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Archive for the ‘Glenn Berger’ Category

Monstros vs. Alienígenas – *** de *****

Fui ao Shopping Center local apenas para dar uma outra passadinha pelas Lojas Americanas (estou virando garoto-propaganda da empresa) e comprar mais dois DVDs baratíssimos (os filmes da vez foram os excelentes “A Lista de Schindler” e “Spartacus”, por apenas R$ 12,90 o primeiro e R$ 16,90 o segundo), mas não resisti à tentação e passei pelo cinema. Desta vez havia poucos pirralhos na fila, decidi então arriscar e entrar na sessão de “Monstros vs. Alienígenas”. O resultado? Gostei muito. Assisti uma vez a versão 3D (e não irei comentar os recursos de tal tecnologia em meu texto pelos mesmíssimos motivos descritos na pré-crítca de “Bolt – Supercão”) e, logo em seguida, percebi que seria exibida a versão original, com áudio em inglês. Aproveitei a oportunidade e assisti ao filme pela segunda vez (sorte que escrevo para um jornal filiado à rede de cinema de minha cidade, o que me isenta de pagar ingresso, pois, do contrário, seriam R$ 12,00 a menos em meu mais do que apertado orçamento). Constatei que tanto em sua versão original quanto na dublada em português (isso, é claro, se tiver a tal da tecnologia 3D nos cinemas de sua cidade, pois a dublagem em si não é das melhores), a nova animação da DreamWorks revela-se bacana, como veremos mais abaixo.

Ficha Técnica:
Título Original: Monsters Vs. Aliens.
Gênero: Animação.
Tempo de Duração: 94 minutos.
Ano de Lançamento: 2009.
Site Oficial: http://www.monstrosvsalienigenas.com.br/
Nacionalidade: Estados Unidos da América.
Direção: Rob Letterman e Conrad Vernon.
Roteiro: Maya Forbes, Wallace Wolodarsky, Rob Letterman, Jonathan Aibel e Glenn Berger, baseado em estória de Conrad Vernon e Rob Letterman.
Elenco: Reese Whiterspoon (Susan Murphy / Ginórmica), Seth Rogen (B.O.B.), Hugh Laurie (Dr. Barata), Will Arnett (Elo Perdido), Kiefer Sutherland (General W.R. Monger), Rainn Wilson (Gallaxhar), Stephen Colbert (Presidente Hathaway), Paul Rudd (Derek Dietl), Julie White (Wendy Murphy), Jeffrey Tambor (Carl Murphy), Amy Poehler (Computador), Renée Zellweger (Katie), Josh Krasinski (Cuthbert), Sean Bishop (Recruta Bulhorn / Piloto do helicóptero / Conselheiro Ortega), Bo Dietl (Comandante / Conselheiro Smith) e Ed Helms (Repórter da TV).

Sinopse: Susan (Reese Whiterspoon) é atingida por um meteoro no dia de seu casamento e ganha superpoderes. A garota é então capturada e levada a uma área secreta onde monstros bizarros, a maioria vítima de experimentos científicos malsucedidos, vivem em uma espécie de colônia. É quando é anunciada uma invasão alienígena que pretende escravizar o planeta Terra que Susan e seus novos amigos juntam forças para proteger o mundo.

Monsters vs. Aliens – Trailer:

Crítica:

Eis um filme que me surpreendeu. Fui ao cinema conferir “Monstros vs. Alienígenas” com a impressão de que este seria um típico exemplar “dreamworkiano” (sim, sei muito bem que tal palavra não existe e a escrevi erroneamente de propósito, antes que algum outro infeliz passe por aqui criticando isso, conforme ocorreu na análise de “Um Ato de Liberdade”. A propósito, este texto inteiro irá conter inúmeras palavras inexistentes, sendo que todas elas estarão entre aspas duplas), ou seja, uma animação graficamente perfeita, mas com excesso de gritaria por parte dos personagens, que só conseguem anunciar a sua presença na trama através dos berros proferidos da forma mais alarmante o possível, já que não contam com um pingo de carisma sequer (lembrei-me do superestimado “Kung Fu Panda”). Entretanto, a impressão que tive após a sessão (ou melhor, as sessões, uma vez que assisti ao filme duas vezes, uma na versão original (ou seja, com o som em inglês) e outra na versão dublada, com os recursos 3D ativados) foi a de que havia visto algo bem diferente do que esperava, tanto no que se refere à parte gráfica da obra, quanto no que se refere à trama desta.

Graficamente falando, o filme fica aquém das demais animações da Dreamworks. Se em “Kung Fu Panda” víamos, com uma perfeição incrível diga-se, o reflexo de Po em um pedaço de metal, em “Monstros vs. Alienígenas” as faces de seus personagens humanos parecem um tanto o quanto “emborrachadas”. O piscar de olhos da protagonista Susan (Reese Whiterspoon, emprestando uma voz bem conveniente à sua personagem), por exemplo, soa muito artificial, diferentemente da Penny (Miley Cirus) do ótimo “Bolt – Supercão”, do estúdio concorrente: a Walt Disney Pictures. Mas tal falta de naturalidade só reside mesmo nos rostos de seus personagens humanos, pois, de resto, é tudo muito bem feito. Vide a cena onde a câmera foca a protagonista pintando uma unha de sua mão direita. A impressão que temos é de que a mão é verdadeira, bem como a unha, o esmalte, e tudo mais. Tudo muito realista, de fato.

E a trama? Bastante interessante e divertida, apesar de partir de uma sinopse extremamente absurda e completamente condicionada a uma sequência bem grande de coincidências. Por que o tal meteoro tinha que cair justamente em cima de Susan e bem no dia de seu tão sonhado casamento? Ah sim, devemos levar em conta que tal ocorrido, e em tal ocasião, viria a trazer uma lição bastante proveitosa à vida da personagem. Mas aí eu pergunto, tal lição não poderia ter sido transmitida pelo roteiro de um modo que explorasse menos certas coincidências e desenvolvesse a trama de um modo mais, digamos, natural? Receio que sim.

Contudo, o filme conta com uma qualidade que a grande maioria das animações realizadas pela DreamWorks não contam: personagens simpáticos e verdadeiramente divertidos. Longe de serem iguais aos animais insuportavelmente azucrinantes e irritantes do fraquíssimo “Madagascar” (exceto os pingüins, que eram umas “figuraças”), os personagens de “Monstros vs. Alienígenas” são divertidos na medida certa e sem passar dos limites, sobretudo o hilário, nonsense e simpaticamente imbecil B.O.B. (que ganha ainda mais força graças à cômica voz de Seth Rogen) e o genial e “abilolado” Dr. Barata (e a risada que Hugh Laurie usa para compô-lo é, desde já, clássica). Talvez o vilão Gallaxhar seja a única ressalva que possa ser feita no que se refere às figuras que constituem o hall de personagens da animação, já que ele é caricato demais, mas não há como deixar de reparar que o mesmo é ligeiramente divertido, principalmente pelos seus trejeitos levemente desengonçados.

“Monstros vs. Alienígenas”, enfim, seria uma produção que funcionaria bem melhor caso o seu roteiro fosse dotado de uma ação mais tensa e de uma comédia mais ousada (e nem sempre sátiras de filmes famosos são o suficiente para fazer o espectador rir, “Super-Heróis – A Liga da Injustiça” que o diga), mas a simpatia e a diversão transmitidas através de seus personagens unidas à trama absurda, mas engraçadinha (o que não quer dizer que seja tão cômica o quanto deveria) fazem com que a mais nova produção da DreamWorks Animation mereça que você dê uma “esticada” ao cinema mais próximo de sua residência.

Avaliação Final: 7,0 na escala de 10,0.

