E é justamente isto o que ocorre, cada peça movida nos longas anteriores teve importância vital para a conclusão desta trama, para o clássico desfecho da mesma. Simplesmente fascinante. Tão fascinante quanto à tristeza que nos assola ao ver a Ordem Jedi sendo completamente destruída.

As seqüências de aventura também são outra característica do filme que alternam entre altos e baixos. Logo no início somos apresentados à dupla de Jedis de “Ataque dos Clones”, Anakin e Obi-Wan, em uma missão de extrema importância: libertar o Senador Palpatine, que fora raptado pelo temível Conde Dookan. É exatamente nesta cena que podemos, pela primeira vez em toda a trilogia, notar a habilidade de Lucas na movimentação de câmeras. Pela primeira vez nesta trilogia vemos o “padrinho de todos os nerds” (como é conhecido o diretor) acompanhando as seqüências de ação de uma maneira realmente incrível. Note o modo como Lucas acompanha as naves espaciais durante a batalha, a movimentação com a câmera é perfeita e dá muita credibilidade à cena em si. Outro aspecto que conta muitos pontos a favor desta cena é a direção de arte que constrói, de maneira estupenda, uma nave espacial gigantesca fantástica. Tal seqüência parece ter sido sublimemente montada por Lucas a fim de homenagear as antigas batalhas intergalácticas contra um dos símbolos máximos da série, a Estrela-da-Morte, ocorridas na trilogia anterior.

Contudo, nem todas as cenas envolvendo aventura são tão magistrais quanto a seqüência acima citada (milagre eu não ter escrito “supracitada”, não?). Vide o duelo de sabres de luz travado entre Anakin Skywalker e Conde Dookan, apenas para citar um exemplo. Em virtude do que vimos no filme anterior, esperava-se uma luta bem mais consistente, empolgante, e isso acaba não ocorrendo. Temos aqui uma luta interessante, bem coreografada, mas que deveria ter sido mais bem trabalhada, principalmente do ponto de vista emocional, do que acabou sendo. Outra luta decepcionante é a ocorrida entre Obi-Wan Kenobi e o General Grievous, principalmente se levarmos em conta o interesse que a mesma nos desperta ao ficarmos sabendo que o segundo combatente, por possuir quatro braços, irá utilizar quatro sabres de luz simultaneamente, tornando a tarefa de derrotá-lo praticamente impossível ao destemido Jedi. No entanto, Kenobi derrota-o muito facilmente, o que torna a seqüência pouco emocionante. Por outro lado, as demais seqüências de ação envolvendo sabres de luz são fantásticas, em especial a mirabolante e empolgante luta entre Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker, agora Lord Darth Vader. Simplesmente um dos mais empolgantes duelos já proporcionados pelo Cinema e que, infelizmente, devido à baixa tecnologia da época e orçamento nem tão estrondoso quanto o utilizado nos filmes atuais, viria a se repetir de um modo bem menos interessante durante o quarto episódio da saga. Devo destacar também a luta entre Mace Windu e Lord Darth Sidious cujos cuidados com o resultado final foram tantos que acabaram envolvendo 102 movimentos e três grandes salas para ser filmada.

A direção de arte, como já era de se esperar (uma vez que esta se revela o ponto alto de toda a trilogia), é, não menos, do que estupenda, e mais: é empregada aqui de maneira ainda mais eficiente do que havia sido empregada nos filmes anteriores. Repare na beleza plástica que é Coruscant à noite, ou no salão de ópera onde Anakin tem uma das conversas mais importantes do filme com o Senador Palpatine, ou no verde natural estonteante do Planeta Utapau e ainda na beleza vulcânica do Planeta Mustafar (a propósito, a direção de arte majestosa do cenário aqui engrandece ainda mais a magnífica e dramática luta de sabres entre Obi-Wan Kenobi e Darth Vader).

Os demais aspectos técnicos do longa também não decepcionam. A fotografia, como sempre, é belíssima e dá ainda mais realce aos fabulosos cenários criados pela estupenda direção de arte, a trilha-sonora engrandece ainda mais as seqüências de aventura, suspense e drama do filme e o figurino também é sensacional, bastante diversificado e riquíssimo em detalhes, algo que fertiliza ainda mais a magia por trás do longa.

As atuações, no entanto, decepcionam e, se comparadas a “O Ataque dos Clones”, empalidecem consideravelmente. Se por um lado Ian McDiarmid realiza um trabalho supremo ao assumir a pele do Senador Palpatine e do Lord Darth Sidious (sinceramente, não vejo melhor ator para cumprir tal função), por outro lado o excelente Christopher Lee aparece muito pouco e os demais atores, nem de longe, conseguem criar uma atuação tão marcante quanto a que ele realizou no longa anterior. Ewan McGregor, se revela um bom ator neste longa, mas falha em algumas cenas onde precisaria fazer uma entonação de voz mais dramática. Natalie Portman só atua de maneira definitivamente convincente ao final do filme, que é justamente quando o roteiro confere uma carga dramática muito mais forte a sua personagem. Nas demais cenas, a atriz jerusalense não adota uma carga dramática forte o bastante para fazer com que a sua personagem se aproxime do público.

E quanto à atuação de Hayden Christensen? Bem, digamos que esta merece um parágrafo único para ser comentada de forma mais aprofundada. Christensen realiza uma atuação bastante irregular no longa e, assim como as cenas de aventura e as artimanhas utilizadas pelo roteiro a fim de amarrar a trama, seu trabalho aqui alterna constantemente entra altos e baixos (só que, neste caso ao menos, devo dar mais ênfase à palavra “baixos” que à palavra “altos”). Note, por exemplo, a maneira artificial como ele emprega um tom de voz ridiculamente grave e sombrio quando diz: “___ Eu lhe ofereço o meu empenho em troca de vossos ensinamentos!”. Por outro lado, o ator canadense emprega, durante muitas cenas, a expressão de uma pessoa realmente frustrada, cujas esperanças naquilo que julgava ser o certo a se fazer se revelam cada vez mais nulas, escassas e minguantes. Contudo, faltou a Christensen mais talento, mais expressividade, mais dramatização em sua composição, faltou algo que realmente convencesse o público de que ele é Darth Vader, ele é a alma de toda a trilogia.

Preparando a finalização deste texto, comentarei sobre outro ponto que também alterna entre altos e baixos (sim, mais um, este filme definitivamente se revelou uma montanha russa artística): os diálogos. Ao mesmo tempo em que temos diálogos extremamente inteligentes do tipo “O Bem é apenas um ponto de vista” (algo que Lucas, voluntaria ou involuntariamente, extraiu de filosofia nieztschiana) e “Era para você trazer equilíbrio à Força, não jogá-la na escuridão”, Lucas quase joga seu roteiro no lixo com absurdos do tipo: “Não, você vai tentar me matar!” (resposta de Skywalker a Kenobi quando o segundo diz que irá matá-lo). Para piorar a situação, o tom de voz empregado por Christensen a fim de declamar tal oração é tão artificial que torna a cena ainda mais ridícula do que ela já seria por si só. Ah, e é claro que não poderíamos ficar sem o clássico e clichê “Nããããããããããão!” proferido da maneira mais piegas o possível pelo protagonista.

Resumindo, “A Vingança dos Sith” é um filme que alterna entre altos e baixos, mas o saldo final acaba sendo incontestavelmente positivo. Utilizando algumas táticas incríveis a fim de preencher as lacunas deixadas em aberto na unificação da trilogia antiga com esta nova, Lucas se revela um roteirista de mão cheia, mas que erra gravemente algumas vezes, quando tenta, por exemplo, criar um motivo para que Anakin Skywalker opta-se por pender ao lado escuro da Força envolvendo a sua amada esposa. As seqüências de aventura são, em sua maioria, muito boas, mas decepcionam completamente o público em alguns casos. As atuações em sua maioria são boas (e nada além de boas), salvo Hayden Christensen que se mostra completamente irregular durante o filme inteiro. A parte técnica deste terceiro episódio é irretocável e o longa encerra a saga com maestria, servindo como uma perfeita ponte que dá liga as duas trilogias.