Kung Fu Panda – ** de *****

novembro 27, 2008 Deixe um comentário
Ironicamente, na pré-crítica do fantástico “Wall-E”, havia comentado o quão enfadonha se tornaram as animações atuais em virtude à falta de criatividade que compunha os seus roteiros. Ao invés de uma estória bem desenvolvida vinda a partir de um argumento bem escrito, os produtores pareciam dar mais crédito à parte gráfica da obra, que sim, se mostrava perfeita em sua maioria. Agora, assistindo a este “Kung Fu Panda”, pude testemunhar mais uma vez a mesmíssima coisa: roteiro fraco, qualidade gráfica perfeita, conforme o leitor poderá constatar mais abaixo.

Ficha Técnica:
Título Original: Kung Fu Panda.
Gênero: Animação.
Tempo de Duração: 92 minutos.
Ano de Lançamento (EUA): 2008.
Estúdio: DreamWorks Animation / Pacific Data Images.
Distribuição: DreamWorks Animation / Paramount Pictures / UIP.
Direção: Mark Osborne e John Stevenson.
Roteiro: Jonathan Aibel e Glenn Berger, baseado em estória de Ethan Reiff e Cyrus Voris.
Produção: Melissa Cobb.
Música: John Powell e Hans Zimmer.
Fotografia: Yong Duk Jhun.
Desenho de Produção: Raymond Zibach.
Direção de Arte: Tang Kheng Heng.
Edição: Clare Du Chenu.
Efeitos Especiais: PDI DreamWorks.
Elenco (Vozes): Jack Black (Po), Dustin Hoffman (Shifu), Angelina Jolie (Tigresa), Ian McShane (Tai Lung), Jackie Chan (Macaco), Seth Rogen (Louva-deus), Lucy Liu (Víbora), David Cross (Garça), Randall Duk Kim (Oogway), James Hong (Sr. Ping), Dan Fogler (Zeng), Michael Clarke Duncan (Comandante Vachir), Wayne Knight (Chefe da gangue), JR Reed (JR Shaw) e Kyle Grass (KG Shaw).

Sinopse: Po (Jack Black) é um urso panda desengonçado cujo maior sonho é tornar-se um grande lutador de kung fu. Entretanto, além da falta de habilidade que possui para a prática de qualquer atividade física, o urso não deseja magoar o pai, que decidiu lhe atribuir o destino de administrar o restaurante de massas, que pertence à sua família há gerações. Porém, Po não contava que havia algo além do futuro que o seu pai havia destinado a ele e, inesperadamente, é eleito “O Guerreiro do Dragão” por um grande mestre do kung fu. Agora, cabe somente a ele defender o Vale da Paz da cólera do vingativo leopardo da neve Tai Lung (Ian McShane).

Kung Fu Panda – Trailer:

Crítica:

“Kung Fu Panda” é um longa que começa muito bem. A princípio, adentramos o sonho do protagonista, logo em seguida nos é revelado que o maior desejo deste é ser um grande lutador de kung fu. É durante tal sonho que o roteiro insere aquela que talvez seja a piada mais interessante do longa. Trata-se da seqüência em que, após ser provocado, o protagonista se mantém inerte, saciando a sua refeição com toda a naturalidade do mundo. O leitor me pergunta: “___ Oras, mas onde está a graça nisso?”, “___ Nos dizeres sarcásticos da narrativa em off.” ___ Respondo eu (não vou citar os dizeres do narrador sob pena de estragar a piada, caso alguma pessoa que esteja lendo esta crítica no momento ainda não tenha tido a dúbia oportunidade de conferir o filme em questão). Infelizmente tal narrativa some. Pois é, logo ela que aparentava ser uma das grandes qualidades do filme, simplesmente desaparece e, com isso, dá espaço a uma animação nada engraçada, muito menos original.