Ah, e como não poderia deixar de ser, encerrarei definitivamente este texto realizando um rápido comentário sobre a trilogia inteira. Diria, antes de tudo, que nenhum dos três episódios se revela dispensável, desnecessário ou fraco (conforme muitas pessoas dizem), muito pelo contrário, cada um possui a sua função. O primeiro trata de oferecer ligeiras explicações sobre vários pontos que viriam a ser abordados futuramente, tais como: o que vem a ser a Força, como fora a infância de Anakin Skywalker, como Obi-Wan Kenobi passou a treiná-lo e muitas outras coisas que ficariam completamente vagas sem este primeiro episódio. “Ataque dos Clones”, por sua vez, encarregou-se de explorar os personagens principais da trilogia, amarrar algumas pontas deixadas, propositadamente, em aberto pelo primeiro filme, iniciar (ainda que de maneira artificial) o importante romance entre Anakin e Padmé, e, acima de tudo, dar início à demonstração das falhas de caráter apresentadas pelo aprendiz de Obi-Wan Kenobi, fato que o levaria ao destino que teria de traçar em um futuro não muito distante. O terceiro episódio, finalmente, se revela o ponto alto da trama e preenche todas as lacunas deixadas em aberto pelos dois longas anteriores. A trilogia nova realmente não faz jus à antiga, mas ainda assim se mostra altamente importante para uma melhor compreensão daquela, além, é claro, de se revelar uma ótima experiência cinematográfica se fizermos um balanço geral da mesma.

Avaliação Final: 8,5 na escala de 10,0.

Star Wars – Episódio II – Ataque dos Clones – **** de *****

novembro 28, 2008 Deixe um comentário
Lembro-me muito bem da primeira vez em que assisti a este filme. Fui ao cinema junto de dois amigos (algo raro de se acontecer, pois geralmente vou ao cinema sozinho) e encontrava-me no auge de meu fanatismo incondicional por “Star Wars”. Lembro-me que, na época (foi em 2002, eu possuía 18 anos), só havia uma coisa que me atraia mais do que a saga dirigida por George Lucas: o estilo musical Heavy Metal, em especial o melódico produzido na Alemanha (não citei o substantivo “mulher” aqui, pois soaria clichê demais). No mais, tudo que me vinha à mente estava, direta ou indiretamente, voltado à saga “Star Wars”, tudo mesmo. Quando assisti ao filme pela primeira vez, como não poderia deixar de ser, achei-o perfeito. Hoje em dia, com o fanatismo pela série bem menor que durante a época supracitada, pude conferir o mesmo utilizando a razão acima de tudo e constatar que, apesar de ótimo, o filme conta com algumas visíveis falhas, conforme o leitor poderá constatar no texto a seguir.

Ficha Técnica:
Título Original: Star Wars: Episode II – Attack of the Clones
Gênero: Aventura / Ficção Científica
Tempo de Duração: 144 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2002
Estúdio: Lucasfilm Ltd. / JAK Productions Ltd.
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: George Lucas
Roteiro: Jonathan Hales e George Lucas
Produção: Rick McCallum
Música: John Williams
Fotografia: David Tattersall
Desenho de Produção: Gavin Bocquet
Direção de Arte: Phil Harvey e Jonathan Lee
Figurino: Trisha Biggar
Edição: Ben Burtt
Efeitos Especiais: Industrial Light & Magic

Elenco: Ewan McGregor (Obi-Wan Kenobi), Hayden Christensen (Anakin Skywalker), Natalie Portman (Senadora Padmé Amidala), Ian McDiarmid (Chanceler Palpatine), Pernilla August (Shmi Skywalker), Jack Thompson (Cliegg Lars), Anthony Daniels (C-3PO / Tenente Faytonni), Christopher Lee (Conde Dooku), Samuel L. Jackson (Mace Windu), Frank Oz (Yoda – voz), Andrew Secombe (Watto – voz), Oliver Ford Davies (Sio Bibble), Silas Carson (Viceroy Nute Gunray / Ki-Adi-Mundi), Kenny Baker (R2-D2), Ahmed Best (Jar Jar Binks / Achk Med-Beq – vozes), Jimmy Smits (Senador Bail Organa), Ayesha Dharker (Rainha Jamillia), Joel Edgerton (Owen Lars), Bonnie Piesse (Beru Whitesun), Temuera Morrison (Jango Fett) e Daniel Logan (Boba Fett).

Sinopse: Com uma crise assolada por toda a República, rebeldes separatistas ameaçam iniciar uma guerra civil intergaláctica. Para evitar que tal tragédia ocorra, a, agora, Senadora do planeta Naboo, Padmé Amidala (Natalie Portman), desembarca em Coruscant, a fim de votar a favor da criação de um exército para ajudar os valentes cavaleiros Jedi a manter a paz por toda a Federação. Entretanto, um inesperado atentado contra a Senadora ocorre na plataforma de desembarque e, após escapar ilesa, a mesma é posta aos cuidados do Jedi Obi-Wan Kenobi (Ewan McGergor) e de seu Padawan Anakin Skywalker (Hayden Christensen). O primeiro deverá investigar quem está por trás de tal atentado, ao passo que o segundo deverá escoltar a política até o seu planeta natal e protegê-la a todo custo. Contudo, um perigoso romance passa a acontecer entre Anakin e Padmé.

Star Wars – Episode II – Attack of the Clones – Trailer:

Crítica:

Não sei ao certo se foi George Lucas quem decidiu dar ouvido às críticas negativas direcionadas ao episódio anterior a este “Ataque dos Clones” ou se foi ele mesmo quem decidiu repensar por si próprio nos diversos erros que havia cometido em “A Ameaça Fantasma”. A única coisa que sei é que o consagrado diretor parece ter aprendido com os erros cometidos no primeiro episódio e os corrigido durante a produção deste segundo (entre tais erros corrigidos, cito ligeiramente a feliz decisão de conferir bem menos importância à irritante criatura Jar Jar Binks). O problema é que, ainda assim, Lucas não foi capaz de evitar certos erros que nem ao menos existiam no episódio antecessor e surgiram pela primeira vez aqui.

Ao contrário de “A Ameaça Fantasma”, este “Ataque dos Clones” conta com atuações ótimas e carismáticas, fazendo com que nos cativemos com a grande maioria de seus personagens, diferentemente do que acontecia no longa anterior. Ewan McGregor e Natalie Portman tiveram uma, mais do que visível, evolução em suas respectivas atuações e o estreante Hayden Christensen também não faz feio ao assumir o personagem de Anakin Skywalker. A química e o entrosamento entre as peças do elenco também tiveram uma relevante evolução, e isso acabou colaborando, e muito, para o resultado final do filme.

Mas não apenas as atuações de todo o elenco, como também o próprio roteiro, teve uma contribuição indispensável para que a relação público-personagens se saísse da melhor maneira o possível. Conseguindo criar subtramas que acabam desenvolvendo seus protagonistas de maneira bastante convincente, Lucas traça o perfil dos três personagens principais tomando por base as atitudes que estes adotam de acordo com uma determinada situação vivenciada por cada um.

Anakin Skywalker é, indubitavelmente, o personagem mais bem explorado pelo roteiro. Precipitado, arrogante (infelizmente o roteiro erra um pouco na dose de tal arrogância, tornando o personagem artificial demais durante alguns pouquíssimos minutos de projeção), irracional e de temperamento explosivo e imprevisível, o jovem aprendiz de Jedi nem de longe lembra o garoto estoicista e altruísta do longa anterior. Por outro lado, o roteiro também prima por distanciar o Anakin deste “Ataque dos Clones” do personagem que ele virá a se transformar no terceiro episódio. O Anakin Skywalker deste segundo episódio é o perfeito intermédio entre o garoto de índole inquestionável de “A Ameaça Fantasma” e o adulto frustrado com os seus sonhos que será abordado no episódio sucessor a este. Skywalker é a prova definitiva de que o ser humano, por melhor que seja, pode ser convertido e influenciado pelo meio e pelas circunstâncias que o cercam.

Obi-Wan Kenobi, que havia passado meio batido no longa anterior, também é muito bem aproveitado pelo roteiro deste longa e a atuação consistente e carismática de McGregor colabora muito para isso. Revelando-se um homem racional, sério, comprometido com o serviço, mas extremamente precipitado e involuntariamente autoritário e possessivo, o caráter do mestre Jedi é amplamente exposto neste filme e colabora muito para que percebamos o quão este personagem influencia, tanto negativamente quanto positivamente, Anakin Skywalker, colaborando imensamente para o destino cruel e sombrio reservado a este.

Padmé Amidala, muito provavelmente, é a protagonista que menos foi aproveitada pelo roteiro, apesar de ter sido muitíssimo bem empregada pelo mesmo. Antes, rainha de Naboo, agora, senadora deste mesmo planeta, a garota se mostra amável, honesta, empenhada, determinada, mas é sempre extremamente racional e faz o possível para evitar um previsível romance com Anakin Skywalker imaginando que isto causaria danos irreversíveis a ambos.