Não que o longa não consiga propiciar ao leitor alguns sorrisos (todos sem dentes, diga-se) fora este que comentei no parágrafo acima (uma outra cena que me divertiu bastante foi a em que o pai do Panda nos é apresentado. Reparem na hilária bizarrice que é constatar que o pai de um urso panda é uma… bem, melhor deixar para lá, não quero estragar surpresas, e falo sério), mas a verdade é que ele se mostra pouco capaz de ir além disso.

O filme vai se desenvolvendo (será?) e as piadinhas e gags que se mostravam originalmente engraçadas e dinâmicas em seu intróito, dão espaço a um humor previsível, nada original e, o que é pior, sem graça. Todo o humor do filme passa a ser alicerçado nas condições físicas de Po (protagonista do filme), que é obeso. Logo, o filme torna-se altamente previsível, pois sabemos exatamente que, apenas para citar um exemplo, ao tentar se exercitar em um aparelho de ginástica deveras pequeno comparado ao tamanho de Po, o panda certamente ficará entalado no mesmo. E o que dizer então das seqüências patéticas onde ele tenta adentrar o Palácio de Jade, local onde irá ocorrer a eleição do Guerreiro do Dragão? Lastimável, um humor repleto de gags batidas e nada engraçadas.

Não bastasse isso, o roteiro ainda conta com mudanças de caráter artificiais em quase todos os seus personagens, sobretudo Shifu (explorado sob a estereotipada imagem do “professor” severo e frustrado). Se durante metade do filme Shifu move montanhas a fim de tirar Po de seu caminho, basta a saída brusca, repentina e artificial de um importante personagem da estória e algumas poucas palavras para fazer o rigoroso mestre mudar completamente a sua opinião sobre o panda desajeitado.

E se as piadas, as reviravoltas do roteiro e as bruscas mudanças de caráter de certos personagens se mostram altamente artificiais, a caracterização de Po não fica muito atrás. Além de seguir o estereotipo do sujeito desajeitado e frustrado por não conseguir realizar o grande sonho de sua vida (ser um grande lutador de kung fu), o panda é uma criatura exacerbadamente irritante (e a voz insuportável que Jack Black empregou para o compor, torna-o ainda mais irritante). É incrível notarmos como o mesmo grita a todo instante, muito me fez lembrar dos protagonistas do fraco “Madagascar” (falando nisso, será que algumas animações da Dreamworks relacionam o grau de entretenimento de seus filmes com o grau de histeria de seus personagens?).

Mas nem tudo em “Kung Fu Panda” são espinhos. Não, muito pelo contrário, o filme conta com diversas e importantes qualidades. Além da parte gráfica ser praticamente perfeita (nada que se compare a um “Wall-E”, mas tudo bem), a direção de Mark Osborne e John Stevenson é ótima, principalmente no que diz respeito à movimentação de câmeras. É, no mínimo, fascinante vermos o cuidado que ambos os diretores possuem com a criação de ângulos perfeitos e à maneira como ambos filmam as seqüências de ação, dando muito ritmo às mesmas.

Até mesmo o roteiro, que julgo como sendo o pior defeito do filme, possui qualidades que colaboram muito para a avaliação final da animação. Refiro-me às sub-estórias contidas no mesmo, sobretudo, as que explicam as pequenas lendas deste, algo que dá muito mais credibilidade à estória.

No geral, “Kung Fu Panda” é um filme nada original, sem graça, irritante, artificial, previsível, histérico e que conta com uma lição de moral explorada pelo roteiro da maneira mais clichê o possível. Aspectos como a direção, a alta qualidade de sua parte gráfica, as pequenas estórias muito bem desenvolvidas pelo roteiro, as cenas de luta e as pouquíssimas gags e/ou piadas que realmente funcionam fazem com que o filme ganhe muita credibilidade, mas não há como negar que este conta com muito mais erros do que acertos.

Avaliação Final: 4,5 na escala de 10,0.