E aproveitando a menção que fiz ao romance entre Anakin e Padmé, devo dizer que o mesmo alterna entre altos e baixos constantemente. O casal não possui muita química, diga-se a verdade, mas ainda assim acaba, estranhamente, nos cativando (talvez seja pelo simples fato de sabermos a importância fundamental que tal envolvimento terá nos episódios posteriores). O relacionamento entre ambos, infelizmente, se apóia em alguns planos clichês imperdoáveis, com direito a cenas em que ambos rolam na grama de um local altamente paradisíaco e, é claro, ao primeiro beijo trocado entre ambos (também em um local de vista paradisíaca) com direito a um artificial pós-arrependimento por parte da jovem senadora que diz: “___ Não, não está certo fazermos isso!”. Ainda assim, tal envolvimento amoroso é de suma importância para a hexalogia inteira (e, provavelmente, é um dos pontos mais importantes que foram abordados por esta nova trilogia).

Outro fato importantíssimo ocorrido neste “Ataque dos Clones” e que, posteriormente, irá colaborar, e muito, para a transformação de Anakin Skywalker no temível personagem que o destina, é o falecimento de uma determinada pessoa muito querida por ele (cujo nome, obviamente, não irei revelar). Contudo, da mesma forma que o romance entre Anakin e Padmé alterna entre altos e baixos, a seqüência da morte de tal pessoa segue o mesmo caminho. Abusando de um clássico clichê hollywoodiano, Lucas dirige a cena com uma dose de pieguice, com direito a presenciarmos a pessoa morrendo nos braços de Anakin, dizendo: “Eu te amo!”. Por outro lado, o modo como o roteiro trabalha a influência que tal baque causa ao personagem é sensacional e sentimos na pele todo o ódio despertado dentro deste. Infelizmente tal seqüência se encerra com uma falha que poderia, e deveria, ter sido facilmente evitada por Lucas: o excesso na atuação de Christensen. A fim de demonstrar toda a sua ira, o jovem ator exagerou nas expressões de cólera e na tentativa de se revelar um bad ass, tornando a seqüência toda um tanto o quanto exagerada. O roteiro também não colabora muito com o desfecho da cena e cria diálogos patéticos do tipo: “___ Matei a todos eles. Não só aos homens, como também mulheres e crianças!”.

A estória, por sua vez, é ótima e é justamente ela que se revela o grande diferencial desta obra. Ao contrário do primeiro longa que não se preocupou em criar uma estória complexa e profunda (já que nem precisava disto, uma vez que a intenção do filme, conforme citei em minha crítica, era introduzir o espectador no universo “Star Wars” e isto ele se revelou capaz de fazer), este “Ataque dos Clones” conta com uma trama bem complexa e, por que não dizer, misteriosa. Logo no intróito da película somos lançados em um atentado completamente inesperado à Senadora Amidala, a fim de impedir com que esta vote na formação de um exército que irá impedir com que grupos rebeldes separatistas iniciem uma guerra civil intergaláctica. A partir daí, Obi-Wan Kenobi é designado para descobrir quem está por trás de tal tentativa de assassinato e Anakin Skywalker recebe a missão de proteger Padmé Amidala.

A sorte do roteiro, no entanto, é que a sua estória se revela suficientemente interessante para prender o público alvo e ele a desenvolve muito bem, pois se fossemos depender das cenas de ação para tal (conforme ocorreu no episódio anterior), o filme certamente teria encontrado sérios problemas em cativar o espectador. Não que as seqüências de aventura não sejam boas, muito pelo contrário, são ótimas e diria que superam facilmente todas as cenas de ação do longa anterior, mas o problema é que neste segundo episódio elas são muito más distribuídas, diferentemente de “A Ameaça Fantasma”.

Certamente cenas como a perseguição de carros ocorrida logo no início do longa, a perseguição espacial ocorrida entre Jango Fett e Obi-Wan Kenobi, as lutas na arena, o ataque que o exército de clones (cena esta que intitula o filme) realiza contra os rebeldes separatistas e, é claro, as lutas com sabres de luz (estas, inclusive, contam com uma sensacional, embora curta e, até mesmo, decepcionante, participação inesperada e inusitada de um personagem altamente surpreendente que manterei no anonimato por razões óbvias) empolgam, e muito, o espectador.

O grande problema, no entanto, é o fato de elas estarem concentradas mais no primeiro e terceiro atos do filme, tornando o segundo ato um tanto o quanto cansativo durante alguns minutos de projeção. A trama, conforme já havia mencionado, é interessante o bastante para prender o espectador, mas até mesmo ela acaba não evoluindo o bastante sem as seqüências de ação que deveriam conter no segundo ato.

Uma vez comentadas as seqüências de ação do longa, vale ressaltar também a direção de George Lucas durante estas. Não apenas o modo como o diretor conduz o seu elenco, como também a maneira que ele conduz as cenas de aventura, tiveram uma visível e agradável melhora. Se antes Lucas havia se revelado um patético diretor, aqui ele se mostrou muito mais competente ao conduzir o filme e, apesar de não realizar movimentações com a câmera acima da média, se revelou capaz de criar ângulos muito interessantes, principalmente durante o ataque dos clones, onde ele cria fantásticas tomadas aéreas, posicionando as câmeras dentro das espaçonaves, colaborando assim para um considerável aumento no clima de tensão de tais seqüências.

A parte técnica do longa também conta muitos pontos para a sua avaliação final. Os efeitos visuais, desta vez, se mostram ainda mais superiores que os do longa anterior e tornam todas as seqüências de ação ainda mais eletrizantes do que elas já seriam por si só. A direção de arte, no entanto, não se mostra capaz de criar cenários tão magníficos quanto os do longa anterior e não conta com a mesma criatividade demonstrada anteriormente, mas ainda assim nos apresenta a lugares fantásticos como o chuvoso Planeta Kamino (em especial o interior dos palacetes deste. Note como é impossível não se encher os olhos face ao excelente emprego do branco futurista como decoração interna), a arena e a fábrica de robôs do planeta Geonosis, além, é claro, de Coruscant e Naboo, que aqui contam com alguns lugares fantásticos que ainda não haviam sido explorados pelo longa anterior.

Outra agradável surpresa inserida neste filme é a fantástica atuação de Christopher Lee. Empregando um tom de voz simplesmente fabuloso, o ator faz de seu Conde Dookan um dos personagens mais marcantes desta nova trilogia. Sua atuação, como sempre, é consistente e convincente e a cada momento em que o ator aparece em cena o filme evolui consideravelmente.

Por fim, gostaria de comentar uma cena em especial do filme que foi capaz de me arrepiar inteiro, e provavelmente arrepiou, ou irá arrepiar (caso a pessoa ainda não tenha assistido ao longa) a todos os starwarsmaníacos. Refiro-me à cena onde vemos todos os principais membros do lado escuro da Força reunidos em um camarote, avistando de cima, a marcha de um gigantesco grupo de clones. O grande marco desta cena, certamente, reside nos primeiros acordes tocados da fantástica Marcha Imperial, tema composto pelo genial John Willians (que não bastasse ter composto a fantástica trilha-sonora da hexalogia “Star Wars”, compôs também a inesquecível trilha-sonora da ótima trilogia “Indiana Jones”). Cronologicamente falando, é a primeira vez que escutamos a música sendo tocada e, só isso, já basta para encher os olhos de qualquer fanzóide da série (isto inclui este que vos escreve) de lágrimas.

Optando sabiamente por corrigir os erros que havia cometido em “A Ameaça Fantasma”, George Lucas se redime aqui e extrai de seu elenco ótimas atuações (salvo Hayden Christensen que falha algumas vezes, mas nada que comprometa o seu ótimo desempenho geral), além de conduzir muito bem as seqüências de ação do longa, criando ângulos muito bons para isso. A estória é bastante interessante e o roteiro a desenvolve muito bem, tal como os seus respectivos protagonistas, mas, infelizmente, o longa inicia o romance entre Anakin Skywalker e Padmé Amidala de maneira deveras artificial, fazendo com que aja pouca química entre ambos e o relacionamento destes só nos cative por levarmos em conta a importância que o mesmo terá à hexalogia inteira. As seqüências de ação são todas excelentes, mas acabam sendo má distribuídas durante o filme, que só não deixa o espectador entediado em virtude à maneira inteligente como o roteiro trabalha a sua estória principal.

Avaliação Final: 8,3 na escala de 10,0.